Luanda - Quando aparecer alguem da oposição a receber cobertura total na empresa estatal vamos todos lembrar do caso de Francisco Viana, que se desvinculou do MPLA sem uma única palavra na empresa estatal. E o tal dissidente da oposição vai ter que estar bem consciente que está a ser instrumentalizado e que o espetáculo pouco tem a ver com democracia ou o espírito de pluralismo.

Fonte: Club-k.net


O mais recente dissidente da UNITA que foi dado o maior tratamento mediático é sem dúvida o Kawiki Sampaio, que há um ano atrás meteu a sua posição como secretário para a mobilização da UNITA em Luanda à disposição.

 

Devo dizer que a encenação foi excelente. O Kawiki se apresentou como um militante intensamente insatisfeito com a forma como o partido estava a ser gerido. Ele cita principalmente dois problemas: a suposta duplicidade do líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, e o tribalismo/regionalismo onde havia uma predominância de quadros do centro sul.


O formato deste tipo de espetáculos/encenações não permite o contraditório e era perfeito para alguém sem vergonha pronto a fazer acusações infundadas contra os seus antigos colegas.


Na arte de recrutamento de espiões, identifica-se figuras numa organização que, entre várias coisas, são movidas pelo desejo de ter dinheiro a qualquer custo; e aquelas que vão guardando rancores porque sentem que deveriam ocupar posições mais elevada na organização. O Kawiki foi um perfeito candidato.


O Kawiki, na produção teatral, diz que noventa e nove dos secretariados nacionais na UNITA são liderados por Ovimbundos; esta afirmação é extraordinária e falsa! O Kawiki acusa um líder provincial da UNITA de ter três mulheres (o declarante tem que ser desavergonhado e fofoqueiro da primeira) que retém altos cargos no partido — afirmação que é falsa. Em todo caso, temos aqui o caso perfeito de quem está prontíssimo para ajudar na difamação injusta de uma organização. O objectivo é enganar o público para pensar que há uma profunda crise na UNITA. Depois há os pseudo analistas que vão batendo na mesma tecla; sim, tudo pode no país estar a falhar mas a questão à volta de alguém que se desvincula da UNITA passa a ser uma de vida ou morte.


Tudo tem a ver com o chicoespertismo. Uma das chaves do Chicoespertismo é controlar as narrativas e também o que pode ser caracterizado como a gestão das imprecisões. Os pseudo analistas são muito importantes porque têm o papel de dar uma certa credibilidade às acusações vagas. Alguem vem e faz acusações sérias contra, por exemplo, o presidente da UNITA que é negado a oportunidade de se defender; uns pseudo analistas assumem o papel de procuradores e os outros de juízes. O visado passa a ser culpado num instante neste tribunal mediático completamente desonesto.

A liberdade de expressão e pluralidade de ideias é uma necessidade de criação de uma sociedade bem equilibrada e dinâmica.


Aqueles que tomam vantagem da incumbência para denegrir os seus adversários políticos injustamente ao longo prazo ficam em desvantagem porque passaram a sofrer o mesmo — sobretudo nesta época de redes sociais não controladas por completo por uma entidade. Duvido muito se o Kawiki da cavaco sobre o que é dito sobre ele; mas há quem é destratado ferozmente nas redes sociais. Há figuras cuja reputação será sempre ancorada os processos do linchamento das reputações dos adversários do regime. Nem tudo é permanente; os que hoje estão ser vilipendiados, poderão, muito bem, ser heróis amanhã.

Aqui na Zâmbia o actual presidente, Hakainde Hichilema, esteve na oposição por quase duas décadas. Havia figuras que lhe insultavam de várias formas; muitas destas pessoas estão a pedir desculpas pelas palavras do passado. Aqueles que estão na linha da frente do assassino de carácter de figuras da oposição vão ter que estar consciente do facto que a vítima de uma pedrada se esquece da ferida — mas o público nunca se esquece de quem lançou a pedra!