Lisboa – O maior partido da oposição em Angola, denunciou nesta quinta-feira, em “nota de  Protesto para que não se repita”, um acto de censura que visou a expulsão dos jornalistas para que não pudessem assistir a bancada parlamentar do MPLA, a votar contra “conteúdos relativos à greve dos médicos e dos professores”.

Fonte: Club-k.net


MPLA vota contra interesses dos médicos

De acordo com a UNITA, as Plenárias da Assembleia Nacional devem ser transmitidas em directo, na sua totalidade. Esta manhã, assistimos a uma sequência de actos, incomuns, que transmitem práticas novas de distanciamento absoluto aos valores democráticos, muito preocupantes ocorrerem na "Casa das Leis"”.

A sequencia dos actos assinalados pela UNITA são:

. Como tem sido habitual pouco antes do início da Plenária, os jornalistas encontravam-se na sala do Plenário;

 

. Ocorreu um atraso, não justificado, no início dos trabalhos (cerca de 30 minutos);

 

. Os jornalistas informaram-nos que alguém instruiu para que fossem todos retirados da sala!

 

. Iniciados os trabalhos, fomos informados que a sessão não estava a ser transmitida em nenhum canal público (rádio e televisão), como obriga a lei;

 

. O primeiro acto da Plenária era a votação de um Requerimento apresentado pelo Grupo Parlamentar da UNITA, com conteúdos relativos à greve dos médicos e dos professores. O Grupo Parlamentar do Mpla votou contra a aceitação e discussão do Requerimento, impedindo assim a sua discussão;

 

. Retomada a Ordem do Dia, presenciamos à reentrada dos jornalistas na sala do Plenário;

 

. Soubemos também que naquele preciso momento tinha sido iniciada a transmissão da Sessão na rádio e na televisão públicas.

 

Para o partido liderado por Adalberto Costa Júnior, ficou claro que uma "mente iluminada" entendeu ter o poder de decidir controlar os conteúdos que o cidadão deve poder acompanhar e também o que lhes deve ser negado conhecimento, mesmo que para tal tenha de violar leis usando a tesoura da censura nos debates da Assembleia Nacional!

 

O Presidente do Grupo Parlamentar da UNITA apresentou um protesto formal e pediu uma explicação à Mesa, que referiu não se ter apercebido do acima relatado.

 

“Só alguém com poder teria condição de mandar sair os jornalistas e instruir os órgãos públicos para retardar a emissão em directo, até ao exacto momento de sua conveniência”, lamenta a UNITA prevendo que “Não será difícil à Mesa da Assembleia saber quem foi a "mente iluminada" que instruiu o protocolo a fazer sair os jornalistas e quem os voltou a instruir para reentrarem. Mal vai a nossa democracia.”.