Luanda - O comboio da prosperidade económica e do desenvolvimento sustentável de Angola deve trilhar os carris, sem colocar em causa as cores partidárias.

Fonte : Club-k.net

O encontro de cortesia do Presidente da República, João Lourenço, com o seu antecessor José Eduardo dos Santos, na véspera do Natal, foi entendido como uma passo adiante para a reconciliação.

 

A relação entre o actual PR e o Ex-estadista angolano foi sempre caracterizada por uma relação de hipocrisia. Antes da sua indicação à cabeça de lista do MPLA às eleições de 2017, J'LO fez uma travessia no deserto, até ocupar o cargo de Ministro da Defesa. A meio do percurso surgiram chuvas de intrigas palacianas que terão afetado e agudizado a convivência entre às partes.

 

Posteriormente, a relação entre J'LO e JES começou a ser beliscada quando o actual PR chamou de Marimbondo aos milionários do MPLA, que assaltaram o erário público, onde pontificam figuras como Manuel Vicente, General Kopelipa, Leopoldino do Nascimento, Isabel dos Santos e tantos outros sanguessugas do erário público. Os novos episódios da novela "Marimbondos" ditou a anulação de vários contratos públicos milionários que estavam envolvidos, não só os principais "testas-de-ferro" de JES, mas como também os filhos do Homem que governou Angola durante 38 anos.

 

As medidas tomadas por J'LO criaram rotura entre o núcleo duro do MPLA, que sempre endeusou a "clarividência" de JES. Em consequência, surgiu a tese de "perseguição política à família Dos Santos", tendo forçado o auto-exílio de Eduardo dos Santos e filhos, excepção feita à José Filomeno dos Santos "Zenú", que não conseguiu ludibriar os serviços de investigação criminal, chegando ao ponto de ver o sol nascer quadrado.

 

Por essas e por outras, a visita de cortesia de João Lourenço, é interpretada como um gesto de troca de presente de "amigos ocultos", típico da quadra festiva.

Porém, a lição que pode ser retirada deste encontro memorável, é que os políticos devem entender que "os interesses de Angola estão acima de interesses de qualquer angolano ou partido".

 

No mesmo diapasão, é imperativo que o titular do Poder Executivo, João Lourenço, promova um diálogo aberto com os Líderes de partidos políticos, longe de prognósticos eleitorais.


Não seria apenas uma simples sessão de degustação dos pratos típicos da terra, da "água do chefe" ou da boa quissangua, mas sim uma confraternização como manda a tradição da boa sentada familiar no "Odjango" do Palácio Presidencial.

 

Do ponto de vista de impacto político, o momento serviria para anunciar ao país e ao mundo que, apesar da diferença das cores partidárias, os irmãos "desavindos" estão reconciliados e de mãos-dada, anunciando o "casamento blindado" pautado na convivência na diversidade.

 

Estamos certo que o simples gesto iria provocar um congestionamento de potenciais investidores estrangeiros no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda. O efeito boomerang seria extensivo e impactante no processo de unidade e reconciliação nacional, e iria relançar o desenvolvimento do tecido social e económica do país.

 

Acredito piamente que o meu "sonho utópico" traduz a vontade de milhões de angolanos, pelas mesmas razões, e acreditam que o País só poderá trilhar o caminho do desenvolvimento sustentável quando o bem-comum falar mais alto do que o ego político-partidário ou de interesses de Marimbondos e Caranguejos.

 

Para a transformação do "sonho utópico", o PR João Lourenço deverá adoptar a postura de verdadeiro Estadista e convidar os adversários políticos, com Líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, à cabeça, para uma amena cavaqueira.

 

Caso haja dificuldade de sentarem-se à mesma mesa para refletir Angola do futuro, então falem em pé ou deitados, mas, o mais importante é pensar e falar Angola, em nome das gerações vindouras.

 

Há menos de um ano para realização das eleições gerais, independentemente do vencedor, é importante que quem tem responsabilidades políticas acrescidas reflita como é que quer ser lembrado no futuro, ou seja, a segunda geração de políticos angolanos pós independência deve deixar um legado acente em valores de perdão, humanização e com uma visão prospetiva.

 

Sua Excelência Presidente da República, João Lourenço, não permite que o espírito de revanche e complexo de superioridade política comprometa o futuro dos angolanos, afinal, "a solução está em vossas mãos".