Luanda -  Como sabeis, os meus textos são sempre publicados em função dos resultados finais das minhas investigações. Infelizmente a investigação ligada a polícia, não será a mesma coisa. (o trabalho é vasto e a investigação continua, uma vez que as fontes oficiais estão mais fechadas do que outras). Tenho acompanhado desde 2007, vários casos de mortes “assassinatos” de pacatos cidadãos em que a Polícia de Angola especialmente à de Luanda é apontada como a autora dos fuzilamentos.

 

Fonte: mukuta.bloguepessoal.com/


A justiça e o direito a vida consagrados na Constituição de 21 de Janeiro de 2010, assim como nas outras normas adoptadas pela República de Angola, comoveram-me em depois de identificado o problema e feita a recolha das informações, fazer a sua interpretação e análise síntese em comemoração aos 34 anos da polícia nacional. De onde, constatamos que em Angola matam institucionalmente cidadãos mesmo com a abolição da pena de morte. Sei que, tal como eu, muitos investigadores também procuram apurar as verdadeiras causas e os orientadores das mortes dos jovens angolanos.

 

Dentre as acusações de familiares, amigos e vizinhos feitas em rádios, associações e jornais constam as que vamos aqui citar, o que sabemos todos é que até ao momento nenhum dos casos foi transitado em julgado. Enquanto isso esperamos o final do caso frescura. Quando sabermos afinal quem matou, procuraremos, quem mandou.

 

1. Foi feita denúncia ao público da "zungueira", baleada mortalmente pela polícia no mercado das Pedrinhas nos Congolenses.


2. No São Paulo junto ao actual BFA ai onde está a esquadra móvel um jovem "zungueiro", também foi morto.


3.  A Polícia Económica, igualmente em Luanda, teria morto dois vendedores de discos no interior do mercado "Roque Santeiro" com disparos à queima-roupa.


4. Dois actores amadores angolanos foram mortos ao serem supostamente confundidos como criminosos durante a gravação de um filme no município do Sambizanga.


5. Quando em menos de quarenta e cinco dias, também a queima-roupa matam oito jovens na Mulemba, a famosa frescura, que hoje está no Tribunal Provincial Dona Ana Joaquina em vida os jovens mortos pelas 19horas chamavam-se: “Escórcio da Silva, Eretson Francisco, Paulo Caricoco Neto, Fernando Cristóvão Manuel, Elias Borges Pedro, João André Van-Dúnem, André Luís Marques e Aguinaldo Azevedo Simões”. Um jovem da segurança privada proprietario de um ginásio foi baleado no Cazenga dentro do seu quintal. Cinco jovens mecânicos também no Cazenga, foram raptados de uma oficina para serem encontrados na casa mortuária sem explicações.


6. O Pai da pequena Luquenia, foi espancado até a morte numa das celas do Comando da Divisão de polícia do município do Cazenga.


7. Um jovem ajudante mecânico foi baleado junto ao papá Kitoco ao município do Cazenga.


8. Um bebé de poucos meses morreu na quarta-feira, 24, no Bairro de S. Paulo, município do Sambizanga, após ter sido atingido com um porrete, arremessado por um inspector, de três estrelas, da Polícia Nacional.

 
Não estou a falar das rixas entre os grupos de criminosos como a polícia muitas vezes deixa a entender. Os casos já citados foram muitos deles assumidos a autoria pelos superiores hierárquicos da corporação.

 

Por exemplo o comissário Quim Ribeiro apresentou a imprensa os supostos autores que atingiram mortalmente os oito jovens. Divaldo Martins na altura porta-voz do CPL, reconheceu a imprensa a morte da “zungueira” baleada no mercado das pedrinhas.
Vá ao Cazenga e pergunta pelo Do Gato, no Curtume pelo Dom Cuba, Sambizanga pelo Puto Amizade, nos Kwanzas pelo Tchiririca, no Embondeiro pelo Bebe Polícia, nas Comissões pelo Aba Dja e Da Golungo – por quê tanto trabalho, pergunta a um, da “Staff da DNIC”como são chamados segundo os populares no local. Quem foi o Tri-Bobô, Nakata, Vado Aoba – para esses a pena de morte é imediata. Sem julgamento, nem direito ou justiça. Na verdade, procuramos saber dos vizinhos, parentes e amigos quem matou e por quê mataram? A resposta unanimemente era de que esses como vém os nomes foram alta mente perigosos. E que era normal para esses a pena de morte. Dando mesmo exemplo do famoso Tri-Bobô que tirou o serene da patrulha da polícia com dois tiros de arma Aka-M por terem levado a sua moto rápida.


Angola E A Nossa Pena De Morte – Além da Malaria, Diabete, Hepatite, Febre tifóide, Tuberculose e Marburg - A polícia Nacional é que mais tira a vida da juventude angolana. Por isso, não desejo boas festas.


Conclusão


Se a “zungueira” que está a procura de sobrevivência a polícia mata, o Kupapata a polícia mata, o cineasta a polícia mata, como o marginal vai deixar de roubar para poder viver de vendas? Se a polícia mata. Mesmo eu, se me derem o direito a vida e me retirarem a justiça prefiro morrer.


O combate as causas para os deliquentes são as vias adequadas. Para zungueiros, Kupapatas e Ciniastas devem parar com medidas duras aos infractores. Basta! A pena de morte.