Brasil - Os problemas internos da UNITA estão a ter também reflexos muito profundos nas análises de alguns outsiders.

Fonte: Club-k.net

Por exemplo, o discurso do conselheiro da República Ismael Mateus sobre a UNITA varia consoante o dia, o humor e os personagens envolvidos. Alterna a crítica feroz com apelos à paz e à reconciliação internas.


Por exemplo, no dia 6 de Novembro, ele escreveu no Facebook que os principais problemas que minam a UNITA “estão a vir de dentro” ou “dos que não sendo do partido são declarados aliados e simpatizantes”.

 

Muita gente concordou com o conselheiro.


Na verdade, o Tribunal Constitucional e o MPLA só se envolvem nos problemas internos da UNITA porque alguém, a partir de dentro, lhes abriu a porta ou deixou-a propositadamente entreaberta.


No dia 01 de Dezembro, véspera do XIII Congresso, a Comissão Política da UNITA descobriu que José Pedro Katchiungo, José Eduardo e Altino Kapango são a porta a partir da qual saem e entram os problemas que geram confusão nos militantes do partido.


Com 150 votos a favor (85%), 20 votos contra (11%) e 6 abstenções (4%), a Comissão Política do Comité Permanente da UNITA decidiu suspender preventivamente o trio, o que fez “nos termos do número 1 do artigo 21º. dos Estatutos do Partido”.


Já em reunião extraordinária da sua Comissão Política, realizada no dia 28 de Novembro, a UNITA decidira suspender, também preventivamente, 7 dos seus membros, por haverem violado os Estatutos do Partido.


No dia 2 deste mês, reagindo à suspensão de José Pedro Katchiungo, o conselheiro Ismael Mateus escreveu: “Eu e o Ze Pedro travamos nos nossos tempos de estudantes em Lisboa grandes debates sobre a UNITA. É impensável para mim alguém imaginar que o Zé Pedro possa estar ao serviço de outro partido que nao seja a UNITA. Nao cabe mesmo na minhas cabeça”.


Temos, portanto, que, na cabeça de Ismael Mateus os 150 membros da Comissão Política da UNITA que votaram pela suspensão de José Pedro Katchiungo ou não tinham as cabeças no lugar ou foram possuídas por forças estranhas.


Por causa dos “tempos de estudantes em Lisboa”, Ismael Mateus tem a certeza de conhecer melhor José Pedro Katchiungo do que os dirigentes e militantes da UNITA que convivem com ele diariamente e que ouviram áudios em que o ora suspenso se engaja em práticas que desonram qualquer pessoa civilizada.


É caso para dizer que quando se trata de meter a mão na seara da UNITA, militantes do MPLA assumem o que ontem negaram e vice-versa.


É claramente o caso do conselheiro Ismael Mateus, para quem o “amigo” José Pedro Katchingo nunca por nunca poderia ser uma das portas por onde entram os problemas que o MPLA cria na UNITA.

 

Deveria igualmente o sábio das obras perfeitas   concentrar-se nas razões que estão por baixo da expulsão de Tchizé dos Santos, membro do comitê central do MPLA,  que nunca veio a terreiro explicar aos angolanos que os estatutos do MPLA, não permitem que seja expulso qualquer membro do partido  durante a vigência do seu mandato.  Só o congresso poderia fazê-lo.