Luanda - Morreu nesta sexta-feira (1) em Lisboa, aos 84 anos de idade, Percy Carlos Freudenthal, o homem que fundou a principal petrolífera estatal angolana de que se tornou no seu primeiro director-geral, coadjuvado por Desidério Costa. Contava 37 anos de idade quando o Presidente Antônio Agostinho Neto, assinou o decreto 9/77, confiando-lhe tal missão tendo como adjuntos Desiderio da Graça Costa e José Armando Guerra.

Fonte: Club-k.net

Nascido em Angola, e filho de pais judeus oriundos que se refugiaram no sul do país, Percy Freudental, cresceu na cidade do Huambo até partir para Portugal onde se formou em engenharia eletrônica.

 

Nas suas memórias “Picadas de um Matumbo Angolano”, o mesmo descreve que desde muito cedo envolveu-se no movimento nacionalismo angolano a partir da Casa do Império em Portugal, o que lhe valeu uma detenção pela PIDE por participar na luta pela independência dos nacionalistas de Angola.

 

Regressado a Angola em 1965, passou a gerir uma empresa da família, a "Lusolanda", e ao mesmo tempo concluiu uma outra licenciatura em economia pela então Universidade de Luanda. Foi depois do “25 de Abril” que passou a colaborar com o MPLA, movimento nacionalista que operava no exílio. Fez parte do grupo que junto com outros nacionalistas como Raul Hendrick, Carlos Madaleno, estiveram em 1974, em Lusaka, capital da Zâmbia, onde o MPLA, estava baseado e a organizar o seu primeiro congresso. O convite partiu de Agostinho Neto, de quem viria se tornar próximo.

 

Foi a Percy Carlos Freudental, que o então governo de Agostinho Neto deu a missão de criar uma empresa petrolífera Sonangol, na qual se tornou no primeiro diretor dirigindo-a entre 1976 e 1979, para depois deixar definitivamente Angola, instalando-se em Lisboa.

 

O nacionalista conta que tudo começou quando em 1975, criou-se para o sector petrolífero uma comissão de emergência da Industria Petrolífera (CEIP), na dependência do ministro da Industria e Energia, Augusto Lopes Teixeira, que por sua vez, estava subordinado ao ministro do plano, Carlos Rocha Dilolwa.

 

“Coube-me conduzir todo este processo e, desse modo, passei a ser funcionário publico, ainda que, na fase inicial, sem qualquer estatuto ou vencimento. E foi assim que sem instalações próprias e com funcionários deslocados dos seus serviços de origem, criamos em Janeiro de 1976 a comissão de restruturação da indústria petrolífera (CRIP) que nem orçamento próprio tinha, apesar da missão ambiciosa: Analisar e estruturar o sector e preparar a fundação de uma empresa nacional petrolífera”, lê-se nas suas memórias.

 

Segundo descreveu o  malogrado, “ocupamos um andar no largo das Ingombotas e o Desidério Costa conseguiu trazer do departamento de Geologia e Minas, mobiliário e material básico de escritório e pessoal de secretariado”.

 

Percy Freudental explica que “quando foi decidida a criação da Sonangol a minha nomeação para Director-Geral, era também administrador da Petrangol (a subsidiaria angolana da belga petrofina) por parte do Estado acumulando esta função com outras referidas”, lê-se no livro acrescentando que “face aos inúmeros afazeres, propus a minha substituição pelo engenheiro Ramachondra Naique, ex- responsável pela produção nas minas da companhia Mineira do Lobito”.

 

“Dirigi a Sonangol durante três anos, de fevereiro de 1976 a Abril de 1979, um período muitíssimo difícil e conturbado quer em termos políticos, quer econômicos, mas orgulho-me de ter deixado uma empresa a funcionar em pleno de alto nível internacional”, lê-se ainda no capitulo dedicado a petrolífera estatal do seu livro de memórias.

 

De recordar que depois de deixar Angola, em 1979, trabalhou como consultor e concluiu um MBA. Nas duas décadas seguintes, dedicou-se a empreender novos negócios, tais como a fundação do Centro Comercial Roma e a cadeia de restaurantes Pateo, entre outros.