Luanda - No meio de uma toda azáfama de concepções culturais sobre o que é ser, o fazer parecer ser, o ter e fazer parecer que se tem há uma multiplicidade de pessoas provavelmente idóneas que tudo ou quase tudo fazem para justificar o conjugado verbo raciocinar. Nesta panóplia de conceitos da busca de felicidade a dois há um tipo de marido machista, avarento, mau, egoísta, que todos os santos dias deixa, antes de sair de casa, com a sacrificada e humilde mulher que é professora 600 Kuanzas para as três refeições do dia e diz em tom ameaçador que quer encontrar mesa farta: bacalhau com natas, caldeiradas temperadas com Möet e do bom vinho semelhante ao original Pias.


Fonte: Club-k.net

A esposa tem de fazer tripas-coração para dar de comer ao típico marido africano para que o mesmo sempre apresente uma imagem boa quando estiver com outros vizinhos maridos que deixam mais para as refeições dando a ideia de que com pouco é sim possível fazer “bem”, na sua pouca abrangente capacidade de compreensão adjectiva.

 

A mulher até consegue dar aquilo que ele quer e ele finge que não tem noção do que ela faz porque ele adora viver da ilusão. Compra o que não precisa, dá para quem já tem e promete até para quem não quer saber dele. Na verdade, ele está pouco preocupado com o que as pessoas vão dizer. O importante é a imagem fausta que ele aparenta.

 

Os filhos deste casal… Bem o que dizer dos filhos deste casal? Eles comem aquilo que podem porque, como já se sabe, as melhores partes da comida são do Pai, do dono da casa. E filho que é filho sabe que o pescoço, o rabo da galinha, a carnuda coxa de frango e a cabeça do peixe são sempre do Pai. A mãe nem precisa se dar o trabalho de explicar essa parte.

 

Eles, os filhos, comem aquilo que lhes é servido não importando mais sequer a qualidade.  Mas muitas delas sabem que é um prato de comida cheio sem vitaminas. Desde que encha a barriga e consigam dormir ainda acordar, chega a ser melhor do que o que se vive naquela casa em que fervem numa panela com água na lenha uma pedra durante a noite até as crianças apanharem sono. E assim vão crescendo no sacrifício e na utopia de que está tudo bem obstruindo no processo que é possível fazer melhor mas aventar essa hipótese é desafiar o Vaticano. Mas elas têm amigas e amigos que, na verdade são enteados do pai delas, sendo neste caso seus meios-irmãos que sendo a cozinheira quase a mesma pessoa comem melhor do que elas porque fizeram da cozinha um comércio.

 

“Saco vazio não fica em pé” já diz o famigerado ditado popular e como “quem não tem cão caça com gato” a vida avança e malabarices na cozinha académica serão sempre feitas para agradar o tal provedor do lar. E assim vai essa família que em tudo depende da capacidade desta mulher. Vivendo; fazendo “muito tudo” com o absolutamente nada que se lhe é dado.