Luanda - E se no dia 11 de novembro de 1975, antes houvesse eleições com base em sufrágio universal e aí então, estivesse a proclamar a independência o candidato mais votado entre as três figuras políticas que estiveram envolvidas na negociação da independência da Angola? E se dai fosse elaborado o PLANO NAÇÃO, que seria o Comprometimento de todos para com a nação, o guia orientador das políticas económico-social e cultural de Angola, e dos valores, para a identidade, unidade e desenvolvimento da Nação?

Fonte: Club-k.net

E se os vencedores e os vencidos fossem estes e os seus apoiantes mais patriotas que partidários e mais angolanos e africanos na sua essência antropológica que políticos nos seus actos, cuja origem remete-nos em lugares e contextos, diferentes da nossa maneira africana de tomar a dianteira em cuidar dos assuntos do clã, da aldeia, do reino, dentro daquilo que é a nossa prática e maneira de fazer “política”?


E se estando num regime democrático de facto, onde a esfera de interesse de qualquer político e dos seus apoiantes que concorressem ao poder pela via do voto fosse a felicidade e o bem-estar de todos os angolanos, criássemos o sentimento de dever, a honra e a dignidade como valores essências para o merecimento da excelência?


E se o acto de renunciar a qualquer cargo público nos fosse imposta pela nossa consciência dentro dos valores e princípios que aceitássemos adotar enquanto NAÇÃO e sempre que na esfera da nossa actuação existissem erros gravíssimos que lesassem a PÁTRIA ou o bem maior, a VIDA, a renúncia ao cargo com pedidos de desculpas públicas por ter falhado na participação da construção da NAÇÃO JUSTA e FELIZ com base no guia orientador o PLANO NAÇÃO, devesse ser um acto ético, simplesmente normal?


E se a educação acadêmica fosse acima de tudo um processo, dentro de uma cultura de desenvolvimento social e científico (E não a via exclusivamente para a empregabilidade e assalariamento), e os centros de investigação científica, as escolas de base, médio, universidades e centros profissionais fossem prioridade na alocação de verbas do OGE?


E se cargos de maior posição quer seja no governo (ministros etc..), quer seja em partidos políticos (deputados) não fossem considerados os de maior destaque na vertente remuneratória, mas sim serviços à pátria?


E no entanto, à actuação do cidadão enquanto profissional em áreas como engenharias, saúde, educação, polícia, forças armadas, limpeza e saneamento, operário fabril etc… que fazendo acontecer a dinâmica da economia e a ordem e segurança pública tivesse maior impacto na condição social destes cidadãos, quanto ao bem-estar e a felicidade?


E se os partidos políticos não tivessem o espírito clubístico de adversários, e a política em si não fosse um jogo onde vale tudo, mas sim a forma do cidadão dar o seu contributo para o fim maior, O BEM-ESTAR E A FELICIDADE DE TODOS, e daí o partido político deixasse de ser uma instituição que congrega milhares de cidadãos e passasse a ser apenas mais um dos instrumentos de se atingir o poder político?


E se deixássemos de instrumentalizar a vida, o amor ao próximo, o sentimento patriótico, e a visão de pertença de todos e que todos devem beneficiar-se dos recursos da pátria e viverem em pleno BEM-ESTAR E FELICIDADE, com discursos e formas de ser e de estar na política que em nada reflecte o sentimento de justiça e solidariedade social, características humanas que existem dentro de nós antes mesmo do homem ater-se a política como instrumento na tentativa de atingir a JUSTIÇA , O BEM-ESTAR E A FELICIDADE DA COLECTIVIDADE?

E se, fôssemos menos egocêntricos, conflituosos, menos dados a rixa e a ódio, seja lá qual for a nossa condição e posição na esfera social e nos revestíssemos das virtudes enquanto a essência fundamental do ser humano, e daí surgisse as grandes referências (personalidades), de uma sociedade espiritualmente elevada?


E se resgatássemos a nossa filosofia Ubuntu, como parte fundamental da antropologia do homem africano e assim assumíssemos a nossa identidade na forma de ser e de estar como um estado africano de povos africanos?


E se, tudo quanto foi considerado acima não se tratasse de uma mera visão utópica, mas de realidades, que ao longo de décadas várias nações foram se construindo, munidos de um espírito de pertença colectiva, revestiram-se da identidade, unidade e cultura. Considerando o PLANO NAÇÃO o guia orientador e as virtudes enquanto a essência fundamental do ser humano a chave necessária para a abertura da porta do desenvolvimento da nação e naturalmente o BEM-ESTAR E A FELICIDADE DA COLECTIVIDADE?

PODEMOS daqui concluir que, há a necessidade enquanto nação de nos congregarmos para reflectirmos e discutirmos sobre a condição que se encontra a nação. E questões como; em que bases se assentam a nossa identidade, a nossa cultura e valores? Existe unidade da nação pela definição da filosofia Ubuntu? O que estamos a construir e deixaremos para as nações vindouras como prova da existência da nossa nação?
Face a isso, o estado tem aqui a responsabilidade de apelar a todas as entidades quer sejam políticas, religiosas e sociedade civil, para uma ampla reflexão com a finalidade de se produzir o PLANO NAÇÃO, elemento necessário a identidade, unidade e desenvolvimento da Nação.


PELO QUE, sem um PLANO NAÇÃO que representa o pacto da nação, o comprometimento de todos para com a nação, a vontade comum. Independentemente das alternâncias dos poderes soberanos, o BEM-ESTAR E A FELICIDADE DA COLECTIVIDADE, continuará a ser uma UTOPIA.


Emanuel Ingue
Luanda,20/07/2022