Ondjiva – Sete mil e 779 angolanos refugiados na vizinha República da Namibia por causa da seca e da fome começam a ser reassentados, quinta-feira, no Centro de Acolhimento de Calueque, município de Ombadja, 200 quilómetros da cidade de Ondjiva, capital da província do Cunene.

Fonte: Angop

Hoje, o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, deslocou-se a Calueque para constar as condições de alojamento da população que deverá ser transportada num período de um mês.

Em declarações à imprensa, o ministro de Estado confirmou estarem criadas as condições de acomodação da população, entre mulheres, homens e crianças.

Referiu que o Executivo está preocupado com situação e, por isso, criou um programa de transferência destas pessoas, que serão assistidas num período de seis a oito meses, enquanto se prepara o programa de retorno às suas zonas de origem.

Explicou que foi disponibilizada uma frota de nove autocarros para, entre 25 a 30 dias, transportar toda população.

Na ocasião, Pereira Furtado entregou o primeiro de vários lotes de bens alimentares diversos, utensílios de cozinha, para as primeiras famílias a habitar o local.

Disse que foi reservada uma área de 24 hectares, na zona divisória entre os municípios do Curoca e Ombadja, onde serão preparados 110 lotes para às famílias.

Para além do realojamento, informou, foi criada uma área para o cultivo, onde as comunidades estarão inseridas na actividade agrícola de irrigação, acrescentando que será instalado no local um hospital de campanha com capacidade para 200 camas, numa área de quatro hectares.

Por outro lado, garantiu que a população será vacinada contra à Covid-19, com uma dose única, logo à chegada.

Localizado a 196 quilómetros da cidade de Ondjiva, o Calueque situa-se na comuna de Naulila, município Ombadja, e é considerado estratégico devido ao seu potencial hídrico e eléctrico, sustentado pelas barragens do Calueque e do Ruacaná, bem como a proximidade com a Namíbia.

Em consequência da fome, motivada pela seca, as autoridades namibianas enfrentam um fluxo migratório de mais de sete mil angolanos idos das províncias do Namibe, Cunene e da Huíla à procura de trabalho em campos agrícolas, pastorícias ou como empregados domésticos.

As regiões com maior concentração de angolanos são Owanguena e Omussati, Norte da Namíbia, com três mil 100 pessoas, seguindo-se as zonas de irrigação de de Etunda e Oshifo.

A seca cíclica no Cunene afecta actualmente 552 mil 638 pessoas, sobretudo nos municípios do Curoca, do Cuanhama, da Cahama e de Ombadja.