Luanda - Entende-se como política externa de um país o conjunto de objectivos que este mesmo país pretende alcançar na sua relação com outros Estados ou com outros sujeitos das relações internacionais (organizações internacionais governamentais ou não governamentais). Assim, sendo, o Estado Turco tem um conjunto de objectivos que pretende alcançar na sua relação com outros Estado e Organizações Internacionais.

Fonte: Club-k.net

O actual contexto macroeconómico angolano marcado por ressunções económicas sucessivas desde 2016, faz de Angola um espaço privilegiado para a implementação do ``action plan´´ turco, ou seja, um espaço fértil para Turquia por em prática o seu plano de acção de modos alcançar os seus objectivos a nível da África-Subsariana.


Com o fim da Guerra Fria consequentemente marcada pela desintegração do bloco soviético (URSS), a Turquia procurou reforçar as suas relações com os seus países vizinho particularmente na península balcânica e na Ásia Central. E no final da década de 90 e o princípio da decáda de 2000 definiu planos e estratégias para intensificar as suas relações com os paises da África-Subsariana.


Intesificar as relações com os países da África-Subsariana, é um dos principais objectivos da política externa turca . Este plano de acção foi projectado em 1998 com a designação Opening to Africa Action Plan´´ o que pudemos aqui traduzir como um plano de acção de abertura para África e isto demonstra a importância de definir uma agenda de Estado clara e sólida em prol do interesse nacional.


Este plano de acção tem como principal objectivo reforçar a presença Turca e exercer um certo grau de influência nos países da África-Subsareana. E isto passa pelo estabelecimento de relações nos domínios diplomáticos, políticos, económicos e culturais. Em 2012 a Turquia contava apenas com 12 missões diplomáticas permanentes em África, actualmente conta com 43. O volume de trocas comerciais entre Turquia e os Estados Africanos em 2003 era de 5,4 bilhões de dólares e em 2020 esteve avaliado em 25,3 bilhões de dólares, e com Angola actualmente o volume de trocas bilaterais varia aproximadamente entre 170 a 212 milhões de dólares americano.

Como este plano começou a ser executado ?


Em 2003, o AKP desenvolveu uma estratégia de assegurar as relações económicas e comerciais com países do continente Africano, em 2005 a Turquia declarou este mesmo ano, como ``o ano da África´´ e consequentemente ganhou o estatuto de membro observador na União Africana e de parceiro estratégico da mesma organização (U.A), ficou consumado com a realização da Cimeira África-Turquia que contou com 49 representantes africanos, posteriormente tornou-se um membro não regional do Banco Africano e aqui destacamos o papel do Turk Eximbank na concessão de ajuda e financiamento de projectos. Aqui fica clara a grande lição de penetração na condução da política externa.


As relações diplomáticas entre Angola e o Estado Turco são amistosas, a Turquia estabeleceu a sua primeira missão diplomática permanente em Angola no dia primeiro de Abril de 2010 e Angola fez o mesmo no dia 4 de Abril de 2013. A Turquia exporta para Angola produtos alimentares, produtos têxteis, roupas, máquinas e linha branca. Nos últimos tempos as relações têm sido cada vez mais fortalecidas neste consulado do presidente João Lourenço, destacando a visita efectuada à Turquia em Julho deste ano e neste final de semana aguarda-se a chegada do seu omologo Recep Tayyip Erdogan a Luanda.


Portanto, os dois países têm cooperado nos domínios políticos, económico, militar, diplomático e cultural. Todavia, o momento de crise económica que Angola vive vê aqui como uma oportunidade para captar investimento directo turco, mas é fundamental que s o Estado angolano explore e estude profundamente as intenções e interesses turcos de modos que possa tirar grandes vantagens nos acordos celebrados.


Angola tem um grande potencial no sector da indústria têxtil, as três fábricas de tecido Textangue II-Luanda, Sateca-Dondo e Lussala-Benguela postas a trabalhar em pleno fará de Angola um dos grandes players internacional exportando para região toda da SADC e não só, e este sector interessa os Turcos e os Indianos também, portanto é preciso estarmos atentos ao processo de privatização das mesmas. A indústria militar ou de defesa turca, tem vindo a crescer nos últimos anos destacando as empresas (Aselsan e TUSA) que fazem parte do top 100 das indústrias mundiais de defesa. No entanto, interessa-lhes também a exploração de minerais estratégicos em Angola para alimentar essa mesma indústria.


É fundamental que estejamos estratégicamente bem preparados para negociar com quem quer que seja, porquê quando os outros vêm para cá já vêm com a lição bem estudada sobre os nossos pontos fracos e fortes porquê os seus oficiais de inteligência integrados nas missões diplomáticas fazem bem o trabalho de casa.