Luanda - Para melhorar a imagem de Angola no exterior, temos de saber fazer bem o trabalho de casa. Não basta publicitar as riquezas do subsolo e do off shore, os milhões de hectares de terras férteis, as ricas bacias hidrográficas sem paralelo em África, as paisagens deslumbrantes, os ritmos contagiantes, as danças sedutoras e as iguarias suculentas. Nem vale a pena tentar pintar o país com as cores do arco-íris.

*Alves Fernandes
Fonte: Club-k.net

Para melhorar a imagem de Angola além-fronteiras, devemos melhorar, em primeira instância, a forma como interpretamos a nossa realidade, sob todos os prismas, sem complexos.

 

É importante melhorar o modo como encaramos os nossos semelhantes e, acima de tudo, é urgente aperfeiçoar os métodos e procedimentos de gestão dos recursos que são de todos nós, a começar pelo recurso mais precioso e insubstituível: o capital humano.

 

Para tal, torna-se imperioso um compromisso irrevogável com a Pátria, com a Mãe Natureza, apostando na defesa do meio ambiente, tendo como premissa fundamental saneamento básico, condição sine qua non para conferir dignidade aos cidadãos e sustentabilidade aos programas de desenvolvimento económico e social.

 

Esta é a bandeira da OTCHIVA, a única associação ambientalista que se dedica inteiramente à protecção dos mangais, envolvendo a sociedade civil, o Estado e o sector privado, com apoio da comunidade internacional. Graças às persistência dos jovens voluntários da OTCHIVA, actuando sempre numa perspectiva pedagógica e de intercâmbio com outras instituições, regista-se um número crescente de Angolanos, fora das universidades e dos centros de decisão, que vai ganhando consciência da importância desses ecossistemas para preservação da vida no planeta.

 

Os mangais são o berçário de 80% da vida marinha; constituem barreiras naturais contra os principais factores de erosão da orla costeira, tais como calemas, tufões e tsunamis, entre outros; e têm a particularidade de absorver cinco vezes mais CO2 (dióxido de carbono) do que as florestas continentais.

 

O rigor e a transparência na gestão das contribuições dos voluntários e dos patrocinadores chacelaram o reconhecimento e os incentivos da União Africana, das Nações Unidas e do corpo diplomático acreditado em Angola. Neste momento, a presidente-fundadora da OTCHIVA, FERNANDA RENÉE, é o rosto mais visível e a figura mais solicitada da delegação angolana que participa na COP26, a Cimeira sobre as Alterações Climáticas que decorre em Glasgow, na Escócia.

 

Ao longo de cinco anos de trabalho árduo e aprendizagem permanente, os voluntários da OTCHIVA têm-se desdobrado em campanhas de limpeza e reflorestação nos mangais, assim como em acções de educação ambiental e consciencialização da sociedade.

 

A associação conta com um naipe de especialistas em áreas distintas como biologia, engenharias civil, química, hidráulica e ambiental; geologia, cartografia, estatística e saneamento. Realizam expedições periódicas para monitorar os níveis de contaminação da água, dos solos e da vegetação, em Luanda, Lobito, Ambriz, Nzeto e Cabinda. Há projectos em carteira para o Porto Amboim, Sumbe, Moçâmedes e Tômbwa.

 

Com humildade e responsabilidade, a OTCHIVA conquistou parceiros em todos os sectores da sociedade, incluindo nas Forças Armadas Angolanas e na Polícia Nacional, tendo merecido recentemente o reconhecimento do Mais Alto Mandatário da Nação, que não hesitou em engajar as suas impressões digitais no esforço colectivo para a restauração e conservação dos mangais.

 

A fórmula para a melhorar a imagem de Angola é simples e está ao alcance de todos nós: concertação permanente para construir parcerias sólidas; apurar os mais amplos consensos para que todos participem com um sentimento de pertença e ninguém seja deixado para trás; investir na educação e na investigação científica para potenciar académicos, estudantes e empreendedores; empoderar as comunidades mais desfavorecidas, produzir legislação apropriada e disciplinar os investidores para garantir uma gestão sustentável dos recursos proporcionados pela Mãe Natureza.

 

Esta visão congregadora, alicerçada na ciência e direccionada para a defesa do bem comum, pode e deve ser aplicada em todos os sectores da sociedade, em todos os ramos de actividade, condição indispensável para o resgate do respeito e da confiança em nós mesmos. Só assim será possível fazer de Angola um país amigo do ambiente e mais atractivo para o investimento directo estrangeiro, tornando-se igualmente num destino turístico de excelência.

 

Por conseguinte, não restam dúvidas de que só poderemos melhorar e credibilizar a imagem de Angola além-fronteiras se estivermos verdadeiramente empenhados em fazer bem trabalho de casa. Bem haja, OTCHIVA.