Luanda - Trata-se de Tomás Kiabicula Alberto, 45 anos de idade, por sinal, irmão da esposa do embaixador de Angola no Reino de Marrocos, Baltazar Diogo Cristóvão, em missão diplomática naquele país Árabe do Norte de África, que está a ser acusado de ter alegadamente abusado sexualmente de uma jovem angolana (Kwayela - de nome fictício), funcionária e assistente consular na embaixada angolana, apurou a investigação Club-K Angola, junto de uma fonte consular que desde 2020 se compadece com a dor e trauma da vítima de 33 anos.

Fonte: Club-k.net

De acordo com a mesma fonte, que acompanha o processo número 2022/2639/51, em julgamento, em um tribunal de Rabat, capital de Marrocos, a audiência prevista para o passado dia 8 de Julho do corrente ano terá sido adiada para o dia 9 de Setembro de 2022, sem justificação sobre o adiamento pelas autoridades de justiça marroquinas, sendo que o escândalo sexual que envolve o quadro do Ministério das Relações Exteriores de Angola (MIREX) ocorreu em 2020.

A fonte revela que após o abuso sexual protagonizado por Tomás Alberto, a jovem apresentou queixa à irmã do acusado – embaixatriz- e ao cunhador do mesmo –embaixador-, familiares com quem o indivíduo morava, mas estes partiram em defesa do violador, maltratando a vítima por termos ofensivos, desprezo, e, até ao fim de ser expulso como funcionária da embaixada. Razão pela qual, para ver a sua honra e dignidade respeitada, a jovem apresentou queixa aos órgãos de justiça de Marrocos, onde o caso está a ser julgado, mas sem qualquer assistência de alguma autoridade angolana, quer em Marrocos como a partir de Angola.

A expulsão da jovem da embaixada por orientação o embaixador Baltazar Cristóvão, em defesa do seu cunhado, segundo disse a fonte, pedindo anonimato, é entendida como retaliação contra a vítima, pelo facto desta ter denunciado o caso à polícia marroquina, onde o arguido já foi ouvido, uma vez que o casal de embaixadores havia implorado à mesma para não revelar o sucedido a ninguém de modos a salvaguardar o bom nome de Angola naquele país, com a promessa à vítima de que o casal diplomata resolveria o caso com o violador-confesso de modo familiar e amigável. Mas tudo não passou de uma simples promessa.

O interlocutor avançou ao Club-K, que quando o embaixador chegou a Marrocos, saído de Angola onde esteve por alguns dias, ao tomar conhecimento de que a vítima havia denunciado o caso à polícia local, convocou todos os funcionários da embaixada e mandou exarar um documento como medida disciplinar contra a vítima sexual de seu cunhado, orientando suspensão de todas as suas funções e acesso à embaixada, onde trabalhava há nove anos, alegando conduta indecorosa como justa causa da sua expulsão, para que a jovem não levasse a informação às autoridades angolanas de modo formal e oficial. O documento ora lavrado, diz a fonte testemunha, foi assinado por todos funcionários presentes na embaixada, mas a vítima recusou-se a assinar o respectivo documento quando soube que não teria direito à uma cópia do mesmo.

A jovem foi a Marrocos com objectivo de concluir a sua formação académica, em 2012, onde mais tarde, em 2013, viria ser enquadrada na embaixada de Angola naquele país.

Coagida a retirar a queixa da polícia criminal de Marrocos contra o seu agressor, ao não aceitar, a testemunha revela o seguinte; “Ela foi chamada de bandida, desprezada por lhe acusarem que ela assediou o Tomás e expulsa dos serviços da embaixada, porque o embaixador e a sua esposa pediram para ela abafar o caso, não contar aos médicos nem à polícia criminal e ela não aceitou. Até hoje eles estão a pagar para abafar o caso e para o moço não ir preso”, lamenta a fonte.

Porém, sustenta a fonte, o violador Tomás Alberto que perante a justiça daquele país e aos familiares diplomatas confessou o crime sexual praticado contra a sua colega na embaixada angolana em Marrocos, continua impune sob alegada protecção de seu cunhado, embaixador Baltazar Cristóvão, de quem é motorista protocolar, e de sua irmã, a embaixatriz.

“E ele não foi preso porque o embaixador orientou dois funcionários da embaixada, do recrutamento local e o chefe do protocolo, um senhor marroquino”, afirma.

Por consequência do abuso sexual, a vítima sofre de vários problemas de saúda de fórum infeccionoso, por quanto terá sofrido cerca de oito meses de hemorragia, sob cuidados médicos, após o diagnóstico que também determinou violação sexual agressiva sendo que, depois de informado, o violador, tendo assumido o crime, deu para assistência médica à jovem qualquer coisa como 50 mil kwanzas, na moeda angolana.

Desde então, Tomás Alberto, quadro do MIREX, nunca mais se importou sobre o estado actual de saúde da sua “presa” de quem diz ter praticado o acto por amor, e deseja manter a continuidade amorosa com a mesma. Todavia, a jovem diz, segundo a fonte, nunca ter efecto amoroso pelo mesmo, uma vez que o indivíduo é pai de sete filhos em Angola, sendo quatro dos quais com mulheres diferentes.

Como chegou à vítima

Pois então, disse a mesma fonte, o plano do suposto predador levou muito tempo para ser consumado, desde 2019, altura em que este chega a Marrocos com o seu cunhado para trabalhar como motorista, em fase da pandemia da Covid-19, quando a jovem frequentava a casa do embaixador, a convite da embaixatriz, sendo ela também filha de um diplomata que havia terminado a missão naquele país, mas deixou lá ficar a filha, que havia chegado em 2012, para concluir a sua formação académica, actualmente com dois títulos de mestrado, a viver com uma das suas sobrinhas.

