Lisboa - A firma espanhola INDRA não dispõe de gráfica que lhe habilitaria a imprimir os boletins de votos encomendados para as eleições em Angola, mas mesmo assim, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), a contratou para fornecimento de serviços que ela não dispõe, gerando suspeitas de que a parte angolana esteja a usa-la para sobrefacturação além fronteiras.

Fonte: Club-k.net

FIRMA ESPANHOLA NÃO TEM GRÁFICA PARA IMPRIMIR BOLETINS

Existente há 28 anos no mercado espanhol, a INDRA, é, segundo o portfolio uma empresa vocacionada para “serviços de tecnologia e solução informática para o sector da defesa, transporte, energia, telecomunicações, e serviços financeiros”. Alguns países a contratam para solução tecnológica para os tabletes usados nas assembleias de votos.

Num concurso público realizado em Dezembro de 2021, a Comissão Nacional Eleitoral pediu a INDRA o fornecimento de logística eleitoral como boletins de votos, esferográficas, caixas,  cadernos e outros matérias que esta firma espanhola não produz. Como solução a INDRA irá subcontratar outras empresas.


De acordo com registros, a CNE usou a INDRA para um esquema semelhante nas anteriores eleições em Angola. A INDRA subcontratou uma terceira empresa cuja gráfica se localiza nos arredores de Madrid, onde os votos são imprimidos. A transportação do material ficou depois a cargo de uma empresa do antigo chefe da Casa Militar da Presidência angolana, Hélder Manuel Vieira Dias “Kopelipa”.


Do lado a CNE, é geralmente criada uma chamada “Comissão de Avaliação do Procedimento de Negociação para o Fornecimento do Material de Votação”, que dois meses antes das eleições desloca-se a Espanha para testemunhar ao acordo de confidencialidade assinado entre a INDRA e a terceira empresa espanhola envolvida que leva a cabo a impressão dos boletins de voto. Segundo apurou o Club-K, a presença da delegação angolana serve igualmente para aprovação definitiva do desenho do boletim de voto e a autorização da sua impressão.

 

O assunto em causa está a dar azo a suspeitas a volta das motivações que levaram a CNE a usar a INDRA para aquisição de material que ela própria poderia fazer directamente, ou mesmo mandar imprimir os boletins em gráficas angolanas.

 

Desconhecendo-se a morada da INDRA em Angola, o Club-K, coloca algumas questões a CNE, e a sua parceria tradicional espanhola cuja as respostas podem ser enviadas para a morada eletrónica (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.).

QUESTÕES A CNE:

1.A INDRA é uma empresa especializada na produção de solução informática para varias industrias. Porque a CNE a contratou para aquisição de material que ela não produz ?

 

2. Porque tal empresa não foi contratada diretamente pela CNE, porque precisou da cobertura da INDRA como agente de compras.

 

3. Quem são os donos desta gráfica espanhola que a INDRA recorre, qual o NIF?


QUESTÕES A INDRA:

1.Em nome da verdade eleitoral e da transparência qual o nome, registro e NIF da empresa que fornece os boletins de votos que a INDRA transporta para Angola sob auspícios da Casa Militar ?

 

2. Quem são os acionistas desta terceira empresa espanhola e que relação tem com dirigentes do MPLA?

 

3. No ano de 2008, a “Valley Soft” empresa ligada a dirigentes do MPLA, que fora contratada pela CNE, para operações eleitorais alegava (segundo a factura n.º 23/08 de 22 de Abril de 2008) ter comprado da INDRA, cerca de 10 milhões e 350 mil boletins de votos. Já, o website da própria INDRA (www.indracompany.com) desmentia declarando que produziu e vendeu para Angola, naquele ano, 26 milhões de boletins de voto e não o número apresentado pela “Valley Soft” do MPLA. Porque estas discrepância e onde foram parar a diferença de boletins de votos?

 

4. Porque que a INDRA depois das eleições leva consigo todo o material informático, não permitindo que a CNE tem o registro das eleições passadas.

  

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