Lisboa – Está avolumar-se  em meios da comunidade africana em Lisboa, a convicção generalizada segundo as quais Presidente angolano, João Manuel Gonçalves não participa em cerimonias de tomada de posse de Presidentes africanos que não sejam de partidos políticos alinhados ao MPLA. O debate é animado com constatações de uma alegada dificuldades do líder angolano em anular as suas preferências partidárias enquanto Chefe de Estado.

Fonte: Club-k.net

“MILITÂNCIA” TRANSPORTADA PARA POLITICA EXTERNA 

Segundo observações de fontes do Club-K, na capital Lusa, a transportação da “militância partidária” de Lourenço para politica externa começou a ser notada nas eleições de 2019 realizadas na Guiné-Bissau, em que passou a hostilizar o Presidente eleito Umaro Sissoco Embaló, em detrimento de Domingos Pereira Simões, o candidato derrotado do PAIGC, partido que é parceiro histórico do MPLA. Desde então as relações entre Lourenço e Sissoco são tidas como não pacificas.


Lourenço não só encurtou relações de proximidade com a Guine Bissau, como também retirou daquele país o seu embaixador, e recebeu por duas vezes o líder do PAIGC, no palácio presidencial, em Luanda, numa altura em que havia um diferindo eleitoral a decorrer no Tribunal Superior da Guine Bissau. A conduta de Lourenço foi vista como interferência externa nos problemas políticos daquele país, a favor da amizade entre o MPLA e o PAIGC.

 

Em Junho de 2020, o Malawi país membro da SADC, de que Angola faz parte, realizou eleições presidenciais. O vencedor foi Lazarus McCarthy Chakwera, do Partido do Congresso do Malawi (PCM), que é o partido fundador do Malawi mas que encontrava-se na oposição há 26 anos. O partido do Presidente Chakwera é membro da Rede de Democratas da África Austral – SAND- de que a UNITA é parte. No evento de tomada de posse, Angola não se fez presente.

 

A ausência de Angola no Malawi, podia ser justificada devido ao agravamento da pandemia do Covid-19, porém esta versão não colhe, visto que em Janeiro deste mesmo ano (2020), JL viajou ao Gabão para a tomada de posse de Ali Bongo Ondimba, depois de assistir à cerimónia de  tomada de posse de  Filipe Nyuse, Presidente de Moçambique. Em Março deste mesmo ano voltou a viajar à Namíbia para a tomada de posse de Hage Geingob.

 

No passado mês de Agosto, a Republica da Zâmbia, realizou eleições gerais. O regime angolano terá apoiado o ex-Presidente Edgar Chagwa Lungu. Com a derrota de Lungu, candidato do partido alinhado ao MPLA, o Chefe de Estado de Angola não fez parte do acto de tomada de posse do Presidente eleito, Hakainde Hichilema, que teve lugar no dia 24 de Agosto, em Lusaka. Lourenço despachou o seu “Vice”, Bornito de Sousa Baltazar Diogo, para o representar. As relações entre Lourenço e Hichilema são descritas como frias, por surgirem relatos segundo as quais Angola apoiou o candidato derrotado com “meios logísticos e financeiro” durante a campanha eleitoral.

 

A bem pouco tempo, a República de São Tomé e Príncipe realizou a segunda volta das eleições presidenciais em que saiu vencedor Carlos Vila Nova, o candidato apoiado pelo maior partido da oposição (ADI). O candidato derrotado é Guilherme Pósser da Costa, apoiado pelo MLSTP-PSD, o partido conhecido como parceiro histórico do MPLA, na luta de libertação nacional. O evento de tomada de posse do presidente eleito de São Tomé realizou no dia 5 de Setembro. O Presidente João Lourenço, não compareceu. Despachou o seu “vice”, Bornito de Sousa para o representar.

 

Na passada segunda-feira (18), o político cabo-verdiano José Maria Pereira Neves do PAICV venceu as eleições presidenciais do seu país cuja a cerimónia de tomada de posse esta agendada para a primeira semana de Novembro.

 

José Maria Pereira Neves no primeiro encontro com jornalistas após a sua eleição anunciou que para a cerimónia de tomada de posse, serão convidados todos os chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), “além de várias personalidades nacionais e internacionais”.

 

Apesar de o seu partido PAICV, ter relações históricas com o MPLA, tem se levantado reservas em meios que acompanham a política nesta região questionado se João Lourenço se fará presente ou não, na cerimonia de tomada de posse de José Maria Pereira Neves. As reservas são apoiadas no “factos” de Lourenço não ter relações benignas com potenciais convidados como são os caos dos Chefes de Estado do Senegal, Costa do Marfim, Guiné-Bissau. No mês passado JL proferiu na sede da ONU um discurso de condenação ao Presidente de transição da Guine Conacri, Mamady Doumbouya que há poucos dias recebeu calorosamente Embalo Sissoco da Guiné-Bissau.