Johanesburgo - Varias estudos descrevem o terrorismo como o uso de violência física ou psicológica. As Forças Armadas Ruandesas (FAR) recorreram as mesmas armas usadas pelos terroristas para os desalojar em Mocimboa da Praia (MdP), a vila que os insurgentes transformaram em seu santuário desde Agosto de 2020. A violência psicológica. Antes de atacar uma localidade, os terroristas em Cabo Delgado, espalham o pânico (em forma de rumores ou desinformação) provocando a antecipada dispersão da população e sua respetiva fuga. Foi esta a arma que as FAR recorreram para fazer o que as FDSM, não puderam fazer em um ano. A ação psicológica.

Fonte: Club-k.net

Enquanto as forças coligadas (FAR e FDSM) tomavam Awase (a 41 km de MdP), a semana passada, os rumores já se iam espalhando sugerindo que o assalto final a MdP era uma questão de dias. Na passada sexta-feira (6), o porta-voz do Exército do Ruanda, Ronald Rwinga, havia informado sobre a fuga dos insurgentes para pequenas localidades da Vila. Falando a TV do seu país, o Brigadeiro ruandês Pascal Muhizi, garantiu que o assalto aconteceu sem precisar fazer tiros e que “os terroristas se reorganizaram e fugiram para pequenas bolsas da região”. Apenas o jornalista Ruandês Jean Kagobo que se encontra no terreno fala em três terroristas abatidos, na zona de Afungi, no dia anterior ao assalto final a MdP.


Como dito, antes, foi a mesma receita usada pelos terroristas para tomar localidades, dai que os administradores distritais e chefes da polícia locais nunca foram emboscados, gerando, em alguns meios, desconfianças de que as fugas antecipadas estivessem ligadas a eventuais contatos familiarizados do lado dos terroristas. Na primeira semana de Janeiro, os terroristas lançaram rumores de que atacariam a vila de Palma. O governo reforçou a segurança da vila mas seria em Março que os insurgentes aproveitaram atacar quando as forças de segurança foram retiradas para ir reforçar a proteção do Presidente Filipe Nyuse, que se encontrava em Montepeuz. Desta vez, atacaram sem avisar, surpreendendo o administrador de Palma que teve de fugir no mesmo dia.


Egídio Plácido do semanário Zambeze, entende que com esta operação as FAR expõem as “difidências” do exercito moçambicano. Na verdade, as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDSM) desde algum tempo que eram movidas pelos medo, ao ponto de na fase inicial ter havido episódio de os populares rebelarem se contra elas, por inação na sua tarefa de proteção. Os insurgentes já não temiam as FDSM. Sabiam que o medo e a moral baixa eram uma das suas debilidades. O governo também tinha conhecimento disso. A evidencia na resposta dada quando em Junho de 2020, o Presidente prometeu a atribuição de um incentivo (subsídio) para os soldados que estivessem a combate em Cabo Delgado.


Desde algumas semanas que já se dizia que Mocimboa da Praia, estava meio deserta e que as FSDM receavam tomar de assalto porque haviam rumores de que os insurgentes teriam colocado minas terrestres e marítimas nos principais pontos de acessos a Vila. A presença das FAR, terá provocado efeito desmobilizador ao reduto de terroristas levando-os a movimentarem-se em direção a vila de Macomia.