Luanda - A recente exoneração de Nelito Ekuikui da posição de Secretário Provincial da UNITA em Luanda foi uma medida de prevenção contra possíveis impugnações ao próximo congresso do partido por parte das autoridades judiciais, esclareceu a deputada e jurista desse partido Mihaela Webba.

Fonte: VOA

“Ekuikui vai ficar fora apenas trinta dias, depois volta”

Ela comentava a controvérsia gerada em alguns círculos políticos pela medida anunciada pelo presidente do partido, Isaías Samakuva, que recentemente pediu – mas ainda não recebeu – esclarecimentos ao Tribunal Constitucional sobre o acordão anulando o último congresso da UNITA e assim anulando eleição de Adalberto Costa Júnior para a presidência da UNITA.


Entre os esclarecimentos que Samakuva buscou consta a validade ou não de acções tomadas pela UNITA desde esse congresso.

 

Samakuva, foi chamado a ocupar o cargo até à realização de um novo congresso e as recentes mexidas por si efectuadas, principalmente a exoneração do secretário de Luanda Nelito Ekuikui estão a provocar leituras distintas dentro e fora do maior partido na oposição com alguns analistas a considerarem ser um sinal de crise interna.

 

Mas isso é negado pela UNITA.

 

"As mexidas que o presidente Samakuva está a fazer devem ser encaradas como cumprimento do acórdão do TC, para mais tarde não virem com mais ideias de impugnação”, disse Mihaela Webba explicando que “Nelito Ekuikui não é de 2015, é de 2019, (ano do congresso anulado)”.

 

“A UNITA está acautelar-se, as pessoas estão a fazer tempestade num copo de água”, acrescentou a deputada para quem “Ekuikui vai ficar fora apenas trinta dias, depois volta qual é o problema?”.

 

"Eu não vejo problema, a confusão e crise está na cabeça dos do MPLA e outros que querem mal da UNITA", sublinhou.

 

Mas o cientista político Olívio Kilumbo entende que o acórdão do TC provocou problemas dentro da UNITA onde "as coisas internamente não estão bem”.

 

Kilumbo acrescentou que a UNITA corre riscos com a exoneração de Ekuikui.

 

“Exonerar Ekuikui a um mês do congresso é um risco, trocar Ekuikui a dez meses das eleições gerais é mais arriscado ainda", disse.

 

Ernesto Mulato um dos dirigentes da “velha guarda” da UNITA reforçou que não há qualquer problemas dentro do partido.

 

"À pessoa (de Isaías Samakuva) foi lhe dada responsabilidade, ele é o chefe e estamos todos de acordo e vamos pra frente”, disse acrescentando que “o partido é gerido por uma cúpula, uma direcção, não é uma pessoa".

 

Caso “as coisas não vão como queremos aí nos sentaremos com ele e conversamos”, acrescentou.