Luanda - A Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhadores Angolanos-Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Força Sindical rejeitam o valor proposto pelo Governo para a actualização do salário mínimo por não reflectir a realidade dos trabalhadores e criticam o facto de não terem sido ouvidas.

Fonte: VOA

Ante este cenário, aquelas centrais entregaram nesta quinta-feira, 3, uma carta de protesto na Presidência da República, na qual pedem para ser ouvidas e disponibilizam-se para fazer parte da solução.

 

O aumento de 50 por cento do salário mínimo anunciado pelo Governo chega a pouco mais de 30 por cento do valor da cesta básica, segundo o secretário-geral da UNTA, na conferência de imprensa realizada hoje na sede daquela central

 

“O salário minimo deve ser próximo do custo da cesta básica alimentar que não está abaixo de 100 mil kwanzas (cerca de 90 dólares) e é a partir desse patamar que se deve calcular o salário minimo”, afirmou José Laurindo, para quem “não é preciso ser matemático, apenas entender de aritmética para se saber com o aumento proposto o salário mínimo estará à volta de 31 mil kwansas (31 dólares)”.

 

O secretário-geral da CGSILA disse que, por não terem sido ouvidas, “as centrais sindicais angolanas recusam e não se vinculam à posição que o Governo tomou porque, além de ser unilateral, reprovamos o valor aprovado pelo Governo na medida em que esse valor não corresponde à perda do poder de compra que se vem deteriorando ao longo dos anos”.

 

Francisco Jacinto explicou que o valor aplicado pelo Governo não vai resolver os problemas porque, “além do valor que podemos apresentar, queremos discutir outras medidas colaterais, como questões económicas que podem valorizar o salário que vai ser aumentado”.

 

Por isso, sublinhou Jacinto, "como não fomos ouvidos, acabámos de elaborar e ainda hoje daremos entrada do nosso protesto junto do Presidente da República para, num prazo razoável, o Presidente e o seu Executivo se pronunciarem a propósito”.

 

Sem falar em prazo para uma resposta do Governo, o secretário-geral da UNTA disse aguardar pelo posicionamento do Presidente, mas lembrou que os sindicatos estão preparados para tomar as “acções de luta” que eles têm à disposição”.

 

“Diálogo, greves e manifestações são as nossas acções de luta, e estamos abertos e dispostos a tudo, em dependência de como formos correspondidos”, disse José Laurindo.

 

Aquele sindicalista referiu-se ainda a “informações que circulam que os sindicatos foram ouvidos”, que, segundo ele, não correspondem à realidade porque “participar de um estudo sobre valores do salário mínimo e participar da decisão são duas coisas diferentes”.

O aumento

Na terça-feira, 1, o Conselho de Ministros aprovou a proposta de aumento do salário mínimo nacional no setor privado na ordem dos 50 por cento.

 

A ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), Teresa Dias, informou que antes da decisão foi realizado um trabalho por um grupo técnico, integrado pelo Governo e parceiros sociais, entre os quais as principais forças sindicais do país.

 

De acordo com a proposta, quem aufere 21 mil kwanzas (quase 32 dólares), verá o salário subir para 32 mil kwanzas (40 dólares), a classe dos transportes e afins que ganhava 26 mil kwanzas vai passar para 40 mil kwanzas (quase 62 dólares), nos sectores do comércio e indústria extractiva o salário sairá de 32 mil para 48 mil kwanzas (cerca de 75 cinco dólares).

 

A proposta deve seguir para o Parlamento para a devida orçamentação do aumento salarial.