Luanda - Os discursos de alguns dirigentes da UNITA estão a ser ultimamente acompanhados com a retórica de seguir ou não as pessoas. Fê-lo Isaías Samakuva na sua comunicação por ocasião do aniversario da independência nacional. Fê-lo também, no dia 28, a corrente de membros da comissão política que é contra a realização do congresso convocado para este mês. No congresso que começa esta semana, os delegados deveriam debater este tema tendo como base os ensinamentos do seu líder fundador. Pelo entendimento que há, baseados, em vários discursos de Jonas Savimbi, é de que devem seguir alguém – no interior da UNITA - que congrega valores e capaz de aglutinar todos para uma causa.

Fonte: Club-k.net

Quando em 1964, Jonas Savimbi deixou a UPA, alguns nacionalistas seguiram-no porque identificaram nele capacidade para levar a luta, em que acreditavam, para um outro rumo diferente ao movimento em que militavam, como justifica Ernesto Mulato nas suas memórias: “Ao longo dos tempos fui notando e concluindo que estava ao lado de um grande líder emergente. Fui notando, por isso que integrei o posterior movimento de libertação nacional que veio a fundar a UNITA, na companhia de vários outros jovens intelectuais avidos de mudar o curso do combate contra o colonialismo português, a partir do interior do país”.


Nas entrevistas que deu quando publicou o seu livro, Bela Malaquias, revelou que Savimbi dizia aos quadros para que quando ele já não estivesse que seguissem o Sangumba. No bailundo, chegou a chamar os seus conselheiros dizendo que se algo lhe acontecesse que seguissem o general Dembo, que chamassem o Gato, para vice, o Chivukuvuvu para SG e Samakuva.


Quando Savimbi, morreu o general Lukamba “Gato” enviou a 24 de Fevereiro, uma mensagem a Dembo encorajando-o a seguir as suas responsabilidade de novo líder manifestando estar a sua disposição. Com a morte de Dembo, os comandantes militares de varias baixaram as armas e seguiram o general Gato. Regressados as cidades, os delegados ao congresso pos-Savimbi, seguiram Isaías Samakuva que era entre os candidatos que não tinha imagem associada a guerra.


Um ano antes de morrer, Jonas Savimbi transmitiu aos seus seguidores na área de Saluka, Moxico, que “Quando identificarmos alguém que pode amanha congregar os outros para continuação da luta, alguém que pode fazer a diferença no partido, seja protegido seja acarinhado”.


No ponto de vista de Savimbi, “Também o partido não pode viver só e permanentemente da intriga e da ambição. O partido tem de saber que não ganha nada com essa prática, não ganha nada sem ter excepcionais que garantam a continuação da luta. A UNITA não é uma casa familiar”.

 

Neste momento a figura congregadora na UNITA, é Adalberto Costa Júnior. Quem o diz, já não é Savimbi que esta morto. É o próprio regime. Se assim não fosse, o MPLA não perderia tempo na campanha contra a sua pessoa, nem o Presidente João Lourenço sacrificaria a reputação de um tribunal superior para o afastar da liderança da UNITA, e com isso paralisar a Frente Patriótica Única.


O Victor Hugo S. Plineo Ngongo da comissão politica da UNITA não está errado quando apela “aos militantes do meu partido que acham que assuntos internos devem ser tratados a público, que estão errados. Deviam saber que, ao quererem fazer-se passar por melhores militantes que os outros, têm manchado a boa imagem do partido construída com muito sacrifício, honestidade, entrega, patriotismo e com espírito de militância que merece nosso grande respeito”.


Recorrer a um tribunal que os próprios juízes perderam confiança nele, depois de colocado nas mãos de uma dirigente do BP do MPLA, é pedir ao partido no poder que faça do projecto de Jonas Savimbi, o mesmo que fizeram com a FNLA. “As motivações podem ser varias mas o resultado é apenas um, a destabilização da UNITA”, conforme escreveu o jornalista português Celso Filipe, na edição de hoje do Jornal Negócios.