Florida - Para muitos, o maior problema do próximo pleito eleitoral em Angola, era a falta de alternativa real para o de voto. Agosto aproxima-se com uma sagacidade a cruzeiro que muitos dos mais de 30 milhões de angolanos almejam que desta vez, mudança de paradigma e stutos quo venham mesmo concretizar-se..

Fonte: Club-k.net

Em 46 anos de existência ou em 20 anos de paz Angola e os Angolanos ainda se sentem perdidos, pobres, desesperados, e sem desenvolvimento tangível ao seu redor. Não porque o povo assim o quis, mas porque o MPLA no poder desde 1975, não tem sabido construir uma Angola bonita, pacifica e democrática para se viver.

 

A noticia da e que finalmente o Tribunal Constitucional legalizou o partido NJANGO de Dinho Chingunji e o PHA de Belas Malaquias, chegam num momento em que milhares de jovens que andado a busca de alternativas de voto, podem encontrar resposta nestas novas duas formações politicas. Eu nunca mais imaginei o Dinho Chingunji a voltar a militar na UNITA. Bem haja a essas duas novas alternativas que a meu ver, assim como foi a TRD liderada por dissidentes da UNITA, estes dois partido pode sim preencher esta lacuna.

 

Um pouco de historia aqui, não faz mal. Houve um povo do qual a Biblia fala, e como foram os arquitectos da Torre de Babel. Imaginem comigo, como teria sido viver em Babel nos dias após a sua destruição? No Livro de Gênesis, dizem-nos que os descendentes de Noé que viviam na Mesopotâmia, construíram uma grande cidade na terra de Shinar. Construíram uma torre "com o topo nos céus" para "fazerem um nome" para si mesmos. Com isso, Deus ficou ofendido com a arrogância da humanidade e disse: - Olha, eles são um só povo, e eles têm todos uma língua; e este é apenas o início do que eles vão fazer; nada que se proponham fazer será agora impossível para eles. Venha, vamos descer, e confundir a sua língua lá, para que eles não entendam o discurso um do outro - .

 

O texto não diz que Deus destruiu a torre, mas em muitas representações populares da história diz que que Ele o fez. Então vamos manter essa imagem dramática nas nossas mentes: Pessoas a vaguearem no meio das ruínas de Babel, incapazes de comunicarem-se um ao outro, condenadas à incompreensão mútua. Esta imagem aproxima-se para mim a nossa vida em Angola nos passados 20 anos de Paz relativa. A história de Babel é a melhor metáfora que encontrei para o que aconteceu à Angola desde 2002 a data, e podendo assim concluir que o nosso país anda fraturado a deriva.


Porque não por a mão na ferida e dizer que algo correu terrivelmente mal em Angola nesses 20 anos de paz aparente, para não dizer relativa? De repente, hoje, descobrimos que estamos desorientados, incapazes de falar a mesma língua ou reconhecer a mesma verdade. Estamos isolados um do outro e do passado não muito distante. E ao chegar Agosto, ainda continuaremos desorientados pelas noticias de inaugurações de projectos pagos por todos nos que a TPA e TV Zimbo vão passando, e assim vamos celar a nossa sorte mas uma vez com o nosso voto a Diabo que conhecemos, o MPLA?. Aproveito dizer para o espaço sideral que o meu voto para as próximas eleições gerais anda e esta condicionado. As razoes são pessoais e cito:

 

1.Durante a ocupação do Huambo pela UNITA, 1992/94 muitos angolanos como eu, perderam seus ente-queridos que ate hoje não sabemos por onde jazem seus ossos. Agora esta na moda exigir-se que o MPLA entregue as ossadas das vitimas dos massacres do 27 de Maio e dos dirigentes da UNITA mortos em Luanda em 1992 para que seus familiares realizem funerais condignos. Isso faz parte do discurso da paz e reconciliação e ate da nossa cultura Bantu. Na minha familia, perdemos o meu irmão mais velho Januario Sanoloti que foi um grande empresario na Comuuna de Vila verde/Calenga e Alfredo Wacava, q quem eu sigo, ambos mortos pela UNITA e ate hoje, na nossa familia nunca tivemos a chance de fazer um funeral condigno porque não sabemos onde repousam seus ossos.

 

2. Durante a retomada do Huambo em 1994, a minha querida mãe Vitoria e o meu sobrinho, refugiaram-se ao interior longe da comuna da Calenga de onde somos. Ali no esconderijo, as tropas da UNITA, as temíveis FALA, ao depararem-se com o grupo de refugiados e a minha mãe neste grupo, já idosa e frágil que era, deram um tiro no peito do meu sobrinho que cai morto imediatamente. A minha mãe, deram dois tiros nas pernas com munições incendiarias. Ela ainda viveu por duas horas, e contou o que os maninhos disseram a ela – vocês estão contentes porque o MPLA e os anti-mutins estão de volta e vão poder ter óleo e arroz mas uma vez- e com isso dispararam nas pernas da minha mae e de outros. Que sua alma descanse em paz.

