Lisboa - Depois das eleições gerais de 2008, o Mais Velho Abílio Kamalata Numa, na sua capacidade de Secretário Geral da UNITA, introduziu no debate interno um elemento, na altura muito polémico, sobre a a necessidade de se ajustar as estruturas partidárias da UNITA em Luanda, às especificidades da Província-Capital, nomeadamente, pelo facto de alguns dos seus Municípios satélites (Sambizanga, Cazenga, Cacuaco, Viana, Samba), terem maior densidade populacional e, consequentemente, maior relevância política e eleitoral que muitas Províncias, como a do Bengo e a do Kuando-Kubango, por exemplo.

Fonte: Club-k.net

O aturado debate culminou na divisão de Luanda em várias Coordenações Políticas sobrepostas a divisão político-administrativa.


Esses órgãos eram autónomos e tinham o estatuto das demais Províncias do país, colocadas sob a orientação e coordenação do Secretariado Geral do Partido.

Até aí, no pós 2002, tinham exercido o cargo de Secretário da UNITA em Luanda Manuel, Adalberto Costa Júnior, o super Domingos Daniel -DDM e José Pedro Kachiungo, respectivamente


Porém, depois do XI° Congresso Ordinário da UNITA, em 2011, Luanda, voltou ao modelo unitário, enquanto província, tendo desta vez como Secretário o Dr Álvaro Daniel Chikwamanga.


Em 2012, uma avaliação da Direção do Partido concluíu que, para efeitos eleitorais a manutenção de Luanda no modelo unitário era contraproducente, tendo em atenção as singularidades atrás mencionadas.


Afinal, o então SG do Partido, o General Kamalata Numa tinha razão, prova disso é que a gestão
política de Luanda voltou a ser descentralizada com a criação das Regiões Eleitorais.


Essa medida fazia todo o sentido, até porque estava alinhada na perfeição ao discurso político do Partido que para Luanda não se limitou em propor a criação de uma Zona Metropolitana, foi mais longe em preconizar tornar Luanda numa Supra-Autarquia, no âmbito da institucionalização do Poder Local, através das Autarquias, que de resto foi uma das matérias essenciais que, durante anos a fio, dominou a Agenda política da UNITA até em 2019.


Depois da realização do anulado XIII° Congresso da UNITA, Luanda voltou ao modelo de gestão política centralizada, tendo à sua testa o digno deputado Nelito Ekwikwi, um jovem brilhante que a todos nós orgulha, que até antes aí fora Secretário da Região Eleitoral de Belas.


O breve historial acima descrito, vem na sequência dos posts de lamentações e de insultos que vou lendo aqui, como reações à eventual exoneração do ilustre jovem deputado Nelito Ekwikwi daquele cargo.


Chamaram-meu a atenção a grosseria dos insultos, mas também a manipulação e aproveitamentos que se está a fazer a volta do assunto, por uns e para fins indignos, por que se não vejamos:


1- É indiscutível que a UNITA tenha aceite acatar, integralmente o Acórdão 700/2021, que ao anular o XIII° Congresso realizado em 2019, repôs os órgãos saídos do XII° Congresso, realizado em 2015.


2- A reposição destes órgãos, implica a retoma da estrutura orgânica existente até em 2019, sendo que o Presidente do Partido, no uso pleno das suas prerrogativas estatutárias tem toda a legitimidade e pode a todo o tempo, por sua conveniência operar qualquer mudança que achar conveniente.


Na semana passada, foram exibidas e partilhadas fotos de Despachos de exonerações, nomeações e repristinações, todos atribuídos ao Presidente do Partido e ninguém, pelo menos eu não vi, ousou questionar o que quer que fosse.


Seja na senda da reabilitação das Regiões Eleitorais, como já ocorreu, ou não, não vejo nada dele anormal nem mal.algum que o Presidente do Partido faça a movimentação de quadros que ele próprio um dia nomeou.


Compreendo e respeito os motivos dos que animam a contestação, não obstante, lanço-lhes o desafio de, se forem correntes, fazerem-no de forma sistemática e não selectiva, sob o risco de se revelarem inveterados oportunistas.


Que tal contestarem também a convocação do Congresso feita pelo mesmo Presidente, para o próximo mês?


A propósito, nunca será demais referir o facto de, contra oposição de toda a velha guarda, ser o Presidente Samakuva o responsável pela ascensão política de TODOS os jovens quadros da UNITA.


Confundi-lo, especialmente, pelos mesmo jovens que ele projectou só teria paralelo com o discípulo que, vergonhosamente, negou seu Mestre.

No tempo a uuninia soco...