Luanda - Além de passar a ser online, o novo instrumento retira a gratuitidade do processo de licenciamento de empresas. Em entrevista à FORBES, o director nacional de Publicidade fala dos desafios do sector.

Fonte: Forbes

O mercado publicitário em Angola está entre o mais afectados pela pandemia da Covid-19. Em entrevista à FORBES, o director nacional de Publicidade do Ministério das tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), José Matuta Cuato, afirma que a crise pandémica que o país enfrenta afectou a tesouraria das empresas, “que foram obrigadas a cortar as despesas com a publicidade”.

O responsável defende, por isso, que o mercado publicitário angolano deve adaptar-se, de forma rápida, aos novos desafios para que as empresas do sector possam ser capazes de dar respostas às questões que satisfaçam as suas necessidades.

“A publicidade tem, portanto, que se adaptar de forma rápida e eficaz à alteração profunda de paradigma que à pandemia provocou. As agências de publicidade e os seus quadros têm a responsabilidade de continuar a fazer e a dar o melhor”, diz.

Com cerca de 350 agências de publicidade registadas no país, o mercado publicitário nacional contará, em breve, com um novo sistema de licenciamento online de empresas de Marketing e Publicidade. Com o novo instrumento, avança José Matuta Cuato, o registo de players para o sector deixará de ser gratuito, como acontece até ao momento.

“Estamos a concluir o diploma que aprova o montante de emolumentos devidos pela emissão ou renovação de certificados de registos, conforme o número 4, do artigo 5.º, da Lei Geral de Publicidade”, explica. A FORBES tentou, mas sem sucesso, saber com quanto o mercado publicitário terá contribuído para os cofres do Estado, em 2020.

O responsável limitou-se a referir que a Direcção Nacional de Publicidade (DNP), enquanto órgão regulador, não se ocupa apenas em oprimir o mercado com regulamentação e acções de penalizações, mas procura, também, levar acabo um conjunto de acções que promovam o desenvolvimento do mercado, em articulação com os operadores.

“Hoje, estamos a dialogar mais, a estabelecer mais pontes com todos os players deste sector, para que tenhamos um mercado animador e que agregue valor à economia nacional”, garante.

 

“O mercado publicitário não é apenas um espaço de realização de negócios”

A pandemia trouxe mudanças sociais. Por isso, o director nacional de Publicidade diz que o maior desafio do sector continua a ser o da adaptação ao dia-a-dia de um mundo em transformação e exorta os profissionais do sector a se adaptarem ao novo normal.

 

Qual tem sido o papel da Direcção Nacional de Publicidade face ao cenário que nos apresentou?

Nós entendemos que o mercado publicitário não é apenas um espaço de realização de negócios, de promoção e divulgação de bens recorrendo às técnicas mais modernas, mas também deve ser de construção e estruturação do pensamento social, e, por conseguinte, de formação da consciência ética dos membros da sociedade.

 

Considera que a Lei de Publicidade vigente se enquadra no actual contexto do mercado e no plano que a DNP tem para o sector?

A actual Lei Geral de Publicidade, tem quatro anos, feitos no passado mês de Março. Ela não é má. Repara que, ao longo destes quatro anos, a lei nunca foi regulamentada, um processo que concluímos há pouco tempo, e que permitirá a saída, nos próximos dias, de um conjunto de normativos.

 

Que temas constantes no plano de acção do órgão que dirige considera prioritários?

A DNP tem um plano de acção alicerçado na estratégia do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, que estabelece um conjunto de acções e projectos cuja execução concorrem para a regulação, promoção e desenvolvimento do mercado publicitário em todo território Nacional.

 

Quais são os desafios do mercado publicitário em Angola?

O maior desafio continua a ser o da adaptação ao dia-a-dia de um mundo em transformação. A pandemia trouxe mudanças sociais e os profissionais do sector têm, portanto, que se adaptar de forma rápida e eficaz à alteração profunda de paradigma que a Covid-19 provocou. O país precisa crescer e, para isso, o consumo é uma variável importantíssima para este crescimento. Por isso, a mensagem publicitária é extremamente importante para estimular o consumo, através da consonância total de interesses entre anunciante e consumidor.

 

Como é que estamos em termos de equilíbrio entre players de publicidade nacionais e estrangeiros?

O mercado publicitário, desde as agências, produtoras e concessionárias, é dominado por empresas angolanas. Após assumirmos estas funções, em Junho do ano passado, encetamos um conjunto de contactos com várias empresas e Associações do sector, no sentido de colhermos as preocupações do mercado.

 

E quais foram as principais preocupações manifestadas?

A falta de quadros qualificados foi um dos constrangimentos apresentado pelas empresas. Foi assim que a DNP levou esta preocupação à direcção do Ministério, que prontamente atendeu-nos. Com o programa de reestruturação do Centro de Formação de Jornalistas, a direcção do Ministério orientou a introdução de cursos de formação profissional que possam atender as necessidades do mercado publicitário. Por outro lado, vamos iniciar nos próximos dias, um conjunto de visitas as Universidades que formam profissionais para o mercado publicitário, para um trabalho em conjunto no sentido vermos como atender estas preocupações do mercado.

 

Que relação o MINTTICS tem com os concursos que têm sido realizados pelo país para premiar empresas e agências como as melhores do mercado publicitário?

O Ministério não tem interferência directa nestes concursos. Mas reconhecendo a importância e a contribuições dos mesmos para o desenvolvimento do mercado publicitário, o MINTTICS, tem estado a dar apoio institucional à estas iniciativas. Nós não regulamos os concursos. Incentivamos sim o surgimento destas iniciativas, desde que se pautem pelo rigor e ética. O próprio mercado irá se encarregar de excluir os oportunistas.