Luanda - 1.- Ponto prévio :- O Projecto político em curso, designado « Ampla Frente Patriótica para a Alternância « , parece estar a provocar incômodos e irritação ao Partido no Poder em Angola . tanto é assim que este lhe conferiu destaque em Comunicado ( ver Anexo) que Eu FH, fui desafiado a analisar. Faço-o na condição de Apartidário. O dever de imparcialidade, objectividade e a longa experiência político- partidária e não só, que carrego no meu Curriculun vitae, legitimam-me a fazer este exercicio. Vamos a isso.

2.- Este Comunicado tem os seguintes Pontos Fortes:


2.1.- Mostra q o Mpla anda atento às movimentações dos seus adversários em época de pre-campanha eleitoral.


2.2- Desvaloriza o Projecto Ampla Frente , aponta as fragilidades do mesmo e alerta os seus militantes e simpatizantes, a não darem crédito ao tal Projecto por não ter pernas para andar .

2.3.- Reitera o seu empenhamento « … no combate à corrupção e à impunidade para se moralizar a sociedade e salvaguardar o bem comum e … » reitera o seu compromisso para com a Paz e a estabilidade « ( sic )

3.- Pontos Fracos do Comunicado do Mpla


3.1- Mostra mostra desconforto / irritação em relação a « falta de legitimidade do Governo «, alegada pelos promotores da Ampla Frente. Com isso a Direcção do Mpla revela desconhecer os contornos diferentes entre a « legalidade política « e a « legitimidade política ». Onde termina uma e começa a outra. E onde ambas andam de mãos dadas. Em política assente em padrões democráticos, um Governo deixa de ser « legítimo « quando o mesmo frustra no seu mandato, os maiores e mais profundos anseios dos seus concidadãos. Quando não realiza integralmente a promessa, o programa eleitoral com que se fez eleger para conquistar pelo Voto popular, a legalidade do Estado, para governar . Acontece que o MPLA ainda mantem essa « legalidade política » mas, convenhamos que, em relação à « legitimidade « , deixa muito a desejar e sugiro que façam o balanço entre o realizado e o prometido ( Programa/ Manifesto eleitoral de 2017). Mesmo que falte ainda 12 meses, do fim do mandato.


3.2.- O Mpla mostra estar “ mancomunado “ com o Tribunal Constitucional, tanta é a certeza que revela na eventual decisão desta instituição, contra o tal Líder “… que tem o seu lugar preso por um fio “ !


3.3.- Ao exigir que a Ampla Frente, ainda na forja, apresente já uma “…proposta de Programa de governação “, o Mpla mostra desconhecer as etapas de desenvolvimento de um Projecto político. Ainda não é nesta fase que eles devem apresentar o Programa de governo, apenas o seu propósito, o manifesto político-ideólogico. Tudo tem seu tempo ! Finalmente,


3.4.-O Secretariado do Mpla revela um profundo desrespeito e falta de consideração aos seus adversários, pela linguagem torpe e deselegante q utiliza em acusá-los de “ incitamento dos angolanos à rebelião e à desobediência às instituições “ que dificilmente pode provar ! Fica muito mal a um Partido com quase meio século no Poder, recorrer sempre a essa narrativa pouco credível, de que os partidos na Oposição, são “ arruaceiros” e mais capazes de “ instrumentalizar “ os jovens, do que ele próprio com o enorme poder financeiro e de Estado que possui. O exercício da política em Democracia, exige competição com elevação, serenidade, ética e linguagem crítica elegante e civilizada, sem ameaças nem diabolizações entre os concorrentes. Fico por aqui. Xaleno kiambote nhi mahezu ma kidi. Fiquem bem, com a sabedoria da verdade.

Luanda, 10/8/21


Por:- Fernando Heitor ( Consultor, Formador e promotor de negócios, aqui nas vestes de Analista político )