Luanda - O gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA) considera que a economia de Angola pode crescer até 4% já este ano, alertando, no entanto, para os perigos da política expansionista em ano eleitoral.

Fonte: Lusa

"Para o total da economia, o Ministério das Finanças prevê um crescimento de 2,4%, enquanto nós esperamos um aumento da atividade económica entre os 3,5% e os 4,0%", lê-se numa análise ao Orçamento do Estado de Angola este ano.

Na análise enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, os analistas do BFA apontam que "o orçamento é expansionista para tentar incentivar a economia", mas alertam que "o sinal mais preocupante relativamente à despesa vem do largo aumento dos gastos em Despesas Gerais".

Tratam-se, acrescentam, "de gastos que, em grande parte, não parecem estar alocados a programas específicos; nesse sentido, torna-se mais difícil a fiscalização dos mesmos, e o próprio planeamento do Estado" num ano que será marcado pelas eleições, previstas para o final de agosto.

No documento, os analistas salientam que, como é habitual, a previsão do preço do barril é conservadora não só face ao histórico, mas também face às previsões internacionais e ao preço atual, acima dos 80 dólares por barril; assim, enquanto o BFA antevê o preço de cada barril nos 72 dólares, Luanda estima um preço de 59 dólares, o que está 19% abaixo da média da previsão dos analistas, diz o BFA.

O BFA, que antecipa que Angola tenha terminado 2021 com um crescimento de 1 a 1,5%, saindo da recessão, afirma que apesar do conservadorismo nalgumas previsões, o Orçamento "é uma clara aplicação de política orçamental expansionista, para tentar incentivar a economia (apesar do movimento nesse sentido ser ligeiro), o que se vê pelo movimento do Saldo Primário não petrolífero, que se agrava de -4,5% para -5,7% na expectativa do Governo", o que compara com a previsão de -6,2% dos analistas do banco.

Para o BFA, os principais elementos da política expansionista em ano eleitoral "são a diminuição do IVA para uma série de bens alimentares, o aumento da despesa em transferências correntes (sobretudo subsídios) e a subida dos gastos em bens & serviços".

A proposta de Lei do OE 2022 foi aprovada a 14 de dezembro com 135 votos a favor do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), 53 votos contra da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), da Convergência Ampla de Salvação de Angola -- Coligação Eleitoral (CASA-CE) e de deputados independentes e três abstenções da Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) e do Partido de Renovação Social (PRS).