Luanda - Para quem aguentou o longo consulado de JES (ao que parece), o curto consulado de JLO é uma emenda que saiu pior que o soneto.

Fonte: CA

O discurso de posse de JLO foi um soneto que já não pode ser emendado e, ademais, ao longo dos quatro anos no exercício do poder não logrou “corrigir o (muito) que estava mal e melhorar o (pouco) que estava bem.”

 

A percepção que se tem, por vezes, é a de que há uma desorganização organizada ou, de todo modo, uma organização desorganizada.

 

Na interpretação do Secretariado do BP do MPLA (vide comunicado de Fevereiro de 2021), a liberdade de imprensa é um acto de graciosidade do Presidente da República e não um direito constitucionalmente consagrado.

 

O direito dos cidadãos a um serviço televisivo e de radiodifusão plural, imparcial e isento, conforme os preceitos constitucionais, passou a ser uma graciosidade e não um direito.

 

O dia 05/10/2021 veio demonstrar, cabalmente, que a interpretação do Secretariado do BP do MPLA é, na verdade, uma convicção.

 

Desde logo, a TV Zimbo, no seu “Debate Livre”, convidou três comentaristas claramente pró-MPLA e um da UNITA e a este estranho “cocktail” classificou (sem qualquer pudor) como debate.

Tudo isso só pode levar à conclusão (razoável) de que há um “comando conjunto” que se substitui aos Conselhos Editoriais. O tal “comando conjunto” (parece óbvio) não é estranho ao secretariado do BP do MPLA que, num outro comunicado (07/07/2021), anunciava (em primeira mão) que a liderança de ACJ na UNITA estava por…”um fio.”


Curiosamente, o “debate” girava em torno do anúncio, naquele mesmo dia, da constituição, em Luanda, da Frente Patriótica Unida (FPU) e a que veio juntar-se uma onda de especulações sobre um alegado acórdão do Tribunal Constitucional sobre um processo de impugnação do XIII Congresso da UNITA.

Depois, para abordar estes acontecimentos intimamente relacionados com o maior partido da oposição, a TV Zimbo convidou três (conhecidos) comentaristas avessos à UNITA.

A meio deste mesmo dia, soube-se que os órgãos de comunicação social públicos tinham preparado um “festim” e esse “festim” consistia num jogo de cabra-cega.

A TV Zimbo noticia que, com base em ” fonte anónima”, o Tribunal Constitucional havia anulado o XIII Congresso da UNITA e Adalberto Costa Jr. (portanto) não era mais o líder daquela legenda política.

Desde já, “fonte anónima”, significava tão simplesmente que havia uma “garganta funda” infiltrada no TC ou de algum modo, um “auxiliar” do TC infiltrado na estação de televisão de Talatona.

Depois, foi um carrocel, inédito na história da comunicação social angolana, em que a TPA cita como fonte a TV Zimbo e repete a mesma história e a RNA, (re)conta a história e cita como sua fonte a TPA. Confuso, mas percebe-se.

Tudo isso só pode levar à conclusão (razoável) de que há um “comando conjunto” que se substitui aos Conselhos Editoriais, previstos na Lei de Imprensa.

O tal “comando conjunto” (parece óbvio) não é estranho ao secretariado do BP do MPLA que, num outro comunicado (07/07/2021), anunciava (em primeira mão) que a liderança de ACJ na UNITA estava por…”um fio.”

Nesse caso, a percepção que se tem é a de que ao MPLA está reservada uma cadeira de observador no Tribunal Constitucional.

Caso contrário, alguém (porventura) tem poderes de adivinhação naquele órgão partidário e é bom em “ofícios ocultos”, até porque acertou no resultado.