Luanda - Devo ter sido o único jornalista com o privilégio de ter sido convidado para uma reunião de cúpula militar da UNITA presidida pelo finado Dr. Jonas Savimbi no cinema Petro Atlético, no Huambo, antes da guerra dos 55 dias. Terá me válido, para esse convite, um pequenino texto que escreverá na altura para o Jornal de Angola sobre o comício de reentrada do Galo Negro na cidade capital do Planalto Central então presidido pelo general Wenda nas cercanias do Hotel Roma, hoje Ritz.

Fonte: Club-k.net

Nesse dia, no Petro, foram convocados os militares de peso. Estavam todos rigorosamente uniformizados: generais na fila da frente, tenentes generais a seguir, brigadeiros, coronéis, majores, capitães , tenentes , aspirantes e outros influentes, sucessivamente.


Fomos saudados por Jonas Savimbi logo após a sua entrada no cine. Também toquei o punho dele. Mas depois de se sentar na mesa da presidência alguém lhe 'soprou o ouvido', dando-lhe conta que estava ali alguém a paisana que não devia assistir a reunião. Em pouco tempo fui expulso da sala vigiada rigorosamente por comandos das extintas FALA fortemente armados. Fora estavam senhoras ruidosas da LIMA, jovens da JURA e alguns militares rasos a cantar e a dançar ao som do batuque. Nesse ambiente de vivas e danças consegui escapar, silenciosamente, para a casa que não era muito longe dali. Soube depois por portas travessas que foi nesse encontro onde Jonas Savimbi e a sua chefia militar definiram a estratégia para a tomada da cidade do Huambo.


Já num ambiente tenso, telefonei sucessivamente para o vice- governador Chiteculo, para o comandante Ngueto, das FAA (já falecidos), e para o comandante Sukissa da Polícia, para saber deles o decurso da situação politico-militar, mas não fui tão bem sucedido.


Entretanto veio a guerra pós eleitoral que acabou por tirar do nosso convívio muita gente inocente. Este país que entra nas quintas eleições a 24 de Agosto precisa agora e para sempre cilindrar esse passado triste e caminhar rumo ao desenvolvimento sustentável.