 

Dor e dor, e por isso, o meu voto esta ou estava condicionado. Confesso que no dia dos eventos em que minha mãe foi vitima, ( 31 de Outubro de 1994) eu encontrava-me em Washington DC a visitar o Dr. Jardo Muekalia. Na altura vivia em Londres a cursar a faculdade de Economia. Eu era na época, presidente da organização chamada- Friends of Angola-. Eu e o Jornalista Sousa Jamba, dirigíamos esta organização e respondíamos directamente ao Representante da UNITA em Londres na época o Dr. Isaias Samakuva por quem eu tenho um grande respeito ate hoje. A UNITA eliminou a minha familia, mas não foram as ordens do Dr Savimbi para que essa tragédia acontecesse a minha humilde familia, mas a sua organização o fez, A esta UNITA inputo a culpa.

 

3. Aqui esta uma correlação Ilógica e irracional – senão vejamos- . Já decorram as exéquias de alguns ex-dirigentes da UNITA, mas os familiares de membros assassinados comprovadamente a mando de Jonas Savimbi na Jamba, pediram ao partido que explique as mortes de seus familiares e a UNITA demoniacamente diz que este não é o momento oportuno? Quando sera? Nesta conjuntura, a UNITA realizou em Fevereiro deste ano na província do Huambo, o funeral do antigo secretário-geral do partido, Adolosi Mango Paulo Alicerces e Elias Salupeto Pena, este último, sobrinho do líder fundador do partido, Jonas Savimbi. Suas ossadas foram retornadas pelo Executivo. Feito louvavel na tradição africana. Ambos foram mortos no chamado “massacre de Outubro”, depois das primeiras eleições multipartidárias no país, em 1992. Eu estava em Londres mas soube que em três dias, milhares de apoiantes da UNITA e da Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) foram assassinados. O Governo angolano entregou os restos mortais no âmbito do Plano de Ação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos, em novembro de 2021 como se isso demonstrasse progresso e bem-estar para Angola.

4.Para o Dinho Chingunji, o gesto do MPLA devia agora incentivar a UNITA a reconciliar-se com o seu próprio passado sombrio. Ele é o sobrinho de Pedro Ngueve Jonatão Chingunji “Tito”, antigo secretário de Relações Exteriores da UNITA, visto pela última vez no início de 1991 e morto em circunstâncias conhecidas, a mando de Jonas Savimbi. General Zau Puna ( meu mentor politico ainda vivo, contou-me tudo e em como no dia seguinte após a morte de Tito Chingunji, Jonas Savinbi o incumbiu de ir desenterrar o corpo para ter a certeza de que era mesmo ele que estava enterrado ai). Que se entreguem os ossos deste dirigente abnegado da UNITA, sua familia também merece fazer um funeral decente. Que a UNITA indique onde estão os ossos dos meu dois irmãos Januario e Alfredo, nos também queremos fazer um funeral decente.


5.Ao rematar minha exposição, convido o leitor e (eleitor) para no próximo pleito eleitoral, lembrar-se mas uma vez da trágica história de Babel que como disse acima, é ainda a melhor metáfora que encontrei para o que aconteceu à Angola desde 2002 a data. A nossa tragédia demonstra, e para todos verem a preto e branco, um país fraturado que agora habitamos. E como aludi também acima, algo correu terrivelmente mal nesses 46 ou 20 anos de independência e paz aparentes, e de repente hoje não só descobrimos que estamos desorientados, e que o MPLA e a UNITA ou mesmo a dita FPU, são incapazes de falar a mesma língua ou reconhecer a mesma verdade, incrivelmente estamos isolados um do outro e do passado não muito distante.


6.Por isso quero dizer aqui ao Camarada Presidente João Lourenço e Presidente ( in waiting) Adalberto Costa Júnior, que o meu voto secreto e de muitos Angolanos ainda esta condicionado e eu continuo prisioneiro de um passado não muito distante, por isso feliz com a alternativa de novas foças politicas e limpas deste passado atroz.


Há famílias como a minha, que continuam a exigir explicações e um pedido de desculpas da UNITA. Uma delas é a família de Jorge Ornelas Isaac Sangumba, ex-quadro da UNITA que foi responsável pela campanha de aceitação do “galo negro” na Organização da Unidade Africana (OUA), que foi morto em 1982. Como referi acima, ainda existem sobreviventes envolvidos nessas mortes e poderiam indicar os locais onde estarão os restos mortais de muitos Angolanos sacrificados no altar de Savimbi..


MPLA e a UNITA são comprovadamente farinha do mesmo saco, e eles têm todos os seus apoiantes a falarem uma só língua; a de matança, e roubalheira, delapidação do erário publico. Este é apenas o início do que eles vão fazer depois de ganharem o nosso voto em Agosto. Depois do voto; nada que se propunham a fazer, será concretizado e será impossível para o povo reagir.


E assim sendo, estamos condenados como Babel, a desgraça, ou não? A ver, vamos. let's see.

*Economista