Joanesburgo - Durante os 38 anos de poder, uma das coisas que o regime do Presidente José Eduardo dos Santos cultivou na governação era de que quando quisessem exonerar alguém de forma pacífica contra a vontade do visado, era só anunciarem na televisão que o dirigente “pediu para sair”. Manuel Aragão foi o único que denunciou que nunca escreveu carta a pedir demissão, apesar de a TPA ter anunciado o contrario.

Fonte: Club-k.net

Em 2005, o MPLA tinha alguns deputados já mais velhos e ausentes por doenças pelo que pretendia substitui-los para dar lugar a outros. Em Agosto daquele ano, a TPA anunciou que o veterano Carlos Alberto Mac Mahon de Vitoria Pereira, solicitou que se dê por fim o seu mandato de deputado. Mac Mahon, estava adoentado e não teve como reagir que nunca assinou nenhum documento a pedir renuncia que deu lugar a resolução 36/05, de 15 de Agosto determinando a sua saída do parlamento.


Em Outubro de 2017, mesmo depois da saída de JES, o novo PR João Lourenço convocou o então governador do BNA, Valter Filipe Duarte da Silva convidando-o para se demitir do cargo, em função do escândalo do descaminho de 500 milhões do BNA. Filipe ainda era novo cargo. Por lei, Valter Filipe só podia ser exonerado a seu pedido ou em fim do mandato. Diante de JL, Valter Filipe, mostrou resistência dizendo que iria primeiro comunicar a José Eduardo dos Santos, que ainda estava como Presidente do MPLA.


À Filipe nem sequer foi lhe dado tempo de ir a casa fazer a referida carta de demissão. Na noite do mesmo dia, o telejornal da TPA anunciou que o governador do BNA foi exonerado a seu pedido. Filipe nunca apareceu em público para explicar que nunca chegou a enviar carta pedindo para sair, conforme podia se ler no decreto presidencial 360/17.


No inicio de Agosto de 2021, o então Presidente do Constitucional Manuel Aragão foi anunciado como tendo pedido demissão do cargo. No acto de tomada da sua substituta, Laurinda Cardoso, o juiz Aragão revelou aos seus colegas do TC que nunca escreveu carta a pedir demissão, conforme anunciado pela comunicação social controlada pelo governo.


Nos últimos dias surgiram áudios de uma filha de JES denunciando que o seu médico angolano estava impedir que o antigo presidente fosse visto pelo médico espanhol. Nas redes sociais surgiam dados sugerindo que apesar de as filhas de JES manifestarem reservas sobre o mesmo, a esposa tinha posição contraria. De forma a dirimir o conflito, Luanda resolveu o assunto sobre o problema da falta de confiança do médico. Com ajuda dos órgãos de comunicação social foi difundido uma carta atribuída a JES manifestando confiança no homem que cuida da sua saúde há 16 anos. Acamado que está, JES por recomendação médica esta algumas semanas sem telefone celular que lhe permitiria telefonar para os autores da carta e dizer que a sua assinatura foi mal imitada.

JES foi vitima das praticas do regime que ele próprio criou.