“No período da pandemia, nós não trabalhávamos todos os dias e às vezes nem íamos para o trabalho, refiro-me ao do recrutamento local. Só os chefes iam sempre, pois então a embaixatriz lhe convidou para ir passar uma temporada em sua casa”, lembra a fonte.

A fonte alega que após a vítima ter recebido notícias sobre o falecimento de sua avó, em Angola, angustiada, preferiu ficar com o telefone desligado por mais de uma semana em sua casa solitária. Passado algum tempo, ao ligar o seu telemóvel recebe algumas mensagens via WhatsApp, “na qual uma delas era do irmão da embaixatriz falando muita coisa, uma delas foi que a irmã orientara ele ir a busca da jovem e sua sobrinha, acabada de chegar de Angola, a pedido da embaixatriz para ficar uma temporada com eles, visto que ambas haviam perdido um membro especial da família.

“Ela sempre foi bem recebida pela família do embaixador, longe de pensar que um dia viria ser vítima da mesma residência oficial em que se considerava família no estrangeiro, ainda no período da missão de serviço de seu pai”, recorda.

“Ela já estava a fazer o seu segundo mestrado, apesar dos pesares estava a estudar muito bem”, disse o seu colega ao Club-K.

De acordo com os relatos, já na residência oficial do embaixador onde a embaixatriz havia dispensado um quarto de hóspedes para a jovem (que mais tarde viria ser vítima de seu irmão), onde dormia com a sua sobrinha, na condição de visitantes, o violador frequentava sempre no período da manhã, tarde e de noite, para fazer declarações de amor a sua futura presa, garantindo que se a mesma aceitasse namoro consigo, deixaria a sua mulher em Angola, para se casar com ela. Mas, a resistência em não o aceitar, até porque o considerava família, casado pai de sete filhos, seu mais velho de 13 anos, acrescido o número de namorados que este tem em Marrocos e porque não tinha afecto pelo mesmo, fê-lo partir para um plano B, aliciamento com bens materiais.

Entre as inúmeras e aliciantes promessas para a convencer a sua colega, esclarece a fonte, o indivíduo garantia vida luxuosa e assistir/custear todas as suas despesas no estrangeiros assim como a formação da sobrinha com quem a vítima vivia. Ainda assim, por sua própria honra e dignidade, “Kwayela - propositadamente nome fictício que a atribuímos”, não se deixou levar. O suposto predador acionou definitivamente o plano C, sexo forçado.

Pois então no final do mês de Maio de 2020, de acordo com documento em posse do Club-k, o indivíduo fez a primeira tentativa de violação dirigindo-se à madrugada no quarto onde a vítima se encontrava a dormir em companhia de sua sobrinha, enquanto os dois filhos da embaixatriz, seus sobrinhos, estavam em uma das salas a ver filme. Mas esta falhou quando a jovem despertou-se do sono aos gritos, quando Alberto estava pronto a fazer a penetração, este foge do quarto de hóspedes para um outro compartimento.

O que foi confirmado no dia seguinte pelos sobrinhos de 18 anos, a data dos factos, é de que o tio Tomás Alberto os tinha mandado ir dormir, e ele ficou no quarto a fingir de estar a dormir. Depois de ter vigiado o quarto de hóspedes por duas vezes, na terceira ao ver que a sobrinha da jovem também estava supostamente a dormir, pretendia consumar o acto sexual forçado. Só que, a sobrinha, na altura aos 21 anos, também despertou e testemunhou os movimentos intencionais do violador. Tendo este pedido desculpas no dia seguinte à jovem. Por esta razão, a jovem e a sua sobrinha abandonaram a casa do embaixador onde estavam há dois meses por uma temporada a pedido da embaixatriz, e regressaram para o seu próprio apartamento.

Por obrigação de sua irmã, embaixatriz, conta a fonte, o indivíduo teria ido à embaixada onde a jovem trabalhava para se desculpar pela sua intenção, mas ele não parou por aí. Conforme a fonte, estudou novos métodos para conseguir realizar o violento desejo contra quem, já demonstrando que nada quis com ele, senão apenas amizade afectiva que reinava entre as duas famílias. Embora a tivesse aliciado com fundos e mundos, nem pintado de ouro a jovem queria arriscar um compromisso amoroso com o indivíduo.

Por consequência disso, a jovem havia deixado de falar com o indivíduo, cortou toda confiança e proximidade, mas a embaixatriz fez as pazes entre os dois, implorando à jovem para voltar a frequentar a casa e manter uma relação amigável com a família.

Mas, menos conformado com o plano falhado, voltou a armadilhar a coitada jovem, mas desta vez já em sua própria casa. Num ambiente de festa por ocasião do aniversário da jovem, no mês de Outubro de 2020, organizada na casa do mesmo cidadão, no final foi triste para a mesma. O suposto predador esperou todos os convidados saírem, quando a jovem pediu para levar o material da festa para o seu apartamento, o violador trancou a jovem no seu quarto e praticou a violação sexual, segundo a fonte, bastante violento que a deixou sequelas de saúde até a presente data.

Em face a este escândalo sexual, procuramos ouvir a todo custo ouvir os envolvidos neste processo que envolve dois quadros funcionários do Ministérios das Relações Exteriores na embaixada de Angola no Marrocos, mas até ao fecho desta edição não fomos bem sucedidos. Prometemos trazer mais dados em relação a este dossier nas próximas edições.