Lobito - Luisete Araújo, candidata independente às eleições presidenciais, adere à marcha contra as demolições e desalojamentos forçados "NÃO PARTAM A MINHA CASA" que vai realizar-se a 25 de Março de 2010 em Benguela.


Fonte: http://quintasdedebate.blogspot.com/


O movimento de adesão à marcha de 25 e de solidariedade para com as vítimas das demolições e desalojamentos forçados, vem aumentando, enquanto se espera pela decisão do tribunal provincial de Benguela em relação à queixa apresentada pela OMUNGA contra a recomendação do governador provincial para que a mesma não seja realizada.


Atendendo à importância do assunto, transcrevemos a carta que Fernando Pacheco, presidente da mesa da assembleia geral da ADRA e coordenador do OPSA, dirigiu hoje ao governador provincial de Benguela.


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Exmo. Sr.


General Armando da Cruz Neto

Governador da Província de Benguela

Benguela

Excelência


Desde que nos conhecemos desde os anos 70 uniu-nos o desejo de lutarmos pela independência da nossa querida Pátria e o bem-estar das populações que mais sofreram com o colonialismo. Estou seguro que esse sentimento continua vivo.


Na minha condição de cidadão estou muito preocupado com as demolições que vêm acontecendo no país de casas de pessoas modestas que ficam ao relento com crianças, mulheres e velhos ao sol e à chuva. Sei que tem havido violações à lei no que respeita a construções clandestinas, mas, Excelência, sabemos ambos que desrespeitos à lei têm acontecido por parte de muita gente, sem que sobre elas se abatam consequências como esta. O que se pretende, não é que a lei fique por cumprir, mas simplesmente que (i) haja diálogo com as populações e (ii) se criem condições prévias de alojamento antes das demolições. Desse modo, as coisas correrão melhor e todos ganharemos. Não será por atrasar seis meses que o processo descarrilará, e o Estado também tem que medir as suas responsabilidades porque deixou a ilegalidade crescer impune durante muitos anos sem nada fazer.


Que a situação é complexa demonstram os factos do Lubango, onde há uma clara divergência entre o Governador e vários dos seus colaboradores, como ficou claro na entrevista do responsável máximo da província ao Novo Jornal de 19/03/2010 e em entrevistas do 1.º Secretário do MPLA em exercício.


Com esta carta peço, em meu nome pessoal, que não engaja os organismos aos quais ligado, ao Sr. Governador que não só encare este assunto de acordo às minhas sugestões, mas também não proiba a marcha prevista para o dia 25 de Março onde as pessoas pretendem apenas que não se destrua as suas casas sem uma solução justa, dois aspectos que estão contemplados na nova Constituição que, como disse Sua Excelência o Presidente da República, deve ser cumprida por todos nesta fase do nosso país.


Luanda, 22 de Março de 2010


Fernando Pacheco

Presidente da Mesa da Assembleia Geral da ADRA

Coordenador do Observatório Político-Social Angolano