Luanda - O ministro da Saúde, José Van-Dúnem, declarou, ontem, ilegal o uso e comercialização no país do “VK500”, medicamento utilizado para tratar pacientes portadores de anemia falciforme. “É ilegal e não existe nada que prove cientificamente a eficácia do VK500 no tratamento de anemia falciforme” afirmou o ministro, ontem, em entrevista à RNA.

José Van-Dúnem justificou o facto de só agora o Governo ter tomado a decisão depois do medicamento estar a ser utilizado há já algum tempo.
“Houve uma grande pressão social. Estávamos abertos porque temos a obrigação de olhar para todas as oportunidades sem preconceitos”, disse o ministro, sublinhando ter sido nesta base que o “Governo permitiu que se fizesse um estudo científico obedecendo aos critérios que devem seguir a adopção dos medicamentos”.

José Van-Dúnem explicou que o estudo não foi feito de acordo com os critérios estabelecidos. “Se de facto se acredita que o VK500 pode ser a solução da drepanocitose e que pode melhorar a condição dos doentes com drepanocitose os seus promotores devem, primeiro, dizer qual é o princípio activo registado e só depois proceder aos passos necessários para que ele seja admitido como medicamento” afirmou.

Outra preocupação manifestada pelo ministro prende-se com o facto de, recentemente, ter decorrido em África uma reunião sobre a drepanocitose e o criador do VK500, Medegan, não ter sido convidado. José Van-Dúnem disse, a propósito, que os EUA têm uma das maiores populações de doentes com falsiformação do mundo e que, se o VK500 fosse de facto “a droga miraculosa de que se faz apologia, os Estado Unidos da América tinham-na absorvido, porque possui um mercado extraordinário e não deixam as grandes oportunidades de fora”.

O ministro da Saúde indicou que o Governo tem, em primeiro lugar, responsabilidades para com a população do país, e, em segundo, lugar tem de respeitar o ponto de vista científico.

Recordou que o seu antecessor, Rubem Sicato, já havia proibido a venda e a circulação do VK500. O presidente da Associação Angolana de Apoio aos Doentes de Anemia Falciforme, Luís Fernando, disse aguardar por uma notificação oficial da proibição da importação, comercialização e uso do VK500.

Acrescentou que uma proibição representa um “retrocesso e frustração” para todos os que beneficiam do medicamento.
“Se, de facto, o medicamento já não pode entrar no país, que isso nos seja dito por escrito”, afirmou Luís Fernando, lembrando que o acordo apenas restringia a circulação do VK500 e não a sua importação e uso.

Fonte: Angop