Alemanha - O Luso- angolano Eugénio Costa Almeida é a figura a quem o nacionalista  Fernando Vumby residente na Alemanha escolheu para escrever o prefácio do seu livro de crônicas prestes a ser lançado no mercado da lusofonia cujo texto publicamos em anexo.

 

ImagePREFÁCIO POR - ( EUGÉNIO ALMEIDA )

"Quem recebeu uma educação minimamente sensata e, portanto, faz uso do discernimento sabe diferenciar com clareza o que é bom e o que é ruim para si e para toda uma sociedade. (in: “Bajuladores, Corrupção & Perigos para a futura geração”)

Quem escreveu isto sabe bem do que fala não só porque a sua sensibilidade de comentarista a isso o permite como, principalmente, esteve no meio de alguns dos factos que modelaram o nosso País, sempre quente, sempre ardente, Angola.

Se há alguém que, apesar de estar há uns tempos fora do País, o consegue entender como poucos, porque não se é Angolano por ser mas por se sentir, ele é Fernando Vumby, que, ao contrário do que o seu heterónimo bakongo caracteriza, é um caçador bem vivo sempre à procura e sempre pronto para nos ofertar com factos e análises prontas e certeiras.

E isso sente-o quando alerta para o que os privilegiados aprontam, ou seja, “vivem fazendo de tudo para manter blindados todos os seus benefícios, através de leis indecentes e absurdas”

Esta será um dos pontos que definem o autor.

Vumby, que me honrou com o convite para prefaciar este seu ensaio de crónicas e análises políticas e sociais de e sobre Angola e o seu Povo enorme, cheio de coragem e, simultaneamente, minado de indivíduos que mais não são que bajuladores, corruptos e mal-formados, como há em todas as sociedades, sempre prontos a praticarem actos que possam agradar ao Príncipe, desconhecendo se realmente o dito os deseja.

Pode o príncipe, o Chefe, não estar de acordo com essas atitudes e com os actos praticados. Mas ao calar mais não faz que transmitir o seu implícito consentimento e o grato que lhe é a adulação mesmo que inquinada de um veneno mortal que, mais cedo do que pensa poderá fazer
com que todos o deixem de glorificar.

E isso, directa ou indirectamente, Vumby o tem denunciado.

Infelizmente, quer para o autor, quer para a sociedade angolana, parece que o Chefe não lê os avisados comentários nem as pertinentes crónicas que Fernando Vumby nos oferece e nos presenteia a todos com uma certeza e uma indefectibilidade bíblica a toda a prova.

O Chefe – ou o Príncipe como outros pertinentemente o caracterizam – e os seus acólitos, diria mais, citando o autor, os seus bajuladores, não parecem ler ou compreender. Mas a sociedade angolana não anda distraída e disso se constata nos diferentes comentários que os seus escritos acolhem nos diferentes órgãos de comunicação social angolana, principalmente, quando publicados e em lugar de destaque o que caracteriza e confirma o seu pena crítica, acertada e acutilante.


Roubar, mentir, falta de ética, de moral, de carácter e de respeito aos valores de uma sociedade (in: “Mas como é possível tratá-los por Governantes?”) são alguns dos epítetos que Fernando Vumby não tem pejo em denunciar como estando impregnados na sociedade angolana.


Seria importante que os visados nestas crónicas de Fernando Vumby devida e bem agrupadas neste volume intitulado “XXXXXXXX” servisse para alguns dos nossos compatriotas e potenciais futuros líderes ponderarem, bem, sobre como se perfila a actual sociedade angolana e, principalmente, sobre o despotismo que encerra em alguns dos nossos líderes e como acolhemos displicentemente esse péssimo virtuosismo ascético e indisciplinado.

Porque se Vumby denuncia os maus arquétipos da nossa sociedade também nos honra com frase, quase poéticas, como (…) Muitos eram minúsculos, cabeças grandes, na qual guardavam brilhantes ideias e sabedoria para conduzir o destino do povo. Era electrizante e fantástico ouvi-los discursar no largo Primeiro de Maio, nos liceus e em roda de amigos, etc. Seus pronunciamentos abalavam as estruturas do poder e seus seguidores antes de serem mortos perpetuaram sua memória. Não me refiro a Agostinho Neto o único herói comemorado num país onde o grande herói que merece ser comemorado é o próprio povo, pela sua bravura e coragem em suportar tantos anos de promessas ilusórias.


