Lisboa - O estranho “ódio” que a nova Provedora de Justiça, Antónia Florbela de Jesus Rocha Araújo nutria contra o seu antecessor está a ser justificado como uma das razões que a levou a exonerar há poucos dias o Secretario – Geral da instituição por não ter cortado o salário de Ferreira Pinto assim que aquele pediu demissão do cargo.

Fonte: Club-k.net

AFASTOU SG POR TER PAGO SALÁRIO A FERREIRA PINTO 

Carlos Alberto Ferreira Pinto pediu demissão do cargo de Provedor de Justiça em Abril passado. No dia 20 de Maio, Florbela Araújo foi eleita como sua substituta escolhida pela bancada parlamentar do MPLA. Na manha de sexta-feira (2) do corrente mês, antes de lhe chegar a noticia do falecimento de Ferreira Pinto, a nova provedora foi protagonista de um acto pouco digno da sua estatura. Segundo apurou o Club-K, logo no inicio da jornada laboral, Florbela Araújo entrou aos gritos contra o Secretario – Geral da instituição, Amilcar Lutucuta questionado das razões de o demissionário Provedor de Justiça ter recebido salário do mês de Junho.

 

O Secretario – Geral, é o terceiro na hierarquia institucional encarregue das questões comuns da Provedoria de Justiça nos domínios da gestão do pessoal, orçamento, património e relações públicas. Amílcar Lutucuta explicou a nova Provedora de Justiça de que o assunto corria ao nível do Ministério das Finanças (MINFIN), uma vez que estavam a avaliar o mesmo destino remuneratório para Ferreira Pinto, se ficasse na folha da Assembleia Nacional, ou em que qualidade seria melhor reformado.

 

O Secretario – Geral explicou também que a retirada imediata do nome do então titular da folha de salário da Provedoria faria cair todos os integrantes do seu Gabinete, a maioria dos quais ficaria sem salário naquele mês de Junho por não serem funcionários do quadro da Provedoria.

 

Em reação, a nova Provedora Florbela Araújo deu a entender que houve falha do Secretario – Geral e que o mesmo estava a conspirar contra a sua pessoa, impedindo-a de usufruir do salário de titular da instituição. Naquela mesma manha do dia 2 de Julho, Florbela Araújo chegou a ponto de exigir que o SG Amílcar Lutucuta telefonasse para Ferreira Pinto a dizer que ele devia devolver o salário de Junho.

 

O Secretario – Geral recusou-se acatar as suas orientações e predispôs a repor com o seu próprio dinheiro, o salário de mês de Junho pago a antigo Provedor. Horas depois, quando chegou a instituição a fatídica notícia do falecimento por doença de Ferreira Pinto, se pôs aos prontos, refazendo-se da imagem de hostilização ao seu antecessor.

 

No dia seguinte a nova Provedora Florbela Araújo enviou uma mensagem de condolências a família do falecido dizendo que “O Dr. Carlos Ferreira Pinto foi um homem de espírito aberto, sereno, amigo, dedicado às causas justas, enraizado pelos traços fortes de amor ao próximo e de convicções profundas, tendo exercido com brio a sua missão de defensor exemplar dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos”.


Escreveu ainda na sua carta que “Sentimo-nos honrados por ter partilhado o seu modo de vida e a dinâmica que empreendeu na Provedoria de Justiça, em particular, no contributo prestado à melhoria das condições de vida dos cidadão e instituições”.

 

No inicio desta semana Provedora Florbela Araújo afastou do cargo o Secretario – Geral Amílcar Lutucuta colocando em seu lugar Aguinaldo Cristóvão, antigo Secretario de Estado da Cultura ao tempo da ministra Carolina Cerqueira.

 

De lembrar que o malogrado Ferreira Pinto renunciou o cargo por sentir interferência do palácio presidencial, acrescida a guerra que a sua adjunta vinha desencadeando internamente.


Dias após a sua demissão, o Correio Angolense, Ferreira Pinto andava também bastante incomodado com o excessivo protagonismo da sua adjunta, Florbela Araújo, que transitou da Assessoria Jurídica da Presidência da República.


Ao que dizem as fontes do Correio Angolense, Florbela Araújo não se cansava de alardear nos corredores da instituição o seu passado na Presidência da República, com o que se julgava habilitada a assumir a titularidade da Provedoria de Justiça. “A Dra. Florbela invoca incessantemente os seus 30 anos de trabalho na Presidência da República, a sua experiência de docente universitária e a especialização em relações internacionais”.


Florbela Araújo, segundo a fonte do CA, desdenhava abertamente do percurso profissional do seu superior hierárquico, que nos últimos tempos incluiu, apenas, actividade parlamentar e partidária.


No gabinete de Ferreira Pinto suspeitou-se mesmo que algumas barreiras que a Provedoria de Justiça encontrava junto de outras instituições, nomeadamente do Ministério das Finanças, seriam “plantadas” por Florbela Araújo.