Lisboa – A decisão de João Lourenço em afastar nesta quinta-feira (28), Jomo Fortunato do cargo de ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, é coligada a um culminar de eventos que foram sucedendo desde Janeiro do corrente ano que terão levado o Chefe de Estado a um quadro de extrema saturação. Desta vez, Lourenço agastou-se por completo, ao ver que a sua viagem agendada para este sábado (30), para participar na conferência sobre questões climáticas da ONU, na Escócia, Reino Unido, estava a ficar comprometida com a não colaboração do ministro que deveria lhe apresentar um relatório sobre o ambiente no passado dia 27.

Fonte: Club-k.net

Documento que o PR deveria apresentar nos próximos dias na  Escócia 

De acordo com a cronologia dos “factos”, em Novembro de 2020, o Presidente João Lourenço viu-se confrontado em indicar alguém para substituir a bióloga Adjany Costa, que ficou no cargo apenas sete meses no lugar. Na altura, o estadista recebeu propostas de duas alas do regime. Uma de quadros do seu gabinete e outra proveniente do Partido (gabinete da Vice-Presidente e Gabinete de Cidadania do MPLA). A proposta do partido “venceu”.

 

Paralelamente, Lourenço foi lembrado que Fortunato era a mesma pessoa na qual o PR havia exonerado em Agosto de 2018 por alegadas "condutas inapropriadas" enquanto PCA do Memorial Dr. António Agostinho Neto. Decido na sua posição, João Lourenço havia retorquido aos seus colegas no palácio que as informações que inicialmente lhe chegaram face a Jomo eram imprecisas, e assim sendo deu uma nova oportunidade ao jornalista da área cultural e professor universitário para render Adjany Costa.

 

Passado dois meses, João Lourenço passou a redefinir a sua posição retirando confiança política ao novo ministro. Por duas vezes, realizou visitas ao exterior que incluíam na agenda sobre questões ambientais e não levou Jomo Fortunato para integrar a sua delegação. Em Setembro passado, uma delegação governamental foi a Washington acompanhar o Chefe de Estado na homenagem pelo papel na conservação do ambiente no projecto do Okavango, e no lugar do ministro Jomo Fortunado, o Presidente da República levou a secretária de Estado para o Ambiente Paula Cristina Francisco Coelho.

 

De acordo com fontes do Club-K, Jomo Fortunado, deixou de fazer parte das contas do PR, há cerca de 10 meses, mas Lourenço optava por mante-lo no cargo por haver necessidade de manter a estabilidade do executivo, às portas das eleições gerais de 2022. Contudo, foi na sessão de quarta-feira (27) do conselho de ministros que tudo foi a baixo.

 

Jomo Fortunado fez-se ausente da reunião enquanto o Presidente esperava  de si, a submissão de um relatório sobre o estado do ambiente no país, para servir de suporte da apresentação que o Chefe de Estado irá fazer nos próximos dias na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2021, em Glasgow, cidade portuária da Escócia, no Reino Unido.

 

Ao notar que a sua apresentação estaria comprometida devido ao relatório que contava receber do ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, o Presidente da República, já com o acumular de reservas decidiu exonerar Jomo Fortunado do seu governo, e em seu lugar nomear o académico Filipe Zau.

 

João Lourenço viaja neste sábado a Escócia sem ter na bagagem dados estatísticos sobre o ambiente em Angola, que veio a descobrir que não existem.