Lisboa - O ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, defendeu hoje em Lisboa a criação de um banco de investimento pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), considerando que "o alicerce financeiro é o nervo da guerra".

Fonte: Lusa

Questionado pela Lusa sobre se um banco de investimento da CPLP era necessário para suprir necessidades que o conjunto das instituição multilaterais de financiamento não resolve, Téte António respondeu: "Porquê um banco de investimento da CPLP, como se estivesse a perguntar 'porquê um pilar económico da CPLP, apesar de todos os outros mecanismos existentes para o mesmo objetivo'?".

"Pensamos que a CPLP tem as suas características, tem as suas necessidades. Como todos os outros grupos [organizações multilaterais], temos que ter todos os instrumentos para completar este mosaico de decisões que tomamos em termos de comércio, de negócios, mobilidade, circulação de pessoas e bens", disse então o chefe da diplomacia angolana, no final de um encontro com o secretário-executivo da organização, Zacarias da Costa, em Lisboa.

"Tudo isto requer a existência de todos os alicerces. E o alicerce financeiro é o nervo da guerra. Teríamos um mosaico incompleto se não tivéssemos esse instrumento à nossa disposição", acrescentou.

O ministro das Relações Externas de Angola, que assumiu em meados de julho a presidência bianual da CPLP, sustentou: "A questão do banco de investimento está a ser vista. Faz parte do tal pilar económico. O banco é um instrumento crucial para os projetos que temos em matéria económica possam vingar".

Neste âmbito, o ministro revelou que está prevista "nos próximos dias" uma "reunião técnica tripartida em Luanda" com a participação dos ministérios das Finanças, Comércio e Economia da CPLP - para se "começar a materializar este desiderato dos Estados-membros".

"Também está prevista uma reunião ministerial ainda sobre a mesma matéria no início do próximo ano", adiantou o chefe da diplomacia angolano, que "vai afinar a máquina para que este projeto seja uma realidade".

Téte António escusou-se a avançar pormenores sobre a vertente empresarial do pilar económico que Angola aposta "materializar", remetendo-os para o resultado dessa reunião ministerial.

"Penso que é preciso dar a primazia às áreas técnicas para trabalharem na questão, a reunião técnica e depois a reunião ministerial. Com certeza, depois teremos muito mais elementos para dar à imprensa", afirmou.

"Penso que entre os Estados-membros há um consenso sobre esta questão [quarto pilar, ou pilar económico da CPLP]. Foi consignada a decisão [na XIII Cimeira de chefes de Estado e de Governo em julho, que lançou a presidência angolana], estamos todos de acordo que vamos avançar nessa direção", referiu.

Zacarias da Costa considerou que "a dimensão económica faltava na CPLP, e em boa hora a presidência angolana a elegeu como um dos objetivos principais [do seu mandato]".

A questão, sublinhou por outro lado o secretário-executivo da CPLP, implica "olhar para os estatutos de organização, por forma a ser incluído este objetivo", que "é importantíssimo na vida" da organização.

"Estamos a trabalhar nisso, para que essa dimensão que faltava possa ser materializada, com as discussões que foram tendo lugar noutras presidências, mas que, em particular, nesta presidência certamente iremos materializar", explicou Zacarias da Costa.