Luanda - Muitos Dirigentes, Quadros e Militantes da UNITA devem lembrar-se ainda desta Tese, intitulada: Qual é a Nossa Força? Essa Tese foi protagonizada por Dr. Jonas Malheiro Savimbi na Conferência Diplomática de Quadros que teve lugar na localidade de Luiana (Kwame Nkrumah), na margem do Rio Cuando, em 1989. Isso aconteceu no período que precedeu uma série de actividades diplomáticas e militares que embocaram nos Acordos de Bicesse, em Portugal.


Fonte: Club-k.net

Cultura da UNITA é o fruto da Escola do Pensamento do Jonas Malheiro Savimbi

Na altura, a conjuntura interna e externa era caracterizada por um cenário bastante turvo, cheio de incertezas, resultantes de intensas actividades diplomáticas e militares, caracterizadas pela queda do Muro de Berlim, pelo desmembramento do Império Soviético, pela Independência da Namíbia, pela libertação do Nelson Mandela e pela retirada das tropas Cubanas de Angola, alcançados através do «Triplo Zero», dos Acordos de Nova Iorque.


A “Visão Estratégica” do Presidente Jonas Malheiro Savimbi, ao abordar esta Tese, na Conferência de Quadros, não consistia apenas em avaliar objetivamente a conjuntura global do país e da comunidade internacional, daquela época conturbada, mas sobretudo, visava essencialmente destacar a «essência» de estabelecer previamente (a priori) os conceitos e os métodos científicos para fazer um Estudo detalhado e uma Análise profunda sobre a hipótese do surgimento da nova ordem mundial.


Nesta lógica, devemos saber que, o «método» é o modo de proceder, é o processo técnico-científico de cálculo ou de experimentação, que tem como objectivo atingir um resultado. Para alcançar este resultado deve existir um certo grau de correlação entre o Conceito (noção ou juízo) e o Método, para que haja consistência e objetividade no processo da pesquisa, da avaliação e da análise. Pois, a Noção (intuição) preliminar de alguma coisa, embora seja abstrata, mas ajuda em manter a serenidade, ter uma mente aberta e não ter preconceitos desviantes durante o período que ocorre a pesquisa, o estudo e a análise.


Noutras palavras, a Tese que ficou acima exposta, não se orientou apenas na base dos princípios da Realpolitik (pragmatismo ou realismo político), mas sim, na abordagem profunda dos factores endógenos e exógenos da realidade angolana. Pois, na altura existia dois Estados, dentro de um Estado, que tinham territórios bem definidos, administrados separadamente, com sistemas políticos distintos, gozando a legitimidade política, como sujeitos do Direito Internacional, reconhecidos formalmente pelas Nações Unidas e pela Troica dos Observadores. Veja que, na altura, a Jamba tinha sob sua administração 70% do território nacional; ao passo que, 30% do território nacional estava sob controlo do Governo de Luanda, ao longo do Oceano Atlântico.


Esta abordagem estratégica foi largamente discutida no seio dos Quadros a fim de perceber a conjuntura, a sua dimensão e alcance, as implicações, as vantagens e as perspectivas deste “novo quadro” que estava a desenhar-se, com o potencial enorme de alterar o status quo e a correlação de forças. Na verdade, como sabemos agora, o seu impacto foi tremendo, que justificou a preocupação do Presidente Jonas Savimbi de trazer este tema ao debate da Conferência de Quadros – políticos, militares e diplomatas.


Nesta senda, no decurso daquele período, em todos momentos, a atenção do Presidente Jonas Malheiro Savimbi estava virada para a Nova Ordem Mundial, que era notável em todos os círculos diplomáticos. Por isso, uma boa parte dos seus pronunciamentos públicos e dos discursos internos (que abundam a mídia social) foram feitos na base das reflexões profundas, com fim de expor o seu raciocínio e a sua visão estratégica sobre o futuro de Angola, que era a sua preocupação principal, à qual dedicou toda a sua vida.


A verdade é que, o Presidente Jonas Malheiro Savimbi tinha uma capacidade extraordinária de antecipar e prever as coisas com o máximo de clareza. Ele passava dias e noites a pesquisar, analisar, cruzar dados fiáveis, apurar os factos e fazer todos os esforços possíveis para perceber o fenómeno antes de tomar medidas concretas e traçar uma estratégia viável. Pois, Jonas Savimbi era um homem imponente, de convicções profundas, com espirito critico, minucioso na planificação, e que não tomava empiricamente as decisões fulcrais sem fazer uma análise profunda, com dados concretos.


Por isso, nos dias de hoje nota-se claramente a profundidade, a objetividade, a consistência, a lucidez, a perspicácia e a actualidade dos seus discursos e pronunciamentos sobre a realidade de Angola que vivemos hoje. Aliás, na apresentação da Tese, em Luiana, Jonas Savimbi enfatizou o facto de que, por falta de fazer um estudo minucioso e profundo para apurar os factos e determinar as suas capacidades, isso pode conduzir ao seguinte cenário: de um lado, ficar a quem das suas capacidades sem poder optimizar o seu potencial para alcançar os objectivos desejados; de outro lado, pode fazer uma estimativa por cima das suas capacidades e depois sofrer retrocessos ou derrotas.


