Madrid - O Chefe do executivo angolano deslocou-se na semana passada aos Estados Unidos de América, onde de acordo ao seu porta-voz o Senhor Luís Fernando, esta visita serviu para tratar de assuntos relacionados com a diplomacia africana, como é o caso da situação na Região dos Grandes Lagos, concretamente da República Centro Africana, país que atravessa uma grave crise de instabilidade política.

Fonte: Club-k.net

Por outro lado, da agenda desta visita, consta um encontro com os presidentes da organização African Parks, Peter Fearnhead, e da Fundação Internacional para a Conservação do Ambiente (ICCF), John Gantt. Esta última organização o homenageou, na gala anual das ICCF, que junta diversos grupos, tanto liberais como conservadores, empresas, organizações não governamentais, celebridades e voluntários que trabalham a favor da conservação do ambiente. Supostamente o chefe do executivo angolano, Sr. João Lourenço, foi homenageado nesta gala pela participação de Angola no projecto Okavango.


Ora bem, todas estas visitas oficiais do chefe do executivo angolano a um país ou a outro, seriam notícia de importância inestimável para Angola, quando em lugar de servir para depauperar os já magros e mendigos cofres do Estado, servissem para melhorá-lo. Comparado com o seu homólogo zambiano (a estrela que cintilou mais alto nas últimas semanas nos EUA pela humildade e contenção nos gastos dos dinheiros dos contribuintes Zambianos), o presidente João Lourenço gastou, de forma descarada e irresponsável, nesta viagem uma quantia de dinheiro que serviria, entre outras coisas, para escolarizar de forma digna mais de 30 mil crianças e prestar assistência médica e medicamentosa ao mesmo número de pessoas doentes.


Soube-se que o nosso Presidente da República levou consigo alguns membros do seu Governo como: a Ministra das Finanças Vera Daves, o Ministro da Economia e Planeamento, Mário Augusto João, o Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, e ainda o ministro dos Negócios Estrangeiros, Teté António e em todo momento estiveram acompanhados pela Embaixadora dos Estados Unidos em Angola, a senhora Nina Mria Fite. Tudo isto, supostamente para fazer-nos ver que se iriam assinar acordos importantes para o nosso país. Acordos para quê? E em que condições? Foram para lá para nos endividar mais do que já estamos? Ou foram para lá para venderem a imagem de serem o arauto da democracia? Ninguém sabe nada. Nunca se dignaram em prestar contas à ninguém. O certo é que entre o preço dos sapatos e os gastos milionários desta viagem, estamos a começar a ter como ídolo o novo presidente zambiano Hakainde Hichilema (Parabéns ao Povo Irmão Zambiano o terem eleito).


O Presidente zambiano conhecendo a situação em que vive a população do seu país, teve a decência de viajar em classe turística, pagar do seu salário o bilhete de passagem e levar consigo a equipa justa e necessária. Acto sem dúvida responsável, louvável e exemplar.


O chefe de Estado angolano, mesmo gastando uma fortuna para esta deslocação e outra para corromper a uns e outros (velho esquema dos micheiros/lobistas de Washington), para poder ser recebido na casa Branca, não conseguiu que os americanos escutassem as suas propostas de negócios e os nossos problemas. O Presidente Biden, não encontrou espaço em sua agenda para que o Sr. João Lourenço fosse ouvido, lá na primeira potência mundial, de forma respeitosa e atenta. Cabe recordar (a história registou) que em apenas duas ocasiões um Presidente americano recebeu o chefe do executivo angolano, a primeira foi a 16 de setembro de 1991, onde o Presidente George Bush, recebeu o anterior presidente José Eduardo Dos Santos e em 1995, e o mesmo, foi igualmente recebido pelo Presidente Bill Clinton para tratar de assuntos relacionados com os acordos de paz de Lusaka.


Outro assunto, que também deixou-nos como angolanos e angolanas, amantes da democracia e da justiça social, completamente decepcionados, foi o discurso do Presidente Joao Lourenço, na Sede das Nações Unidas em Nova York repudiando o golpe de Estado na Guiné Conakry e exigindo a volta do deposto Presidente Alpha Kondé. Como se pode usar um espaço como a sede das Nações Unidas para defender um ditador? Defender a um cidadão que mudou a constituição do seu país para se perpetuar no poder? Será que ninguém o avisou para ficar calado ou de que talvez seria melhor aproveitar o espaço e o microfone, para pedir ajuda, por exemplo, para a questão da seca no Cunene? Ou condenar com veemência a pedofilia dos chineses em Benguela?


O cúmulo da incredulidade surge com a homenagem de uma ONG de defesa e protecção meio ambiente, ao Presidente João Lourenço. Ninguém consegue entender esta homenagem ao presidente de um país onde os mares das províncias de Cabinda e Zaire estão completamente poluídos pela exploração petrolífera, Luanda é uma das cidades capitais mais sujas do mundo (resíduos tóxicos urbanos estão a céu aberto e fazem parte da paisagem), não tem nenhuma política contra o uso do plástico, de reciclagem e aproveitamento dos resíduos, boa parte dos parques naturais do nosso país estão abandonados a sua sorte e até hoje nem sabemos se a Palanca Negra Gigante o nosso grande símbolo nacional, ainda existe ou já foi vendida. Os chineses andam a desmatar desenfreadamente para explorarem a madeira. Ninguém planta uma árvore sequer. Pintam os passeios com tinta verde para mostrar que é relva. A baía de Luanda, a escassos metros da cidade Alta, está nojenta e fedorenta (todo mundo sabe, vê e sente isso. O próprio presidente Lourenço também). A homenagem ao presidente João Lourenço talvez se refira a um outro país alegórico, e não Angola. Angola está mal ao que ao ambiente diz respeito.


Em suma, esta homenagem não tem pés nem cabeça. O que é feito do parque natural do Bicuar, do Mupa, do Iona, da Cameia, do Kissama, do Luengue-Luiana, da Mavinga, da reserva nacional do Luando, da Chimalavera? Ninguém fala deles, não são pontos turísticos, ninguém no mundo sabe que existem. Estão completamente abandonados a sua sorte. E verdadeiramente alguém deste executivo, se orgulhasse por esta homenagem? Tenhamos vergonha!!


Depois da visita aos Estados Unidos, o chefe do executivo angolano parte para Espanha a visita oficial. Esta visita a Espanha, quiças tenha algum sentido, já que aquando da visita do Presidente Pedro Sanchez a Angola em Abril deste ano, este convidou o seu homólogo angolano a que lhe retribuísse a visita. Espanha escolheu Angola e o Senegal como parceiros estratégicos em África. Esta visita a península ibérica, pode estar justificada pela assinatura de acordos comerciais e estratégicos com benefícios bilaterais, para ambos países. Embora existam vozes, que acreditem que esta visita seja única e simplesmente para estabelecer as bases das manobras para a fraude eleitoral com algumas empresas espanholas como é o caso da INDRA, quem se tem ocupado da contagem dos votos nos processos eleitorais em Angola. E a quem ainda pense, que o Presidente João Lourenço visite este país, por razões de índole privada, como tem sido a visita habitual ao seu oftalmologista na cidade de Asturias no norte de Espanha.