Luanda - No dia 4 de Fevereiro, o General Francisco Furtado, Ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, garantiu que as eleições gerais de Agosto deste ano vão ser "livres, justas e transparentes". O compromisso foi assumido na Lunda Sul, numa intervenção dedicada à comemoração oficial do 61º aniversário do início da luta armada pela libertação nacional do poder colonial português, em representação do Presidente da República.

Fonte: Club-k.net

Mas convém investigar, Senhor General

Não sendo competência da Casa Militar organizar eleições, como pode o Chefe da Casa Militar do Presidente da República fornecer tal garantia? Ao fazê-lo, o Ministro de Estado está apenas a confirmar aquilo que os angolanos já sabem: que o Presidente da República, através da sua Casa Militar, é a entidade que organiza de facto as eleições e determina antecipadamente os resultados a atribuir a cada concorrente. Pode também estar a transmitir a mensagem de que, desta vez, o Presidente da República quer corrigir esta prática ilegal e inconstitucional. Se for este o caso, então, o Chefe da Casa Militar do Presidente da República deve investigar mais o assunto para vir explicar aos angolanos a razão porque o Presidente da República foi buscar o engenheiro informático Rogério Rodrigues Saraiva Ferreira, o arquitecto do modelo das fraudes electrónicas de 2008, 2012 e 2017, para o nomear para o cargo de chefe do Centro de Gestão Eletrónica da Casa Militar do Presidente da República.

 

A nomeação foi feita através do Despacho número 22/2022, de 26 de Janeiro. Quem deu posse ao engenheiro informático arquitecto da fraude contra o povo angolano nesta sua nova função oficial, foi o próprio General Furtado. O cargo não existia até pouco tempo na estrutura oficial da Casa Militar. O engenheiro Rogério Saraiva Ferreira é o oficial que em períodos eleitorais da governação de José Eduardo dos Santos, foi infiltrado na CNE para operar como "consultor" e principal interlocutor do regime junto da INDRA e coordenador efectivo do Centro de Escrutínio Nacional da CNE onde se fazem as fraudes por via dos computadores e softwares instalados pela INDRA. A mesma INDRA que foi novamente chamada, sem concurso ou concorrência real, para voltar a fornecer os computadores e as linhas de transmissão dos resultados eleitorais. O Centro de Escrutínio vai ficar instalado nas imediações do Palácio, a escassos metros da Casa Militar, ligados por uma rua privada. Perante estes factos, a transparência, a lisura e o bom senso exigem que sejam dadas aos angolanos garantias mais credíveis para acreditarem que não haverá mesmo interferências subversivas da Casa Militar nas eleições de Agosto. Caso contrário, o engenheiro Rogério Saraiva Ferreira terá de enfrentar a justiça, porque os crimes não prescrevem.

 

O general Francisco Furtado, sublinhou ainda que este pleito eleitoral vai ser organizado de forma a cumprir com todas as exigências constitucionais, onde se inclui a garantia da transparência e justiça nos resultados. Novamente perguntamos: não é a CNE que deveria dar esta garantia? Ou a Casa Militar é que manda na CNE? Temos dados que provam que o engenheiro Rogério Saraiva Ferreira consta há anos da folha de salários da CNE como "consultor" mesmo não pondo lá os pés e não sendo conhecido do pessoal executivo da CNE. Como o General Furtado é novo na Casa Militar e esta prática vem de longe, convém investigar, Senhor General, porque efectivos fantasmas não existem só nas folhas de salários da Casa Militar.