Por isso, uma avaliação completa e substancial permite agir de modo segura, eficiente, eficaz e efectiva, evitando cair em erros de cálculos, que geralmente causam prejuízos enormes. Por isso, é imperativo entrar no âmago do problema para percebe-lo na profundidade e medir as capacidades de todas as partes envolvidas de modo a permitir obter um quadro real do contexto, que permita traçar uma estratégia consentânea.
Em termos científicos, a avaliação de um fenómeno passa por uma atitude equidistante (logo na fase inicial), ter a mente aberta, sem ter preconceitos, buscar factos, interpretá-los fielmente, tirar conclusões objectivas e buscar soluções adequadas.


Convém notar que, se o procedimento for empírico, parcial ou superficial, o resultado do estudo e da análise será errado e as medidas tomadas não corresponderão à realidade. Todavia, por natureza, este contexto superficial poderá pendurar durante algum tempo, mas na medida em que as coisas amadurecer a base de sustentação deste fenómeno estará igualmente no processo gradual de erosão, que conduzirá ao desmoronamento.


Para resumir o meu raciocínio sobre está Tese, de ordem instrutiva, gostaria de afirmar que, no decurso deste período, desde 2002 até agora, a consciência patriótica do povo angolano cresceu substancialmente. Nisso, constata-se uma postura resiliente, assente na cidadania, que está a quebrar os tabus ideológicos e étnico-culturais, que serviram de instrumentos da alienação sociocultural, da exclusão política, da eternização do poder estatal e do enriquecimento ilícito da classe dominante.


Neste respeito, quando fazer uma observação atenta será fácil dar conta que, o Pensamento Estratégico do Presidente Jonas Malheiro Savimbi serviu de alavanca e do factor catalisador da transformação da cidadania e da tomada de consciência dos angolanos. Creio que, isso deveu-se à dimensão da sua visão política e à postura digna do seu Partido e dos seus Quadros, que souberam valorizar e interpretar correctamente o seu Pensamento Estratégico, que se afirmou gradualmente no seio da sociedade angolana.


O alcance do Pensamento do Jonas Malheiro Savimbi ficou percebido antecipadamente pelo Regime, que logo em 2002, intensificou o combate cerrado, usando vários mecanismos. Porém, isso teve uma reacção inversa, como bumerangue, que deu voltas, despertando a consciência das pessoas, atingindo profundamente a imagem do Regime, que estava fortemente abalada pela corrupção, pela má gestão do erário público e pela má-governação. Tudo isso estava bem diagnosticado por Jonas Savimbi, apesar da diabolização feita como forma de ocultar e denegrir a sua visão política.


Na verdade, muita gente não tem uma mínima noção de que, a Cultura da UNITA é o fruto da Escola do Pensamento do Jonas Malheiro Savimbi, feito através do trabalho aturado de muitas décadas da formação de Quadros políticos, militares, administrativos, técnicos e diplomatas. Veja que, além de ser o Líder do Partido, Jonas Savimbi foi um professor, um formador e um educador aplicado, dinâmico, assíduo, dedicado, exigente e sempre presente nas salas de aulas e noutros fóruns de formação e de educação política, diplomática, militar e literária. Acima de tudo, o Pensamento do Jonas Savimbi está bem presente na sociedade angolana, criou raízes profundas em todos os sectores, tais como na academia, nas forças armadas, na polícia, na função pública, na sociedade civil, e sobretudo, nos Musseques (subúrbios ou bairros periféricos dos centros urbanos) onde a população local vive na indigência e na pobreza extrema, em condições desumanas.


Enfim, a mudança do regime tornou-se uma exigência e um desiderato nacional, e tem a ressonância forte na consciência da maioria dos angolanos, cuja afirmação deve ser aceite naturalmente pelo regime, para que, os seus frutos sirvam de pressupostos da estabilidade política, do bem-estar social, do desenvolvimento sustentável e do crescimento económico equilibrado, que deve beneficiar todos os estratos sociais da sociedade angolana, na base da cidadania, do trabalho, da produção, da produtividade, da prestação de serviços, da solidariedade, do mérito e da meritocracia.


Portanto, a Frente Patriótica Unida (FPU), que integra no seu seio todas as forças patrióticas do país, de diversas orientações políticas, ideológicas, cívicas e religiosas, é o “protótipo” da expressão mais profunda da «cidadania» e do nacionalismo consciente e libertador, para a construção de uma Nação feliz e prospera – de todos, para todos e por todos. Porém, em função da Tese desta Reflexão, os Líderes da FPU, além de galvanizar as grandes massas dos eleitores, que se alastram por todo o país, devem ser igualmente vigilantes e reforçar, afinar, calibrar e atualizar constantemente os mecanismos de assegurar a transparência do escrutínio e a integridade do voto. Pois, na democracia, o “Voto” constitui o factor fundamental e determinante do Poder, é a FORÇA do Povo, e é a “fonte legal” do exercício da Autoridade Pública.