Luanda - Nas últimas semanas, em diversas províncias do nosso país, sobretudo em Luanda e em Benguela, a situação sanitária apresenta-se dramática, caracterizada pelos seguintes aspectos:

Fonte: UNITA

• Aumento exponencial do número de pacientes afectados principalmente pela malária;


• Enorme afluência de doentes ultrapassando a capacidade instalada nas unidades sanitárias, com longos tempos de espera para o atendimento dos pacientes e uma exiguidade de camas, levando a que sejam acomodados dois ou mais doentes na mesma cama, com doentes no chão, sendo preocupante também o caso dos pacientes pediátricos;


• Insuficiência de medicamentos essenciais e de material gastável nas diversas unidades sanitárias, particularmente nos Hospitais Municipais, sendo os pacientes obrigados a comprar medicamentos nas farmácias localizadas ao redor dos hospitais;


• Sobrecarga de trabalho para os médicos, os enfermeiros e outro pessoal da saúde, fazendo com que alguns médicos tenham de atender mais de 50 doentes num turno e alguns enfermeiros tenham de apoiar mais de 100 pacientes internados, numa altura em que muitos profissionais se encontram no desemprego;


• Elevada mortalidade em diversos hospitais, atingindo sobretudo crianças, geralmente afectadas por grave incidência de malnutrição.


Toda esta situação advém de factores sobejamente conhecidos por todos nós, angolanos, nomeadamente: o deficiente saneamento do meio que levou ao acumular de lixo em Luanda e noutras localidades; a persistência de charcos que permitem o desenvolvimento das larvas do mosquito; o deficiente abastecimento de medicamentos e de material gastável nas unidades sanitárias, particularmente nos Centros de Saúde e nos Hospitais Municipais, motivando o elevado afluxo de doentes aos Hospitais Secundários e Terciários, por impossibilidade de resposta dos hospitais de primeira linha; colocação deficiente do pessoal da saúde em várias unidades sanitárias; reduzido orçamento disponibilizado aos hospitais.


Perante esta grave situação sanitária em que o nosso país se encontra, a UNITA:


 reconhece enorme esforço que está a a ser desenvolvido pelos médicos, enfermeiros e outro pessoal da saúde, tendendo a reduzir os efeitos nefastos provocados por esta situação;


 recomenda às autoridades sanitárias ouvirem os conselhos dos profissionais de saúde representados em organizações como o Sindicato dos Médicos e a Ordem dos Enfermeiros que, preocupados com a situação vigente, há muito tornaram pública a sua preocupação, mostrando os principais estrangulamentos do sistema e propondo vias de solução aos problemas existentes;

 exige ao titular do poder executivo o reforço das condições de trabalho nos hospitais, incluindo o reforço de verbas aos serviços de saúde de modo a permitir que eles possam enfrentar com mais eficácia esta situação que está a pôr em risco a vida de demasiados cidadãos;

- face ao evidente colapso de todo o sistema de saúde do nosso país, apela ao esforço conjugado de todos no sentido de, urgentemente, exigir-se ao executivo a convocação de uma conferência nacional para a reforma profunda de todo o sistema de saúde do nosso país.

Luanda, 15 de Junho de 2021

O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Politica da UNITA