Luanda - Aos 10 de Setembro de 1976, Angola e os angolanos perdiam um dos seus melhores filhos António Agostinho Neto, primeiro Estadista da Angola independente. Porventura pela sua trajectória histórica e política as suas exéquias fúnebres deram lugar a construção do sarcófago para a preservação do seu corpo físico, passível de ser visitado pelas gerações vindouras. Passados anos eis que a família Neto decide pôr fim a tal preservação em sarcófago (dizia-se na altura também muito oneroso financeiramente) e ACEITA sepulta-lo “condignamente”, ficando mais uma vez provado que as vontades político-partidária não podem, não conseguem ultrapassar a lei natural, social e antropológica da vida.

Fonte: Club-k.net

A um par de anos atrás, Leonor Pilartes da Silva, nossa matriarca era declarada morta pela equipa clinica da MULTIPERFIL. Os últimos anos da sua vida foram uma prova de atenção redobrada da nossa parte filhos, com o apoio presente dos demais familiares e contemporâneos, destacando o papel do nosso querido TIO MANUEL LISBOA, residente na Alemanha (mas pai do que tio). Na véspera da sua morte fomos chamados pela equipa clínica da MULTIPERFIL, informando-nos que os mais de 80 anos da mamã Leonor tornaram inevitáveis a perda sucessiva das principais funções vitais pelo que, sem prejuízo do suporte das máquinas versus coma induzido, “deveríamos estar preparados”. Nessa altura e perante o quadro apresentado pela equipa clinica, incluindo a onerosidade financeira que se impunha, quase que em uníssono a posição de ACEITAÇÃO foi “A MAMÃ QUE VÁ DESCANSAR, JÁ SOFREU MUITO”.


A última quinzena de Junho os angolanos e não só acompanham o agudizar do estado de saúde do 2.º Estadista de Angola ~JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. Tendo eleito Espanha para as suas consultas e repouso médico, eis que surgem informações de à porta dos 80 anos, a equipa clínica constatava o acelerar da perda de funções vitais importantes. Informações (des)encontradas dizem que esta última crise resultou de uma queda e consequente desfalecimento por um bom par de minutos (15 ??...), até ser socorrido, numa altura em que Ana Paula dos Santos sua esposa trocara Angola por Espanha para “tomar conta do esposo”. Diriam no seu linguajar as nossas empregadas “se fosse nós”.


Assiste-se agora a entrega aos familiares directos a decisão sobre a ACEITAÇÃO do ciclo natural da vida (nascer, viver e morrer) ou a extensão (com a onerosidade financeira que se lhe impõe) da existência física (mesmo sem todas as funções vitais), do emérito José Eduardo dos Santos.


Para nós que já passamos por este momento de ACEITAÇÃO da passagem de um ente querido para (o que se quer) as mãos de Deus, o mesmo serve para refletirmos sobre o que de positivo José Eduardo dos Santos fez por esta Angola. Infelizmente este momento de reflexão tem sido profundamente perturbado por Tchizé dos Santos, a irreverente filha de JES, levantando “fantasmas” de perseguição política nuns casos e de infidelidade conjugal noutros casos, em torno do estado de saúde do pai, destapando uma “certa decadência?” da família DOS SANTOS que, como rezam os nossos costumes e tradições, elegeriam um único porta-voz idôneo (normalmente um tio/tia mais velha) para gerir a comunicação a volta da situação, evitando animosidades e conversas de infantário (como diria o nacionalista Lopo do Nascimento) passiveis de voltarem a abrir novas feridas de relacionamento entre famílias politicamente expostas, quando na verdade tudo gira a volta da ACEITAÇÃO de que na sua idade a perda progressiva das funções vitais SÃO IRREVERSÍVEIS pelo que, este artigo é por si só um apelo ao aprofundar da nossa interpretação sobre este fenómeno (sócio – cultural, antropológico e ou filosófico) – A ACEITAÇÃO.


É apenas uma reflexão de academia e de cidadania.


Eduardo Lisboa – Mestre em Governação e Gestão Pública