Luanda - Se eu fosse o Presidente da República — na verdade, só Deus sabe da sorte de tal evento — e ocupando a mais alta magistratura da nação teria como estratégia política o equilíbrio entre o bem estar e a segurança nacional.

Fonte: Club-k.net


Ideias políticas gerais para Presidência da República

Ocupando o desejado cargo no quadro constitucional actual promoveria a presidência aberta — onde todas as sensibilidades da nação teriam acesso para o tão ansiado diálogo sempre adiado.


As autoridades tradicionais, igrejas ou confissões religiosas, organizações da sociedade civil, personalidades de destaque social poderiam, regularmente, privar com o Chefe de Estado para um diálogo franco em prole da nação.

Se eu fosse o Presidente da República — o panafricanismo estaria no centro da ideia de nação. Angola reencontra-se -ia na sua ancestralidade — na sua memória epi-genética e nas escolas iniciaticas para o resgate do pensamento filosófico africano.


A tradição e os costumes não seriam epifenómenos nem seriam relegados ao plano folclórico de um qualquer evento público.


A cultura e as tradições seriam levadas a sério — o poder tradicional e o direito consuetudinário seriam explorados até à exaustão para dignificação da nossa angolanidade.

Se eu fosse o Presidente da República a educação seria essencialmente pública e estaria ao serviço do desenvolvimento cultural, desportivo, tecnológico e científico do povo angolano. O Ensino seria uma fusão equilibrada das indagações socráticas, do pensamento filosófico tradicionais africano e o pragmatismo moderno muskiano.


O livro e a biblioteca estariam em qualquer virar de esquina e o saber não ocuparia lugar.


A saúde, habitação, segurança social, entretenimento e lazer estariam asseguradas por uma pirâmide social etária jovem auto-sustentada.

Se eu fosse o Presidente da República com o poder absoluto do actual — sem prejuízo das normas pétreas da Constituição , alterava o seu ADN para colocá-la ao serviço do povo.


Assim, pugnaria para a implementação de um parlamento bi-camaral — a câmara baixa seria a câmara dos representantes e a câmara alta seria o senado.


O parlamento bi-camaral conferia à Republica uma maior representatividade da diversidade dos nossos povos e das distintas regiões do nosso país.


Se eu fosse o Presidente da República a governação seria democrática na sua essência e na sua organização.


Assim, o poder local seria devolvido aos seus elementos — autarquia locais e o poder tradicional bem como as outras formas de participação dos cidadãos funcionariam em pleno. Combateria as assimetrias regionais e promoveria o o regionalismo sustentado.

Se eu fosse o Presidente da República — com o poder real que actual Constituição confere promoveria instituições republicanas — no exército e na polícia não haveriam vestígios partidários nem no formalismo e nem no conteúdo: a promoção dos seus efectivos seria feito segundo o mérito e de acordo com o currículo profissional.

Se eu fosse o Presidente da República a estratégia da segurança nacional seria garantida pelas Forças Armadas Angolana formada por um efectivo profissionalizado e suportado por uma indústria militar capaz de colaborar activamente para sua auto-suficiência nacional e regional a médio e longo prazo.

Se eu fosse o Presidente da República Angola daria passos seguros para que a médio e logo prazos se transformasse numa verdadeira potência regional nos seus mais variados aspectos com destaque para as áreas económicas (mineral, agrícola, industrial e financeira), militar, científica e tecnológica.

Se eu fosse o Presidente da Republica a justiça angolana seria reformulada na sua forma e conteúdo.
Os juizes finalmente seriam independentes e a “iustitia” faria morada entre nós marcando o fim das “ordens superiores” no poder judicial.


Criaria o Tribunal Eleitoral e a justiça constitucional seria revista na perspectiva de ser “ a resposta mais promissora para o problema da opressão do governo”, no dizeres de Ángel Cappelletti.

Se eu fosse o Presidente da República o sonho e a grandeza dos angolanos não seriam meras utopias.


Lazarino Poulson