Luanda - A província de Luanda vai contar, a partir de hoje, com mais 71 autocarros, a serem entregues pelo Ministério dos Transportes ao Governo Provincial, para reforçar os transportes públicos.

Fonte: JA

O incremento de autocarros acontece em resposta à crescente mutação socioeconómica da província, segundo o ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, que anunciou, recentemente, que Luanda vai beneficiar de 923 autocarros.


Durante uma ronda efectuada, ontem, pela cidade, munícipes dizem esperar que, com os novos autocarros, deixe de haver enchentes nas paragens e que melhore efectivamente a circulação de pessoas e bens.


Armando Manuel, de 27 anos, morador do município de Viana, disse que trabalha na Maianga e faz uso frequente dos transportes públicos, sendo os autocarros os seus principais meios de locomoção. O entrevistado considera a aquisição dos 71 autocarros uma mais valia e espera que a sua circulação venha minimizar as dificuldades encontradas no uso diário dos autocarros.


"Apanhar autocarro em Luanda é uma dificuldade tremenda, para mim que saio de Viana, um município bastante populoso, chega a ser um caos. Para conseguirmos chegar cedo ao local de serviço é preciso sair com muitas horas de antecedência de casa e mesmo assim corremos o risco de chegar sujos de tão difícil que é apanhar os autocarros na cidade", disse.


Segundo Armando Manuel, os dias mais fáceis para apanhar os autocarros são os finais de semana ou feriados, onde se regista diminuição no número de filas e de desorganização para entrar nos transportes públicos.


Aponta o meio dia como a hora mais calma para o uso dos transportes públicos e apela a quem de direito para que se alargue o número de paragens e rotas.


Gersona Muacassanje, de 24 anos, moradora do Zango 2, disse que comercializa alimentos na baixa da cidade e que usa os transportes públicos diariamente, apesar de ser muito difícil apanhar os autocarros. "Não há dias fáceis e nos finais de semana nota-se uma redução no número de transportes públicos".


"Em Luanda, o problema de apanhar autocarros é antigo, não há dias fáceis, até aos finais de semana é difícil e muito complicado, há poucos autocarros a circular, o que faz com que fiquemos muitas horas nas paragens à espera", frisou.


Gersona Muacassanje apontou a falta de prioridade a mulheres gestantes e mães com bebés como um factor que cria desorganização no momento de usar os transportes públicos.


A comerciante disse haver pontos em que alguns motoristas aumentam o preço da passagem de 50 para 100 kwanzas, sublinhando que tal acontece também à noite, depois das 20 horas.


A jovem vê no aumento de autocarros um grande bem, esperando que diminuam as horas de espera e que se aumente as rotas e se criem mais paragens.


Alberto Varanda, de 42 anos, morador no Ramiros, diz que trabalha na Mutamba e que usa frequentemente os autocarros, apesar de considerar os transportes públicos caros e ineficientes.


Refere que não chegam em todos os pontos da cidade, havendo zonas em que a população é obrigada a recorrer aos táxis, vulgarmente conhecidos com "kandongueiros", para chegar às paragens, para conseguir apanhar autocarro. Acrescentou que não se tem cumprido com as medidas de segurança sanitária, porque chega a registar-se filas apertadas, sem se respeitar o distanciamento físico recomendado e os autocarros vão lotados.


Cláudia Mampa, de 43 anos, moradora do Cassequel, disse usar os autocarros por questões económicas e defende maior acção dos fiscais para que as filas sejam organizadas e a aquisição dos bilhetes seja feita com base na ordem de chegada.