Luanda - Mais de 750 activistas políticos afectos ao MPLA estão a receber salários na folha de pagamento da Casa Militar na província do Cuanza Sul, sem que para o efeito trabalhem para alguma instituição, de acordo com uma denúncia do porta-voz do grupo de trabalhadores da casa militar no Cuando Cubango, Elias Sekesseke.

*Manuel Camalata
Fonte: Correia da Kianda

À Emissora Católica de Angola aquele líder afirma que tem a confirmação de que até o salário do mês de Fevereiro de 2022 já os aludidos activistas receberam.

“Eu tenho dados, e nós temos uma convivência sã e saudável com eles e nos explicam, até o salário do mês de Fevereiro bateu na conta deles”, afirma categórico.



Elias Sekesseke mostra-se indignado com o facto do efectivo militar de mais de mil homens da Casa Militar no Cuando Cubango estarem há mais de nove meses sem receber os salários a que têm direito, por terem as suas contas cativas, no âmbito de uma operação denominada Caranguejo, que tinha à testa, o major Pedro Lussaty, da Casa militar, a contas com a justiça.

A história remonta da mediática ´operação caranguejo`, onde foi descoberto um esquema de fraude, com vários funcionários fantasma na Casa Militar de Segurança do Presidente da República, da qual resultou a detenção do major Pedro Lussaty.

O líder denuncia haver um efectivo de dois batalhões militares fantasma na folha de salário, que terão sido criados pelos antigos responsáveis da casa militar, citando o General Kopelipa, à quem no seu entender, se deve exigir uma explicação, por eles serem os verdadeiros ex trabalhadores, que têm agora as contas e os salários cativos.



“… Nós temos aqui um paradoxo de dois batalhões que nunca existiram, mas na folha de salário existem, que é 8º batalhão e o 6º batalhão. Esse 8º e o 6º batalhão era criado por aquela e antiga entidade, de forma a delapidar o erário público”, denuncia, descartando a responsabilidade por parte do efectivo.

“Devem perguntar na pessoa do general Kopelipa, por que que criou. Porque ele é que criou aquela unidade. E esses generais vivem… devem vir à tona para explicar como é que nós somos fantasma. Nós não somos fantasma. Nós fomos cadastrados”, afirma.

As informações foram feitas em resposta as recentes declarações do Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, de dava conta de que a maioria do efectivo da casa militar na província do Cuando Cubango não era militar, alguns dos quais integrados na casa militar naquela província depois de desmobilizados da vida militar em 2002, “sem a devida a devida aprovação superior”.



Esse processo, de acordo com registos avançados pelo General Furtado, consumia aos Cofres públicos o equivalente a um bilhão e 38 milhões de Kwanzas todos os meses, com o envolvimento do comandante, do segundo comandante, do chefe logístico, do chefe das finanças e de funcionários bancários, que possuíam cerca de 30 cartões multicaixa dos beneficiários do esquema fraudulento.

“Significa dizer que este dinheiro entrava para o banco. Estas pessoas tiravam primeiro a parte que achavam que tinham direito de tirar e depois deixavam o remanescente para as pessoas irem tirar”, disse, acrescentando que alguns dos beneficiários viviam na Namíbia e vinham a Angola, nos municípios do Menongue e Calaio, do Cuando Cubango para levantar dinheiro nesses bancos e regressavam.