Ou seja, sem questionar da justeza da honraria que Agostinho Neto merece como o primeiro presidente oficial da Angola independente, Vumby, e como ele muitos de nós, consideram que o grande herói que merece ser laureado diariamente, é, sem sombra de dúvida, o Povo
Angolano pelos martírios a que foi sujeito nestes 34 anos de independência subjugado aos interesses de terceiros que alguns dos nossos pequenos/grandes pensantes permitiram que o fosse.


É altura de começar a esquecer, ou melhor, deixar para a História, os problemas que o Povo Angolano passou até agora, sem, no entanto,  pensar em colocá-los numa esconsa e escura gaveta onde tudo seja esquecido, porque factos como o 27 de Maio e as perseguições que se
fizeram em nome de hipotéticos e obscuros postulados, o enriquecimento espontâneo de alguns dirigentes, o poder absoluto de outros e certos factos como a corrupção têm de continuar presentes sem que, todavia, sejam condições obrigatórias para que a sociedade viva e evolua.


É altura de olhar o futuro sem bajuladores, corruptos, autocráticos e subservientes, ou seja, estadistas que pautam por uma enorme Mediocridade (…), que por incompetência não se arriscam a sair da sombra do estado protector (in: “Mediocridade, crime & corrupção”).


O Povo tem a palavra – já teve e não soube como utilizá-la, embora seja com os erros que se aprende, se afirma na sociedade – para elevar mais alto a sua vontade de ver os Direitos Humanos, a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade – tão caras aos verdadeiros revolucionários – mais altos e melhor aplicados.


Até porque, como Vumby esclarece, e bem, o ideal político é a democracia, para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum seja venerado (in: “Angola “Direitos Humanos & Justiça andam de cabeça para baixo”).


Vumby, nesta sua colectânea mostra-nos, como afirmei no início, com coragem e salutar indisciplina, aquilo que todos desejamos: termos um país riquíssimo mas que deixe de ser habitado por um povo pobre politicamente, sufocado e brutalmente dominado por uma autocracia que, não raras vezes mostra estar próxima de um despotismo feroz.


Eu acredito, tal como Vumby e tal como todos os que desejam uma Angola próspera, forte, democrata, justa e igualitária que isso é possível.


Vumby dá-nos um dos pontapés de saída. Caberão aos nossos Governantes compreenderem que o que se passa para além das suas redomas douradas é muito mais que petróleo a jorrar, diamantes a luzir, ou o kumbu a tilintar. Tenho a certeza, assim o espero, que os verdadeiros Governantes nacionais estarão atentos e que, oportunamente, mostrarão que também eles não são imunes à mudança nem à verdade.


Vumby oferece-nos, com esta colectânea, uma imagem do que não deve continuar a coexistir na sociedade angolana. Ele tem uma quimera, tal como eu, ou como os leitores e como todos os que amam o País têm: um dia poder compor algo que não fosse relativo á defeitos como:
corrupção, impunidade, intolerância, violência e outras palavras que bem poderiam ser extirpadas dos nossos vocabulários e das nossas vidas (in: “Ser diferente é um direito & Não nenhum defeito”).


Ou seja, como o mítico Martin Luther King, Fernando Vumby tem um ideal alto e profundo, um sonho. Tal como o presidente Barak Obama, Fernando Vumby acha que também pode – e com ele, todos nós – poder desejar mais Justiça, mais Liberdade, mais Fraternidade, mais Tolerância e extirpar a Violência na sociedade e na vida política Angolana.


Se o Homem sonha, o Povo Pode!


Luther King sonhou há cerca de 40 anos e Obama consegui-o agora. Nós, há 34 anos que o procuramos e nunca esmorecemos. Se eles puderam, Nós também poderemos ser capazes!


Que esta colectânea seja, repito, um enorme ponto de partida para que a Sociedade Angolana possa ver alterados alguns axiomas que inquinam o seu comportamento e o seu modo de vida.


Para isso, e se o autor me permite a sugestão, uns dos seus primeiros volumes publicados deverá oferecer ao Presidente e todos aqueles que precisam de verem os seus olhos abertos para a nova realidade que é a Sociedade Angolana e, por extensão, a sociedade africana e mundial, do século XXI.


Meu caro Fernando Vumby, o País espera por ti e pelas epístolas que, por certo, nos vais continuar a oferecer, mesmo que os dedos te doam e os olhos se sintam cansados! Porque…"