Huambo - Eu sou a favor das manifestações, porém, não sou a favor daqueles que se aproveitam das manifestações para fins inconfessos.

Fonte: Club-k.net

"Há humanos que tentaram várias profissões, eram anónimos e até desconhecidos... Na verdade, a prestação deles nas respectivas profissões é tão insignificante que nem os pares sabiam de sua existência. E, quando se cansaram... Tornaram-se ACTIVISTAS SOCIAIS E AFROCRATAS OU AFROCENTRISTAS. Os tais da SOCIEDADE CIVIL. É o negócio do futuro... É uma mina de ouro e retira-os do anonimato". Por: Kasesa Chimuco .

Preocupa-me o facto de alguns indivíduos que para ganharem notoriedade, começaram por desvirtuar o papel da sociedade civil, levando a diante um conjunto de acções sem razões objectivas.

As manifestações são parte da participação política e é normal que elas existam, mas não podem existir para satisfação de "apetites políticos e circunstanciais" ou pessoais.

Na província do Huambo, existem cidadãos que pelo facto de a Governadora não ter contemplado os
"quadros que deviam dar muito pelo Huambo, trocando-os por outros de sua conveniência" no entender dos mesmos, isso constituí uma razão.

Falsa razão. Em política, a decisão para nomeação de função pública ou política, é tomada com base o critério da confiança política e da conveniência. Isto significa que quem tem o direito de nomear, o faz ou o fará em função destes dois. E o facto de não ter nomeado àqueles que eles entendem que deveriam ser os promovidos, ainda assim não é uma razão objectiva.

Por mais que apresentem o critério da meritocracia, nada diz que os cidadãos nomeados não têm mérito, até porque são pessoas com provas dadas desde o ponto de vista político-partidário e de gestão.

Há aqui uma intenção de ver àqueles do mesmo círculo de amizade nomeados para satisfação de interesses pessoais.

Por outro lado, dizem haver "má governação".

Essa argumentação não é nova, desde então, sempre se levantou contra os outros governadores da província. O estranho é que também são sempre às mesmas pessoas, essas que não possuem experiência de exercício de função pública e nem se tenham formado em tal área, que querem ensinar quem se formou ou quem por experiência aprendeu.

Então um governo que tem gerido mal, séria capaz de inaugurar no passado dia 27 de Agosto mais escolas no município do Mungo e no mesmo município entregaria kits aos jovens para a promoção do empreendedorismo e o auto-emprego? No dia 31 de Agosto, inauguraria dois laboratórios sedeados em escolas no município sede do Huambo? Só para dar dois exemplos dos outros existentes.

Para ser objectivo, deve haver critérios na avaliação. Todavia, quais são os critérios usados para se dizer que há má governação. Ora, não basta fazer "barulho", é preciso apresentá-los para tornar o debate mais atraente e produtivo.

Levantam, também, o facto de "não haver diálogo com a juventude", um outro falso problema.

Para quem é de boa memória, lembrar-se-á que tão logo a Governadora do Huambo foi empossada, o Conselho Provincial da Juventude (CPJ), havia promovido um encontro que colocou a Governadora a disposição da juventude, isso é um facto.

Após esse mesmo encontro, houve um outro com a Governadora, onde foram homenageados e auscultado vários jovens.

Este ano, em Junho, pelos 11 municípios da província, a Governadora debateu com os jovens à convite dos Conselhos Municipais (CMJ) e agora em Agosto, auscultou os jovens agricultores e camponeses da província. Ou seja, desde que foi empossada em 2020, a Governadora mantém encontro com a juventude da província, fazendo desses actos uma tradição. Ora bem, quem não gosta de manter contacto com os jovens teria feito? Isso para não fazer referência as vezes que o Vice-Governador para o Sector Político, Económico e Social da província do Huambo, representou a Governadora em vários outros debates.

Democracia também pressupõe organização e estar organizado, nesta senda, o Conselho Provincial da Juventude no Huambo, tem legitimidade para falar em nome dos jovens, como ainda, para promover encontros entre os jovens e as autoridades governamentais.

Agora, tem que haver coerência. Não é aceitável que para benéficos como por exemplo a aquisição de residência na Centralidade da Caála como aconteceu com a JURA ou com o Jango Cultural, o CPJ tem competência para o fazer, mas para com urbanidade e organização dialogar com a Governadora, já não tem legitimidade pelo falso pretexto de o CPJ ser uma extensão política da JMPLA.

Se assim o é: então todas as organizações juvenis do CPJ são compostas por militantes da JMPLA. O que não é verdade.

A verdade é que não são os jovens da província no geral que estão descontentes com a Governação Local, são, sim, parte dos jovens, residentes no município sede do Huambo e que não têm legitimidade para falar em nome da maioria, por haver àqueles que por direito não se identificam com eles. É normal em democracia, pelo que, a convivência faz-se na diferença.

Ser membro da sociedade civil, também é ser íntegro, é ter idoneidade política, é não ter lacunas ou sequelas, é ter bom relacionamento pessoal, é não ter sido expulso do labor. É não criticar o que se pratica em privado. É exercer democracia - é realizar eleições na organização que pertence. É não ser "moralista sem moral", é ser um estudante regular e exemplar - amante da sabedoria - a exemplo do Dr. Fernando Macedo ou do Rafael Marques de Morais.

Para terminar, gostaria de fazê-lo dizendo que, o que se pretende é dar a sensação à Luanda de que a Governadora "não está a fazer nada como dizem".

Por isso é que eu comecei por dizer que razões subjectivas, "apetites políticos ou circunstanciais" e pessoais, não são razões para fazer activismo social, a exemplo de quem o faz pela maioria, manifestando para que haja mais escolas, hospitais, água potável e contra eventuais violação da Lei, etc - etc..