Lisboa - A posição do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, em não receber por enquanto, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, para dialogar sobre o país, foi impulsionada por uma recomendação anexada a resultados de uma nova sondagem encomendada há poucos meses pelo MPLA.

Fonte: Club-k.net


Os dados da sondagem atribuem um “empate técnico” entre as duas principais forças políticas do país, em termos de aceitação popular, alertando que um encontro entre os dois lideres políticos, nesta altura, reforçaria a legitimidade de Adalberto Costa Júnior como “chefe da oposição”. Com base nesta observação, Lourenço foi recomendando permanecer na linha de ofuscamento a Adalberto Jr, traduzida na hostilização ao mesmo.


O desconforto verificado em João Lourenço na aceitação de ter Adalberto Costa Júnior como seu adversário assenta no acolhimento que este passou a ter junto da sociedade desde a sua eleição como Presidente da UNITA, cativando sobretudo uma ala juvenil (nascida no pôs conflito armado) que aspira por mudanças imediatas em Angola. JL, é citado como pretendendo ir para às próximas eleições de 2022, numa posição de vantagem sem espaço de vanglorização antecipada do seu principal opositor.


O elucidado é verificado nos seguintes pontos a saber:


1.Controlo pela CNE, na qual saiu em defesa da tomada de posse de Manuel da Silva “Manico”, que enfrenta problemas nos tribunais devido as irregularidades do concurso que o escolheu como presidente desta instituição. Nos próximos dias a bancada do MPLA vai aprovar uma lei eleitoral que permite reforçar a composição da CNE, favorável ao partido no poder.

 

2. Alteração da lei eleitoral, para uma lei que lhe permite não fazer apuramento eleitoral municipal. Na nova lei, as assembleias de votos irão despachar diretamente os resultados para o centro de escrutínio da CNE em Luanda, e está por sua vez é que irá comunicar aos municípios os seus resultados eleitorais. Os votos da diáspora serão contados em Luanda, e não nas mesas de votos junto as embaixadas e consulados.

 

3. A bancada parlamentar do MPLA está em vias de aprovar uma nova lei que limita em termos de tempo a divulgação dos cadernos eleitorais, mapa da localização das assembleias de voto. A mesma lei eleitoral põe fim a figura do delegado de lista suplente indicado por cada uma das listas correntes.

 

4. Controlo do Tribunal Constitucional (TC), órgão que valida os resultados eleitorais, na qual indicou como Presidente uma alta dirigente do MPLA, Laurinda Cardoso reconhecida pelo seu habito de obediência partidária. No TC, o MPLA controla 8 juízes dos 11 que lá estão.

 

5. Reforço de poderes a um general na reforma da sua confiança, José Tavares Ferreira que através da associação Akwa-Sambila coordena o processo de impugnação do último congresso que elegeu Adalberto Jr como líder deste partido


Desde que foi eleito Presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior foi recebido no palácio presidência em Fevereiro no ano passado, na qual apresentou contribuições de reformas constituições. Passado um ano, o ambiente entre as partes empolou-se, sendo que o Serviço de Inteligência Externa (SIE), chegou a recomendar um futuro entre os como medida para descomprimir o ambiente político que tem afectado ao investimento direto estrangeiro.

 

Segundo adianta o boletim “África Monitor Intelligence”, o encontro entre as duas partes esteve previsto para Abril, mas a sua concretização viria a comprometer-se por supostas dificuldades de agendamento. Ou seja, na manha de um certo dia em que o gabinete presidencial enviou uma carta dizendo que receberia Adalberto Jr no período de tarde, o líder da UNITA, estava a caminho do aeroporto em cumprimento para uma agenda diplomática pelo estrangeiro.

 

O facto de a audiência de JL e ACJ ter sido marcada para um dia em que era sabido que o líder da UNITA estava de partida para o estrangeiro, deu azo a conjecturas de acordo com as quais a anuência do PR terá obedecido a um cálculo político: Demostrar abertura, mas evitando a sua concretização.

 

Assim que regressou do estrangeiro, Adalberto Júnior voltou a remeter uma carta ao gabinete presidencial para um encontro a dois, pelo que continua a não haver resposta, conforme apurou o Club-K. Por outro lado, Joao Lourenco recebeu na primeira semana de Julho, novo Presidente da CASA-CE, Fernando Manuel.