Elementos das Forças Armadas Angolanas (FAA), apoiados por um guia congolês, «Tidjo», penetraram na região do Baixo Congo (RDC) e capturaram junto à aldeia de Mbabote três oficiais da resistência cabindesa (FLEC), confirmaram fontes da guerrilha cabindesa

Executados no local pelas FAA, dois guerrilheiros, José António Monzo aliás «Programa», chefe da Guarda presidencial da resistência e Gimbi conhecido por «Devotado», encarregado da segurança nas forças armadas da FLEC, foram decapitados e os seus corpos queimados juntamente com a terceira vitima Venâncio Dembe aliás «Com a razão do Povo». Os três elementos da FLEC estavam no Baixo Congo em tratamentos hospitalares.

No início de Dezembro dois oficiais da FLEC, Carlos Tomé conhecido por «Estrela» e Jorge Diogo, aliás «Osso Quebrado», foram detidos no hospital de Kizu, a 7 km de Tshela, e transferidos para Kinshasa onde foram extraditados para o centro de penitenciário de Yabi em Cabinda.

Guerrilheiros da FLEC confirmam que as FAA têm operado com grande intensidade nas antigas «zonas libertadas», outrora controladas pela resistência, junto à fronteira com a RDC, especialmente nas aldeias fronteiriças Tchikuangou, Tchinbanza, Caio Panzo e Tchimbilo ao longo do rio Chiloango onde estão localizados postos fronteiriços.

As mesmas fontes adiantam que os guerrilheiros João Dumbi, Armando Muabi, Paulino Dianga e César Deneri, capturados pelas FAA, «após torturas foram forçados a servir como guias» nas operações que estão a decorrer nas povoações Konde-di-Kango na RDC e garantem que as FAA continuam a operar discretamente na região do Baixo Congo. Enquanto oficiais angolanos e membros da segurança circulam frequentemente na cidade de Tshela, testemunhas oculares afirmam que em Moanda a base militar de Kitona continua controlada pelas FAA.

A 20 de Novembro o vice-governador de Cabinda para a área empresarial, Macário Lembe, membro da equipa de Bento Bembe, deslocou-se a Tshela onde terá contactado populações congolesas das aldeias fronteiriças com Cabinda, às quais «ofereceu panos, comida e dinheiro» em troca da colaboração local na denúncia sobre as movimentações de presumíveis guerrilheiros da FLEC na região, denunciam as mesmas fontes.

Durante o mês de Dezembro o vice-governador para a área empresarial deslocou-se a Kinshasa, capital da RDC, com o intuito de estabelecer contactos informais com cabindeses simpatizantes da resistência e os «convencer a regressarem voluntariamente a Cabinda». Fontes em Kinshasa afirmam que Macário Lembe tentou também, sem sucesso, estabelecer um contacto directo com Alexandre Tati, vice presidente da FLEC que se encontra numa das bases da guerrilha no interior de Cabinda.

Face à renitência da maior parte da população cabindesa refugiada na RDC de regressar a Cabinda, a equipa de Bento Bembe, ministro sem pasta do Governo de Angola, decidiu abrir escritórios paralelos à Embaixada de Angola em Kinshasa onde todos os cabindas que pretendam «regressar» possam aí se apresentarem sem passarem pelas instalações da Embaixada angolana. Pretendem assim contornar a aversão e medo que muitos cabindas nutrem pela representação diplomática a qual acusam de perpetrar repatriamentos forçados para Angola e perseguir os nacionalistas cabindeses em Kinshasa. Acusações desmentidas pela Embaixada angolana na capital congolesa.

A PNN pôde constatar que uma facção da comunidade cabindesa de Kinshasa, favorável às posições de António Bento Bembe, manifestou-se favorável ao seu repatriamento para Cabinda.

Rui Neumann
 Fonte:  PNN Portuguese News Network