Luanda - O autor das três recentes obras literárias, “A Viagem”, “A Revelação” e “A Celebração”, estas duas últimas lançadas sexta-feira (10), em Luanda, da trilogia infantil “Aventuras do Pai Natal”, assegurou, em entrevista ao Club-K Angola, que o objectivo das narrativas é democratizar uma imaginação das crianças, mas também propor na sociedade angolana uma possibilidade de se mudar as imagens com foco nas nossas realidades e valores culturais.

* Óscar Ganga
Fonte: Club-k.net

“A Revelação” e “A Celebração”, sendo segundo e terceiro volumes (sequência do primeiro –A Viagem), todas obras com 20 páginas cada, dirigidas a crianças, retratam temas à volta das aventuras do “Pai Natal”, uma personagem muito famosa no mundo ocidental que emigra do hemisfério norte para um deserto em África.

“O principal objectivo destes trabalhos é estabelecer um convite à sociedade para entendermos o que acontece se transformarmos uma das figuras mais famosas do mundo ocidental num emigrantes no deserto africano. Dizer nesta proposta o que muda. Se em vez de construírem os seus brinquedos ou as tuas narrativas no hemisfério norte, construí-las no hemisférios sul. O que aconteceria se o Pai Natal no hemisfério sul na altura do Natal...? Estou cansado de ver os nossos irmãos a ficarem desidratados à frente dos supermercados vestidos de Pai Natal, mesmo com tanto calor a vestir aqueles fatos de flanela”, justificou o autor.

De acordo com o autor, é preciso mudar alguns paradigmas para o contexto da realidade angolana, em particular, e em África, de forma geral, “democratizar a imaginação das crianças, mas também propor na sociedade esta possibilidade”, mas, no entanto, esclarece Mosquito, não querendo com esta abordagem fazer um “Pai Natal” africano.

“Será que se mudarmos essas imagens, isso não afecta a nossa finança, a nossa economia? ... Porque a indústria de postais é milionária, a indústria de estátuas de Pai Natal é milionário, a indústria das árvores de Natal é milionária. Entretanto, se nós produzirmos isso em vez de importarmos, o que acontece com o Pai Natal na realidade africana?”, questionou, assegurando “não estamos a fazer apenas a nível nacional, mas a nível continental. Não queremos fazer um pai natal negro, porque ele não é negro”, esclareceu.

Quando questionado a razão de os três volumes serem dedicados a crianças, o também considerado -homens das artes respondeu-, “As crianças parecem-me ser um foco importante. Eu gosto de conversar com as crianças, porque elas fazem perguntas quando não sabem, admitem quando não sabem e são curiosas em saber. Mas existe este convite às famílias e às comunidades, porque se tocarmos na criança estamos a tocar nos seus pais, primos, tios, e em toda dinâmica familiar. Então o convite é plural”.

 

Nástio Mosquito considera o livro intitulado “A Viagem”, o primeiro volume da trilogia infantil que aborda “Aventuras do Pai Natal em África”, como sendo a obra literária mais importantes da sua carreira no mundo da literatura, pelo menos até ao momento que coloca à disposição do público a sequência de três volumes, na qual as pessoas podem adquiri-las separadamente.