Paris - Coitado do João Lourenço, não sei como vai livrar-se de todos os canalhas que o seu partido criou! Ainda por cima, o MPLA, este partido que estabeleceu no nosso país a cultura de nivelar por baixo, sem moderação, criou um enxame de bandidos sem classe nem estilo, da pior espécie que existe. Se fossem pelo menos pitorescos, como Frank Lucas ou Pablo Escobar, o filme já seria mais suportável de assistir!

Fonte: Club-k.net

Mas os bandidos do MPLA, que perambulam descaradamente por todos os lados, incluindo Paris, Londres e Nova Iorque, com títulos de doutores e escritores que ninguém lê, não têm nenhum sentido do romanesco, não têm nada que exceda a sua grosseira baixeza. Pelo menos Frank Lucas foi inteligente o suficiente para usar os caixões que carregavam os cadáveres de soldados americanos que morriam no Vietname para levar "Blue Magic", a sua droga, do Triângulo Dourado para a América. E o Escobar administrou habilmente o cartel de Medellín e construiu hospitais e escolas para colombianos com o dinheiro das drogas. Vamos concordar que é mais estiloso contar para um cineasta em busca de boas histórias que pintem vícios humanos, certo? Mas, para nós, o MPLA criou o quê? Lussati! Quem? Pedro Lussati, uma espécie de coisa vazia, incolor e sem alma, um espantalho sinistro como a maioria dos bandidos que o banditismo de baixo escalão do MPLA criou! Aí ele, o MPLA, dá-nos para ver mais um personagem triste e de mau gosto dos seus conhecidos filmes maus! Uma gague. Na verdade, arte e elegância são um luxo que não é acessível a todos! E que pena para a imagem de Angola no mundo!


Vamos falar do Doc Brrown, seu nome artístico, um rapper e campeão de battles francês, nascido em Luanda em 3 de novembro de 1985 e chegado à França com a sua mãe em 18 de setembro de 1986, onde ela o abandonou no mesmo ano. Ele tinha apenas 10 meses. É uma história comovente que merece ser contada. O Doc Brrown quer dar sentido à sua vida, indo buscar os pedacinhos da sua história que lhe escapam, esses pedacinhos tão necessários que nos fazem falta para dar mais sentido à nossa vinda à Terra. O seu nome de nascimento é José Manuel de Pinto. Antes de desaparecer, a sua mãe assinou os autos da sua adopção e conheceu os seus pais adoptivos com quem ainda vive em Rennes, na região da Bretanha, em França. O único vestígio que ela deixou é esta carta abaixo, em francês e que eu traduzi, que ela tinha enviado ao OFPRA (Organismo Francês de Proteção aos Refugiados e Apátridas) na qual ela explica os motivos do seu pedido de asilo político. Mas, como angolano que conhece o país e a nossa história, acho que há incoerências no relato, mas enfim, não interessa, vamos ler:

“No final de 1983, tornei-me companheira de Pedro Domingos. O Pedro ganhava a vida com negócios, mas acima de tudo era responsável por um grupo de oração e solidariedade na sua igreja católica. Desde então, também participava dessas reuniões de oração. Em outubro de 1984, durante um ataque da UNITA, o meu pai e a minha mãe foram mortos numa barragem perto de Viana, cerca de 20 km a leste de Luanda. Em 1985-1986, a nossa igreja começou a ter graves problemas. Éramos a favor da UNITA, mas não dizíamos nada. No entanto, os vizinhos denunciaram-nos à polícia do MPLA, acusaram-nos de fazer magia. Assim, a atenção da polícia do MPLA foi atraída para as nossas reuniões e o nosso grupo.


Na quarta-feira, 5 de fevereiro de 1985, houve uma reunião de oração não na igreja que fica na Baixa de Luanda, mas na casa de um crente no bairro da Mabor. Os soldados vieram, ameaçaram-nos e proibiram-nos de continuar as reuniões. Mas, porque somos crentes, continuamos. Na sexta-feira, 18 de abril de 1986, houve uma cerimónia na Mabor, mas fiquei em casa com o meu bebé. Soldados do MPLA vieram e prenderam todos os que assistiram à cerimónia. O meu companheiro, Pedro Domingos, foi, portanto, preso. Depois de uma semana, a polícia libertou a maioria das pessoas, com excepção dos principais responsáveis, incluindo o Pedro, que estava na prisão da Estrada de Catete, em frente ao cemitério. Fui vê-lo, mas não pude falar com ele. Na segunda-feira, 16 de junho de 1986, ele foi julgado com os outros. Como eles não queriam confessar, ele foi condenado à morte. Mas ele ainda não foi morto, ele ainda está na prisão, onde é frequentemente interrogado e espancado. Porque os nossos líderes religiosos não queriam confessar, a polícia do MPLA decidiu procurar as suas famílias para que as esposas confessassem. Assim, a esposa de um outro responsável foi presa junto com toda a família. Eu mesma estava a ser procurada. No sábado, 30 de agosto de 1986, fui visitar alguém na Vila Alice, outro bairro da cidade. Às 8 horas da noite, a polícia veio a minha casa, arrombou a porta e saqueou completamente a minha casa. Um vizinho avisou-me. Então me escondi e procurei uma maneira de fugir do país com o meu filhinho, o filho do Pedro.


Depois de quatro dias, acabei conhecendo um chefe-mecânico de um barco de pesca, um europeu que falava português. Ele concordou em esconder-nos no seu barco, mas abusou de mim durante toda a viagem. O barco partiu de Luanda em 4 de setembro de 1986. Após quatorze dias, desembarquei em Marselha em 18 de setembro de 1986 e pedi boleia até Paris para pedir asilo político. Falo um pouco de francês porque vivi de 1967 a 1979 em Kinshasa com a minha tia e foi lá que estudei ”.


Publico este texto em solidariedade a este compatriota que deseja encontrar a sua mãe biológica. Porque a nossa guerra civil também provocou situações como esta e aqueles que passaram pelo asilo político tiveram que enfrentar situações dolorosas que exigem indulgência e compreensão. Assim, solicita-se o apoio de qualquer pessoa com informação útil para encontrar a pista ou o paradeiro da D. Ana Maria, nascida a 24 de Maio de 1962 em Luanda, para lhe dizer que o seu filho, agora com 36 anos, aguarda impaciente para lhe dar aquele grande abraço que só um filho sabe dar. Aqui está o seu email:

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Ricardo Vita é Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Público (Portugal), cofundador do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.