Luanda - A classe de alimentação e bebidas não alcoólicas com 32,9% liderou a subida dos preços em Março de 2022 em termos homólogos. Em Luanda, o principal centro de consumo do País, os preços fixaram-se nos 1,5% sendo necessário recuar até Fevereiro de 2020 para encontrar o menor registo.

Fonte: MERCADO

O custo de vida em Angola fixou-se nos 1,6% em Março de 2022, o menor registo nos últimos 13 meses, de acordo com os dados do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) recentemente divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

 

Segundo os dados do INE, a inflação desacelerou 0,21 pontos percentuais em Março, face a Fevereiro de 2022, sendo necessário recuar até Janeiro de 2021 para encontrar este registo quando a taxa de inflação se situou nos 1,5%.

 

Assim, o ritmo de crescimento dos preços desacelerou pela terceira vez consecutiva em 2022, pelo que se pode depreender dos dados apresentados pelo INE.

 

Em termos anuais, os preços fixaram-se nos 27% uma redução de 0,3 pp em comparação com o mês anterior, quando comparado com Março de 2021 assiste-se a um aumento de 2,2pontos percentuais (pp) no nível de preços.

 

Em termos acumulados, até Março deste ano a taxa de inflação acumulada fixou-se nos 5,4%.

 

Das 12 classes que servem de base para o cálculo da inflação nacional, pela segunda vez consecutiva, a classe vestuário e calçados foi a que registou maior aumento de preços, com uma variação de 1,9%, contrário do que se verificou nos últimos tempos a título de exemplo em 2021, em que a inflação foi influenciada pela classe da alimentação e bebidas não alcoólicas.

 

Também se verificou um aumento dos preços nas classes de saúde com 1,8%, alimentação e Bebidas não alcoólicas 1,7% e bebidas alcoólicas e tabaco 1,7%.

 

Em termos anuais, a classe de alimentação e bebidas não alcoólicas com 32,9% liderou a subida dos preços em Março de 2022.

 

Do ponto de vista geográfico, as províncias que registaram menor variação nos preços foram: Moxico com 1,1%, Uíge (1,2%), Benguela e Lunda Sul ambas com 1,4 %.

 

Por sua vez, as províncias com maior variação nos preços foram: Huíla (2,19%), Malanje (2,04%), Cuanza Sul (2%) e Cabinda com 1,95%.

 

Em Luanda, o principal centro de consumo do País, os preços fixaram-se nos 1,5% sendo necessário recuar até Fevereiro de 2020 para encontrar o menor registo. Em termos homólogos a inflação fixou-se nos 27%.

 

Para este ano o Banco nacional de Angola definiu como meta de inflação 18%

 

Inflação está mal calcula, diz economista

 

O economista e director do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola (CINVESTEC), Heitor Carvalho, afirmou que a “inflação está como sempre esteve, mal calculada”.

 

“A inflação deve estar entre os -5% e os +5% pela observação dos preços no mercado. Estamos em deflação ou quase, mas, como sempre, os métodos de recolha e cálculo de preços do INE não conseguem perceber a realidade”, disse o economista em declarações ao Mercado.

 

Segundo o economista uma das causas da redução da inflação é a valorização da moeda nacional face as principais divisas.

 

“O dólar-americano desvalorizou-se, só este ano, face ao Kwanza, 20% até Março e 24% até hoje, dia 14 de Abril. De Março de 2021 a Março de 2022, desvalorizou-se 29%. Um produto importado que mantivesse o preço no mercado internacional e custasse 100 Kwanzas, em Março do ano passado, custaria apenas 71 em Março deste ano. Se o produto tivesse aumentado de preço 20% no mercado internacional, custaria agora 85,7 Kwanzas”, explica.

 

“O único responsável pela descida de preços é o BNA e a taxa de câmbios. Seria impossível que os preços não tivessem baixado”, apontou.

 

De acordo com o economista, todos os negócios estão a ser empurrados para a dependência das importações e o consumo está a crescer baseado apenas nos preços do petróleo.

 

“Tal como em 2014, quando os preços ou a produção petrolífera descerem, iremos ter um decréscimo dramático do consumo e uma prolongada recessão”, exemplifica.

 

Para Heitor Carvalho a acção da Reserva Estratégica Alimentar (REA) impediu a criação de um monopólio muito perigoso, mas o efeito nos preços foi o contrário do que se anda a dizer.

 

“Os grandes grossistas já tinham baixado os preços, colocando uma margem de 3% e o efeito da entrada da REA foi o de repor a margem nos 7%. Portanto, um efeito inflacionista. Os pequenos importadores estavam a ser empurrados para fora do mercado pelos grandes importadores que estavam a praticar margens demasiado baixas”, explicou.