Luanda - O engenheiro António Venâncio é -, para mim, e, se mo é permitido dizê-lo, para todos aqueles angolanos de bom-senso, de inquestionável sentido patriótico e que colocam os interesses do País acima dos partidos políticos – o grande vencedor do VIII Congresso Ordinário do MPLA, a ser realizado em Luanda, de 09 a 11 de Dezembro do ano em curso.
Fonte: O Kwanza
Explico-me: O engenheiro António Venâncio deu-se ao trabalho de estudar os estatutos do MPLA à lupa. Resultado: Descobriu uma brecha que lhe permite candidatar-se à liderança do partido no poder. Acto contínuo: Tomou a liberdade de lançar a sua candidatura.
A “insolência” do engenheiro António Venâncio representa, quanto a mim, a mais alta expressão da coragem de um militante de base e que lhe vai garantir certamente um lugar de destaque nos anais da mais recente História política do País.
É, convenhamos, um acto de inaudita audácia que merece a minha vénia. Afinal de contas, não é todos os dias que vemos militantes de base a querer fazer jus aos estatutos do MPLA para se alcandorar à sua direcção.
Os putativos presidenciáveis do partido no poder estão (peço a Vossa indulgência pela ordinarice!) com o rabinho entre as pernas e sem receio de legar pública e clamorosamente para as futuras gerações a expressão mais alta da sua cobardia.
Por isso mesmo digo: O engenheiro António Venâncio já ganhou! Logo, é merecedor da minha reverência. Ao invés de dar guita à intolerância e disparar “fogo amigo” contra o engenheiro António Venâncio, o MPLA deveria aproveitar para mostrar aos seus adversários políticos, ao País e ao mundo que, afinal, as múltiplas candidaturas à sua presidência também são possíveis, de facto.
O engenheiro António Venâncio não vai ter daqui para frente (digo eu) vida fácil. Será combatido de forma estoica por camaradas seus que se vão servir e abusar dos meios do Estado para derriba-lo. Aliás, o engenheiro António Venâncio já denunciou que a sua campanha está a ser boicotada. Que os órgãos de Comunicação Social públicos não lhe dão voz nem vez. O boicote de que está a ser alvo o engenheiro António Venâncio sugere que o “candidato natural” do MPLA, João Lourenço, está, à partida, fragilizado. Que a sua popularidade está muito baixa, facto que parece ser inédito na História do partido no poder em Angola.
Ora, tudo isso era expectável. O País tem ciência disso e o engenheiro António Venâncio também. Mas mesmo assim entendeu pôr à prova o seu partido. Quer ver até que ponto o MPLA respeita os seus próprios estatutos, a Constituição vigente na República de Angola e as demais leis ordinárias.
O engenheiro António Venâncio está neste momento a remar contra ventos e marés de toda a sorte. Por isso digo que ele já ganhou, pois creio piamente que se lhe fosse dada a oportunidade de concorrer em pé de igualdade com João Lourenço e os congressistas não tivessem inoculado em si a cultura do medo, estou certo e seguro que António Venâncio seria o escolhido dos delegados ao VIII congresso do MPLA.
