Luanda - Após ver vários comentários sobre o metro de superfície de Luanda resolvi juntar a panóplia de reflexões, o meu ponto de vista como urbanista.

Fonte: Club-k.net

Ao pensar-se em metro de superfície e para que este funcione em pleno, necessáriamente precisa- se de uma série de meios e condições urbanas complementares, para que de forma harmoniosa estes permitam o deslocamento de pessoas e bens de forma rápida e segura, respeitando sempre a hierarquia da pirâmede da mobilidade urbana.


As pessoas para se deslocarem aos pontos de acesso do metro, precisarão percorrer a pé, de autocarros, táxi, cupapatas ou bicicletas,o trajecto de suas casas aos pontos de acesso ao metro.


Com o metro a número de pessoas a circular a pé nas ruas vai aumentar. Para que a pessoa possa sair de casa, caminhar, apanhar o transporte que o leve até ao metro precisa que as questões de iluminação publica, segurança, passeios acessíveis (dimensionados a medida número de pessoas que aí afluirão) permita fazer o caminho em segurança, o que não é o caso de Luanda pois, quem aqui anda, sabe o quão difícil é percorrer 400 metros sem precisar sair do passeio por causa das inúmeras barreiras nos passeios inexistentes.


Com os catamarãs, foi visivel as dificuldades de interacção dos diferentes meios de transporte públicos (catamarã vs autocarro, táxis e o estado dos passeios), fez com que muitos que optaram por esse serviço, não chegassem ao destino, e com isso deixassem de usar este serviço.


A mobilidade Urbana necessita também de calçadas confortáveis, niveladas, sem buracos ou obstáculos, pois quem usa os transporte colectivos realiza boa parte das viagens a pé.


Infelizmente as vias asfaltadas ainda servem maioritariamente a classe média alta, pois nos bairros onde vivem maioritariamente os mais desfavorecidos este não existe. A dificuldade dos que aí vivem em encontrar um transporte públicos inexistente e sair de casa para o serviço muitas vezes, mas parece uma corrida de transpor barreiras.


A requalificação das inúmeras vias secundárias e terciárias dos nossos bairros é urgente por formas a reduzir as assimetrias Urbanas e garantir que o metro venha para servir a todos independentemente de estar a viver numa casa na Sapu ou num apartamento no Kilamba.
Não existindo ao longo das zonas onde passará o metro essas condições, sou de opinião que deveríamos apostar primeiro na melhoria e requalificação urbana.


Com a requalificação de algumas ruas no Rangel, Cassenda, Cassequel, Viana e Morro bento verificou-se a melhoria da mobilidade nestes pontos não só para as pessoas que aí vivem como das que aí passam.


O metro de superfície é necessário? Sim! Mas, acredito que ao momento não existem condições que propiciem o seu bom funcionamento e impacto na melhoria da mobilidade urbana de Luanda.


By Luís Cunha
Nota “Cada ponto de vista é visto de um ponto. "
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