Luanda - O que tivera assistido ontem (10.06.2022) na TPA, na ocultação e na manipulação dos factos, no espirito profundo de intolerância, na cobertura feita sobre a campanha eleitoral do João Lourenço, na cidade do Luena, e da campanha eleitoral do Adalberto Costa Júnior, em Cabinda, deixou-me espantado e inquietado profundamente. Uma insensibilidade total e o cinismo frio, igual do Vladimir Putin, Presidente da Rússia, que mergulhou o Mundo na instabilidade político-militar e na crise socioeconómica profunda, sem precedente, desde a Guerra Mundial II.

Fonte: Club-k.net

Angola, que aspirava uma abertura, reconciliação, paz e consolidação da democracia plural, está numa lógica inversa, cujas consequências são previsíveis, de um retorno ao mono partidarismo, de cariz hegemónico e absolutista, altamente ofensivo e brutal. Recentemente, numa entrevista com a RTP-África, em Lisboa, o político Abel Epalanga Chivukuvuku afirmou que, cita:

“Na era do José Eduardo dos Santos, o povo tinha medo do regime; mas agora, na época do João Lourenço, é o inverso, o povo deixou de ter medo e os dirigentes do MPLA é que estão com muito medo e bem assustados.” Fim de citação.


Na verdade, embora haja fingimento, os dirigentes do MPLA conhecem quem tipo de pessoa que se trata. O povo ainda está na ilusão, bem adormecido. Contudo, aos poucos algumas camadas sociais estão a despertar-se da realidade. Estou ciente que, esta minha Reflexão vai ser alvo de muitas criticas, na base da utopia que se pretende incutir nas cabeças das pessoas para ocultar o sistema totalitário, assente na mesma doutrina. Só que, é ilusório tapar o sol com a peneira e pretender construir a paz na prepotência, no cinismo, na exclusão e na intolerância política.


Há dias, a Ex-Chanceler da Alemanha, Ângela Merkel, na primeira entrevista desde que deixou o Cargo, afirmou que, cita: “Há muito tempo eu tinha a percepção de que, algo estivesse errado com Vladimir Putin. Mas, sendo Presidente da Rússia, um País vizinho da Europa, não seria possível afastar-se dela sem haver alguma relação económica e comercial entre os nossos Países. Só que, eu não acreditava que, apesar de tudo, «as relações comerciais com a Rússia fossem suficientes para alterar o seu carácter cultural e político, assente na sua história tradicional». Porém, foi o erro de calculo, a dependência que se estabeleceu nessas relações comerciais, com as consequências que hoje são vividas.” Fim de citação.


De facto, os erros são sempre cometidos quando saber a realidade concreta de alguma coisa material, mas em vez de percebê-la bem e prevenir-se, finge-se. Depois amanha paga-se muito caro. A paz constrói-se na base de princípios e não na imposição e nas ameaças veladas. Se a nossa paz depende exclusivamente do sistema totalitário, do poder infinito, então, é preciso que seja expresso claramente, e seja alterado o quadro jurídico-legal em vigor, que está plasmado na Constituição. Viver no dualismo e na incerteza não é compatível com a lógica. Pois, isso não garante a estabilidade, o progresso, a felicidade e a paz duradoira.


Além disso, nós ficaremos reféns por toda vida, sob uma democracia farsa e opressiva. Por mim, isso é igual a condição de um escravo, que não adianta, é cobardia, porque estaremos em conluio com o pior que amanha virá acontecer. Sabeis que, a vida de uma Nação é dinâmica, sempre está em transformações profundas, como a “rotação” do nosso Planeta Terra, sem sentirmos o seu movimento. Nada que é infinito e eterno na vida dos Povos, das Nações e dos Estados, embora que, os Ditadores cometem sempre os mesmos erros do passado.


Vejamos, o General Paca, filho do grande Nacionalista Uanhenga Xitu (Mendes de Carvalho), numa longa entrevista recente, afirmava que, cita: “Era imperativo fazer uma outra Revolução.” Fim de citação.


Tudo isso indica que, algo não vai bem, é preciso que as Elites deste País não fechem os olhos e não tampem os ouvidos, como se fosse nada estivesse a acontecer. Quando pretender ACORDAR-SE DO SONO PROFUNDO, num dia deste, será tarde de mais, o País estará mergulhado na mesma condição da ditadura da Cuba ou da Correia do Norte. E, as primeiras vítimas disso serão os próprios

Dirigentes do MPLA, que estão cheio de MEDO. O futuro dirá!!

Luanda, 11 de Junho de 2022.