Luanda - A semelhança do debate que ocorreu para a estratificação grupal no partido político no poder, de onde ramificou os Eduardistas vs. Lourencistas, já não há, do outro lado, qualquer condição para a venda da miragem segundo a qual, há unidade e coesão no maior partido político na oposição angolana - a UNITA. Com a ascensão do agora anulado líder Adalberto Costa Júnior, a UNITA havia ganho uma dinâmica que, para alguns, não agrada, mas que, se se pesquisar se verificará que, este partido conheceu a sua melhor aceitação popular fora dos seus militantes, simpatizantes e amigos, depois da de 1992, com Jonas Malheiro Savimbi.

Fonte: Club-k.net

Como em tudo, esta aceitação deverá ter custado a então "nova liderança" certas cedências, num contrato de cavalheiros com os principais players fora da estrutura partidária, o que, no final das contas acabou reduzindo a margem de manobra para a manutenção de alguns postos, acomodação de outros e estreia de tantos, os "verdadeiros" donos daquilo tudo (na UNITA também tem os DDT's) sentiram suas aspirações ameaçadas e, portanto, foi necessário reavaliar os mecanismos de formas a reaver a hegemonia interna e, com isto, recuperar os lugares cimeiros dos DDT'S daquela organização. É neste quadro que, novamente, o Ilustre Diplomata Isaías Henrique Ngola Samakuva foi obrigado a regressar a liderança e conduzir um momento complexo e difícil, numa altura em que o mesmo se mostra agastado e desanimado para continuar a liderar máquina arquitetada por JMS, reerguida por ele e dinamizada por ACJ.


Ficou claro que, se de um lado, uma nova corrente consegue ameaçar efectivamente o partido político no poder (ainda que, para isto recorra a certos caminhos "menos elegantes", como a colaboração nos actos atentatório e de pressão as lideranças legais), do outro (e se o objetivo for recuperar a "originalidade da agremiação", que tem que ver com o respeito pela longevidade, pelos mais velhos e pela preservação dos cargos entre as principais famílias da organização), estarão no sentido inverso e dispostos até a cooperar com o adversário de formas a reaver o terreno "perdido".

 

Conclusão: há, claramente uma crispação na UNITA: estamos diante de duas UNITA's, a que pretende, a todo custo, o poder político e a que entende que o seu lugar é na oposição e, portanto, preservar a imagem conseguida e fazer manutenção do status de seus verdadeiros obreiros e herdeiros.

 

Enquanto isso, o MPLA, partido político no poder em Angola, vai afinando a sua máquina (notemos que JES está no país e as brigas entre Lourencistas e Eduardistas apaziguaram) e arquitectando a sua maquete rumo aos desafios políticos e eleitorais que se avizinham. Caso para dizer que, se a UNITA não conseguir, em tempo oportuno, retomar a sua caminhada, iniciada em 2003 com Samakuva e dinamizada a partir de 2019 com ACJ, não poderá culpar ninguém se não os seus próprios dirigentes e militantes.

Mahezo???!!

Atenciosamente
Malunda Ntchima ,
DE NAMBUANGONGO, - A LOCALIDADE MAIS ESQUECIDA PELO EXECUTIVO DO MPLA -, 06.11.2021